O alargamento é frequentemente discutido como a política externa mais eficaz da UE, mas após a adesão do maior número de novos membros, em 2004, o processo estagnou quase por completo.
Num debate moderado pela Euronews em Davos, os primeiros-ministros da Croácia e do Montenegro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia e a comissária europeia para o Alargamento debateram formas de a UE reavivar o processo de alargamento.
A invasão da Ucrânia pela Rússia trouxe um novo sentido de urgência às negociações de adesão do país à UE. Mas o processo tem sido bastante lento. Os pedidos de adesão de alguns dos candidatos estão parados há mais de uma década. A comissária europeia para o Alargamento, Marta Kos, ite que, desde a adesão de dez países à União, em 2004, e a mais recente adesão da Bulgária, da Roménia e da Croácia em 2013, as perspetivas económicas e geopolíticas mudaram radicalmente.
"Naquela altura, a importância de entrar na União Europeia era cada vez maior, tal como o reforço da mesma", disse Marta Kos, acrescentando que o Estado de direito se tornou um aspeto importante.
"Há certos países na União Europeia que não estão a respeitar o Estado de direito. E, temos assistido a um certo receio por parte de muitos dos Estados-Membros de que isso possa prejudicar a União Europeia. Sentem que só devemos deixar entrar países que estejam totalmente preparados para o fazer, e não apenas do ponto de vista económico."
Ao partilhar a experiência com o primeiro-ministro do Montenegro e com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, o primeiro-ministro croata Andrej Plenković salientou que, apesar de o país ter demorado muito tempo a aderir à UE em 2013, o escrutínio rigoroso valeu a pena. "O impacto económico e no desenvolvimento, as infraestruturas, os valores, o Estado de direito e tudo o que lhe está associado, foram muito valorizados pelos cidadãos croatas e pela sociedade, e o país está muito diferente. Muito melhor, diria eu."
Entre os nove países candidatos, o Montenegro pode ser considerado o mais adiantado no processo de adesão. O primeiro-ministro do país afirmou que o plano permanece igual: concluir as negociações até ao final de 2026 para que "em 2028 se torne o 28.º Estado-Membro".
No entanto, Milojko Spajić insistiu que o processo de adesão à UE não é "uma competição" e negou que a aceleração da candidatura da Ucrânia tenha causado rancor entre outros candidatos à adesão. "Nós adoramos", disse Spajić. "E queríamos que fosse ainda mais rápido."
Andrii Sybiha, ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, acrescentou que a UE "não está a fazer um favor ao país", porque acredita que a Ucrânia "irá tornar a UE mais forte", graças à experiência do país no campo de batalha e à tecnologia e indústrias de defesa.
"Se falarmos de um alargamento a nove países, o custo será de aproximadamente 0,17 % do PIB da UE", afirmou.
Para o Montenegro e a Ucrânia, 2025 é um ano de muita expectativa, no qual ambos os candidatos esperam fazer mais progressos. Segundo Marta Kos, a Polónia e a Dinamarca poderão ter "as melhores presidências [do Conselho da UE] no que diz respeito ao tema do alargamento".
O primeiro-ministro croata, Andrej Plenković, sublinhou que "há muito tempo que não via uma atitude tão positiva em relação ao alargamento" por parte dos chefes de Estado e de Governo.