Musa Abu Marzouk disse que o Hamas poderia "dar prioridade à libertação dos dois cidadãos russos reféns, mas como parte de um acordo de troca com Israel".
O chefe-adjunto do gabinete político do movimento radical islâmico Hamas, Musa Abu Marzouk, chegou a Moscovo para uma visita. Na quarta-feira à noite, o vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros e representante especial do presidente russo para o Médio Oriente, Mikhail Bogdanov, discutiu com ele a situação na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns que são cidadãos da Federação Russa, informou o site do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
"Durante a conversa, discutiram a situação militar e política emergente na Faixa de Gaza, com destaque para a crise humanitária que atingiu proporções catastróficas. Ao mesmo tempo, a parte russa prestou especial atenção ao problema da rápida libertação dos reféns que são cidadãos russos. Durante a troca de pontos de vista sobre a necessidade de restabelecer a unidade nacional palestiniana, foi confirmada a disponibilidade da diplomacia russa para continuar a promover a consolidação das forças e movimentos políticos palestinianos na plataforma política da OLP (Organização de Libertação da Palestina)", refere o relatório.
Numa entrevista aos meios de comunicação social estatais russos, Musa Abu Marzouk disse que o Hamas poderia "dar prioridade à libertação dos dois reféns russos, mas como parte de um acordo de troca com Israel". Segundo Musa Abu Marzouk, os dois russos estão na Faixa de Gaza, são ambos militares e um deles, Alexander Trufanov, está detido pelo movimento radical islâmico Jihad Islâmica, tendo sido capturado durante os combates. No entanto, os meios de comunicação israelitas indicam que Alexander Trufanov foi capturado no Kibbutz Nir Oz com familiares durante o brutal ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
Musa Abu Marzouk afirmou que o segundo dos cidadãos russos que permanecem com o Hamas é Maxim Harkin. Marzouk afirma que a família de Harkin "viajou para a Rússia e obteve a cidadania para ele, para que a Rússia os ajudasse a libertá-lo".
O Hamas pediu à Rússia para pressionar o presidente do movimento Fatah e do comité executivo da OLP, Mahmoud Abbas, que participa na cimeira dos BRICS em Kazan, para iniciar conversações sobre um governo de unidade. Abbas encontrou-se com o presidente russo Vladimir Putin na quarta-feira.
Moussa Abu Marzouk disse que o Hamas não está a pedir ajuda militar à Rússia, "mas precisa realmente da ajuda da Rússia, quer seja humanitária ou de apoio no Conselho de Segurança da ONU".
Abu Marzouk é considerado pelo governo dos EUA como um "terrorista global de especial importância".
O grupo Hamas é reconhecido como uma organização terrorista nos EUA, na UE, no Reino Unido, no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia, em Israel, na Argentina, no Japão e no Paraguai. O grupo Jihad Islâmica é reconhecido como organização terrorista na Rússia, nos EUA, na UE, no Reino Unido, no Japão, no Canadá, na Austrália, na Nova Zelândia e em Israel.
O Hamas e Moscovo mantêm relações a-tivas. Apenas duas semanas após o sangrento ataque terrorista em Israel, uma delegação do Hamas deslocou-se a Moscovo. Na altura, a parte israelita condenou veementemente a visita. O Hamas também apoia a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia.
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu opõe-se à participação da Autoridade Palestiniana liderada por Abbas na istração da Faixa de Gaza. A Fatah controla a Cisjordânia, enquanto o Hamas controla a Faixa de Gaza.