As alterações à doutrina nuclear pretendem desencorajar os países ocidentais a autorizarem Kiev a utilizar armas de longo alcance contra alvos na Rússia.
A revisão da doutrina nuclear do Kremlin tem como objetivo desencorajar os países ocidentais a apoiarem um ataque à Rússia, disse o porta-voz do Kremlin, Dimitry Peskov, na quinta-feira.
Peskov afirmou que as alterações introduzidas na doutrina devem ser consideradas como um "aviso" pelos aliados da Ucrânia, e indicou que possíveis ataques contra a Rússia terão "consequências".
As alterações efetuadas na quarta-feira, durante uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, confirmaram que qualquer ataque à Rússia apoiado por uma potência nuclear seria considerado um "ataque conjunto" ao país.
A alteração visava desencorajar os países ocidentais a darem autorização à Ucrânia para utilizar as suas armas de longo alcance para atingir alvos dentro da Rússia - algo que poderia constituir uma grave escalada do conflito.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, tem insistido na autorização de Washington para a utilização de armas, mas a istração Biden pediu à Ucrânia que, primeiramente, definisse mais claramente os seus objetivos de combate.
Rússia ameaçou várias vezes atacar centrais nucleares na Ucrânia
Desde a invasão total da Ucrânia em 2022, tanto o presidente russo, Vladimir Putin, como outras vozes do Kremlin ameaçaram várias vezes o Ocidente com consequências nucleares, de modo a desencorajar o apoio a Kiev.
Na quinta-feira, Putin excluiu a possibilidade de especificar se um tal ataque seria objeto de uma resposta nuclear, afirmando, em vez disso, que a Rússia poderia utilizar armas nucleares para um ataque que representasse uma "ameaça crítica" à sua soberania.
Putin referiu que a doutrina revista especifica as condições para a utilização de armas nucleares, de forma mais pormenorizada, acrescentando que estas poderiam também ser utilizadas em caso de ataque aéreo - uma alusão ambígua ao facto do Ocidente autorizar ataques com mísseis de longo alcance.
No início deste mês, Putin avisou os EUA e outros aliados da NATO que permitir que a Ucrânia utilize armas de longo alcance fornecidas pelo Ocidente para atingir o território russo colocaria a Rússia e a NATO num conflito direto.