Se alguns se mostraram maravilhados com a cerimónia absolutamente inédita realizada no Sena e junto à Torre Eiffel, outros apontaram o "wokismo" e o pretenso "mau-gosto" de alguns quadros.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 arrancaram com uma cerimónia de abertura realizada pela primeira vez fora de um estádio - no rio Sena, em Paris, que misturou grandiosidade com todo o tipo de extravagâncias: Lady Gaga, Gojira (primeira banda de metal a tocar nuns Jogos Olímpicos), um momento inesquecível com o regresso de Céline Dion (e que regresso!), quatro anos depois de ter cantado em público pela última vez, cavalos mecânicos, um piano em chamas, um acrobata portador da chama olímpica, Maria Antonieta decapitada, drag queens, enfim... se há algo se pode dizer desta cerimónia é que primou pela originalidade e pela inovação. Tudo debaixo de uma chuva intensa, sem que isso tenha estragado a festa. Uma coisa é certa: nunca se tinha feito nada assim.
O momento mais alto aconteceu quando a chama olímpica (que, na verdade, é constituída por luz e vapor) foi acesa numa estrutura em forma de balão de ar quenteque se eleva sobre Paris. Depois de ter ado pelas mãos de Zinédine Zidane, Rafael Nadal, Serena Williams, Nadia Comăneci, Carl Lewis e outros atletas de grande renome, foram Marie-José Pérec e Teddy Riner quem acendeu a chama.
Os telespetadores assistiram a um espetáculo em que o Sena funcionou como um enorme palco, com atuações em pontes e telhados.
A cerimónia dividiu as opiniões entre os políticos da Europa: Se para muitos foi algo de maravilhoso, outros, sobretudo na extrema-direita, apontaram o que dizem ser o mau-gosto das escolhas artísticas, em particular um quadro que recriava a Última Ceia.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, publicou no X que o evento celebrava “a cooperação global, a solidariedade, a justiça e a perseverança atlética”.
O Chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que a cerimónia foi “única” e desejou boa sorte à equipa olímpica alemã nos próximos jogos.
Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, elogiou a atuação da compatriota Céline Dion, chamando-lhe uma atuação que “nunca esqueceremos”.
Críticas mistas
Por outro lado, as críticas à cerimónia não foram tão positivas. Vários utilizadores das redes sociais consideraram a cerimónia “bizarra” e criticaram a decisão de realizar a cerimónia no Sena em vez de num estádio, onde tradicionalmente se realiza.
Uma das críticas do jornal britânico The Guardian à cerimónia, que considerou “irregular”, teve a ver com a chuva, que continuou durante várias atuações e constituiu uma distração.
O jornal americano New York Times resumiu o espetáculo num título que dizia: “Cerimónia de abertura falha o barco”.
Em França, o diário Le Monde considera que o diretor do espetáculo, Thomas Jolly, apresentou “um espetáculo imersivo numa capital transformada num palco gigantesco”.
O Le Figaro, de direita, foi menos elogioso, afirmando que algumas partes do espetáculo eram “demasiado exageradas” e que a recriação da Última Ceia de Jesus e dos seus apóstolos em frente a um desfile de moda foi “desnecessariamente provocadora”. O jornal faz eco das críticas que a política Marion Maréchal, neta de Jean-Marie Le Pen, publicou no X:
A cena da Última Ceia, por si só, gerou reações maciças nas redes sociais, com alguns utilizadores a considerarem-na de mau-gosto, tal como o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, que a apelidou de “desprezível” e humilhante. A cena mostrou o cantor Philippe Katerine, vestido para parecer estar completamente nu e com o corpo pintado de azul, a incarnar o deus grego Diónisos perante uma "Última Ceia" composta por modelos e drag queens.
Os Jogos, que são os primeiros Jogos Olímpicos de verão de Paris num século (a capital sa tinha-os organizado pela última vez em 1924), decorrem até 11 de agosto de 2024.