Marie-Agnes Strack-Zimmermann, uma das principais candidatas às eleições europeias, fez um duro balanço do primeiro mandato de Ursula von der Leyen.
Strack-Zimmermann, que pertence à Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE), faz parte de uma equipa de três candidatos que representam as forças liberais no escrutínio que decorre entre 6 e 9 de junho. Atualmente, é deputada no Bundestag, onde preside à Comissão de Defesa, e concorre a um lugar no Parlamento Europeu.
Numa entrevista alargada à Euronews, a candidata denunciou a política de Ursula von der Leyen, a atual presidente da Comissão Europeia, nos domínios da defesa, da economia e dos direitos fundamentais. Von der Leyen está a concorrer a um segundo mandato e é considerada a principal candidata.
"Estou absolutamente desiludida", declarou Strack-Zimmermann na segunda-feira, em Maastricht, horas antes de um debate com todos os principais candidatos.
A liberal criticou o atual Governo por ter demorado demasiado tempo a colocar a defesa no topo da agenda da UE, tendo-o feito apenas, segundo ela, depois de as tropas russas terem rompido as fronteiras da Ucrânia e desencadeado o maior conflito armado no continente desde a Segunda Guerra Mundial.
A espera, acrescentou, foi particularmente surpreendente, tendo em conta que von der Leyen tinha sido anteriormente ministra da Defesa do governo da chanceler Angela Merkel.
"Não faço ideia porque é que ela não falou sobre segurança militar quando começou a ser presidente da Comissão, porque ela conhece o assunto, tem uma ideia do que aconteceu", disse, referindo-se à anexação da Crimeia em 2014.
"Fiquei surpreendida por não ter dito: 'Vá lá, temos de fazer mais na Europa', porque ela tem experiência".
Quando a invasão russa começou, em fevereiro de 2022, o executivo de von der Leyen ainda estava a lidar com as ondas de choque provocadas pela pandemia de COVID-19 e com o lançamento do fundo de recuperação, constituído por montantes recorde de empréstimos conjuntos e reforçado com condições de despesa rigorosas para acelerar as transições ecológica e digital.
Mas, na opinião de Strack-Zimmermann, isso não serve como desculpa para a procrastinação.
"Sei que a situação pandémica foi terrível para todos. Mas, mesmo nessa altura, era possível ver o que estava a acontecer na Rússia. E não era isto ou aquilo, eram as duas coisas. Penso que, quando se é presidente da Comissão Europeia, não existe um único tema", disse à Euronews.
"Não é um tema muito sexy falar de armas, falar de guerra. Soa melhor se estivermos a falar do Pacto Ecológico, é um tema mais suave".
A incapacidade de fornecer um milhão de cartuchos de artilharia até março de 2024, como o bloco prometeu a Kiev, sublinha o fiasco geral, acrescentou. "É uma questão de tempo. É uma questão de se dizer que vamos cumprir, temos de o fazer".
No plano económico, a candidata alertou para o facto de as políticas ambientais e a burocracia excessiva prejudicarem o crescimento, afugentarem os empresários e matarem "todos os momentos de ideias para permanecer na Europa como empresa".
No que diz respeito à proteção dos direitos fundamentais, Strack-Zimmermann afirmou ser "inacreditável" que a Comissão tenha descongelado 10,2 mil milhões de euros de fundos de coesão para a Hungria, um dia antes de uma cimeira crucial que Viktor Orbán ameaçou destruir.
Bruxelas argumentou que o desbloqueio era inevitável, depois de Budapeste ter aprovado uma reforma para responder a preocupações de longa data sobre a independência judicial.
"Toda a gente ficou muito irritada", disse Strack-Zimmermann. "Ela é responsável por isso. E vê-se que o Parlamento não se diverte com esta situação".
Apesar da sua avaliação dura, a liberal itiu que ser presidente da Comissão é um "trabalho difícil".
Esta entrevista faz parte de uma série de entrevistas com todos os candidatos a Spitzenkandidaten. A entrevista completa com Strack-Zimmermann será transmitida no Euronews durante o fim de semana.