{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2023/09/06/ue-refugiados-sirios-perdem-processo-em-tribunal-contra-a-frontex" }, "headline": "UE: Refugiados s\u00edrios perdem processo em tribunal contra a Frontex", "description": "Um processo hist\u00f3rico interposto por uma fam\u00edlia de refugiados s\u00edrios contra a Frontex, a ag\u00eancia de controlo das fronteiras da Uni\u00e3o Europeia (UE), foi rejeitado pelo Tribunal Geral da UE, num duro golpe para os defensores dos direitos humanos.", "articleBody": "O Tribunal Geral da UE, com sede no Luxemburgo, declarou que, uma vez que a Frontex n\u00e3o tem compet\u00eancia para avaliar pedidos de asilo, n\u00e3o pode ser responsabilizada por danos, n um ac\u00f3rd\u00e3o publicado na quarta-feira. \u0022S\u00e3o apenas os Estados-membros que t\u00eam compet\u00eancia para avaliar o m\u00e9rito das decis\u00f5es de regresso e para examinar os pedidos de prote\u00e7\u00e3o internacional\u0022, afirmaram os ju\u00edzes. A fam\u00edlia s\u00edria, composta por um casal com quatro filhos, procurava obter uma indemniza\u00e7\u00e3o ap\u00f3s ter sido deportada da Gr\u00e9cia para a Turquia, em 2016.\u00a0 A fam\u00edlia tinha fugido da guerra civil na S\u00edria e pediu asilo ao chegar \u00e0 Gr\u00e9cia, mas foi deportada para a Turquia numa opera\u00e7\u00e3o conjunta conduzida pela Frontex e pelas autoridades gregas. A equipa jur\u00eddica que representa a fam\u00edlia disse \u00e0 Euronews que a decis\u00e3o \u00e9 \u0022insatisfat\u00f3ria\u0022. \u0022Eles (a fam\u00edlia) est\u00e3o desapontados com o facto de a Frontex n\u00e3o ser responsabilizada pelo seu papel na expuls\u00e3o ilegal de que s\u00e3o v\u00edtimas e pela forma como foram deportados\u0022, disse um advogado de direitos humanos da empresa holandesa Prakken d'Oliveira. Os advogados da fam\u00edlia consideram que o ac\u00f3rd\u00e3o levanta quest\u00f5es fundamentais sobre o mandato e a responsabilidade da Frontex. \u0022O artigo 34.\u00ba do Regulamento da Frontex estipula que esta deve estabelecer \u0022um mecanismo eficaz para controlar o respeito pelos direitos fundamentais em todas as actividades da Ag\u00eancia'\u0022, afirmaram.\u00a0 \u0022O ac\u00f3rd\u00e3o n\u00e3o esclarece o que isto significa na pr\u00e1tica. Continua a n\u00e3o ser claro de que forma a Frontex \u00e9 obrigada a realizar a sua tarefa de controlo\u0022, acrescentaram os juristas que representam a fam\u00edlia. \u0022Cabe agora \u00e0s institui\u00e7\u00f5es pol\u00edticas, especialmente \u00e0 Comiss\u00e3o Europeia, clarificar o mandato da Frontex. Tem de clarificar a forma como a Frontex deve monitorizar o cumprimento dos direitos humanos\u0022, diz a equipa da Prakken d'Oliveira, confirmando que ir\u00e1 considerar outras medidas legais. Os peritos em direitos humanos tamb\u00e9m manifestaram a sua preocupa\u00e7\u00e3o relativamente ao ac\u00f3rd\u00e3o. Steve Peers, da Royal Holloway University London, sugeriu no X (antigo Twitter), que a decis\u00e3o contradiz as disposi\u00e7\u00f5es em mat\u00e9ria de direitos humanos previstas no regulamento da Frontex. \u0022\u00c9 irrelevante o facto de a Frontex n\u00e3o decidir formalmente sobre os regressos ou os pedidos de asilo: a quest\u00e3o \u00e9 saber se violou as suas obriga\u00e7\u00f5es de n\u00e3o contribuir para uma viola\u00e7\u00e3o dos direitos humanos\u0022, escreveu Peers. Em resposta \u00e0 decis\u00e3o do Tribunal Geral da UE, a Frontex disse que \u0022os valiosos conhecimentos adquiridos com este caso permitem-nos melhorar continuamente os nossos procedimentos de regresso, garantindo que todos os indiv\u00edduos afetados s\u00e3o tratados com o m\u00e1ximo respeito\u0022. A ag\u00eancia tamb\u00e9m disse que exige que os Estados-membros, neste caso a Gr\u00e9cia, confirmem que para as pessoas foram \u0022emitidas decis\u00f5es individuais de retorno execut\u00f3rias e que lhes foi concedida a oportunidade de procurar prote\u00e7\u00e3o internacional\u0022. Quais eram as queixas? A fam\u00edlia, origin\u00e1ria da cidade curda de Kobani pediu 136 mil euros de indemniza\u00e7\u00e3o pelos custos materiais incorridos e pelos danos emocionais das alegadas viola\u00e7\u00f5es dos direitos humanos sofridas \u00e0s m\u00e3os da Frontex. Durante o voo para a Turquia, os filhos da fam\u00edlia - na altura com idades compreendidas entre um e sete anos - foram, alegadamente, separados dos pais. A equipa jur\u00eddica da fam\u00edlia argumentou que o tratamento que lhes foi dado violava os direitos da crian\u00e7a consagrados na legisla\u00e7\u00e3o da UE. Ap\u00f3s a sua chegada \u00e0 cidade turca de Adana, a fam\u00edlia foi detida e, quando foi libertada, n\u00e3o teve o a servi\u00e7os b\u00e1sicos, como alojamento, \u00e1gua e saneamento. Desde ent\u00e3o, instalaram-se no Iraque. Um precedente judicial? Os ativistas dos direitos humanos esperavam que criasse um precedente positivo para os requerentes de asilo a partir deste caso, que foi apresentado em 2021, cinco anos depois de a fam\u00edlia s\u00edria ter sido deportada de avi\u00e3o para a Turquia a partir da ilha grega de Kos. Esta foi a primeira vez em que a Frontex teve de enfrentar uma a\u00e7\u00e3o judicial por alegada \u0022expuls\u00e3o\u0022 de refugiados, uma acusa\u00e7\u00e3o que tem sido repetidamente feita \u00e0 ag\u00eancia. A Frontex est\u00e1, atualmente, a ser investigada pela Provedora de Justi\u00e7a Europeia pelo seu papel no naufr\u00e1gio mortal do navio Adriana, em julho ado, onde se estima que cerca de 750 migrantes tenham perdido a vida. Desde ent\u00e3o, o respons\u00e1vel pelos direitos fundamentais da ag\u00eancia deu a entender que a Frontex poderia suspender \u00a0todas as atividades na Gr\u00e9cia, numa disputa sobre o papel da Guarda Costeira grega no incidente.\u00a0 De acordo com a ag\u00eancia, h\u00e1 atualmente 518 oficiais permanentes da Frontex a trabalhar na Gr\u00e9cia (parte continental e ilhas), que tamb\u00e9m opera 11 barcos e 30 carros de patrulha. A decis\u00e3o do Tribunal Geral surge no meio de um aumento dos pedidos de asilo na UE, que colocou a migra\u00e7\u00e3o no topo da agenda pol\u00edtica. Novas estat\u00edsticas \u00a0divulgadas, esta semana, revelam que foram apresentados 519 mil pedidos, no primeiro semestre de 2023. Tal representa um aumento de 30% em compara\u00e7\u00e3o com o mesmo per\u00edodo de 2022. ", "dateCreated": "2023-09-06T11:11:24+02:00", "dateModified": "2023-09-11T19:27:52+02:00", "datePublished": "2023-09-06T15:23:35+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F87%2F39%2F60%2F1440x810_cmsv2_9bd3a349-fdaa-5bb9-9115-5eb6130f84b5-7873960.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Uma fam\u00edlia s\u00edria que fugiu da viol\u00eancia na sua aldeia est\u00e1 sentada no ch\u00e3o de um campo de deslocados na aldeia s\u00edria de Atmeh, perto da fronteira turca com a S\u00edria.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F87%2F39%2F60%2F432x243_cmsv2_9bd3a349-fdaa-5bb9-9115-5eb6130f84b5-7873960.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Jones", "givenName": "Mared Gwyn", "name": "Mared Gwyn Jones", "url": "/perfis/2766", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "sameAs": "https://www.x.com/@MaredGwyn", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Correspondant \u00e0 Bruxelles" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Not\u00edcias da Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

UE: Refugiados sírios perdem processo em tribunal contra a Frontex

Uma família síria que fugiu da violência na sua aldeia está sentada no chão de um campo de deslocados na aldeia síria de Atmeh, perto da fronteira turca com a Síria.
Uma família síria que fugiu da violência na sua aldeia está sentada no chão de um campo de deslocados na aldeia síria de Atmeh, perto da fronteira turca com a Síria. Direitos de autor Khalil Hamra/AP
Direitos de autor Khalil Hamra/AP
De Mared Gwyn JonesIsabel Marques da Silva (Trad.)
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Um processo histórico interposto por uma família de refugiados sírios contra a Frontex, a agência de controlo das fronteiras da União Europeia (UE), foi rejeitado pelo Tribunal Geral da UE, num duro golpe para os defensores dos direitos humanos.

PUBLICIDADE

O Tribunal Geral da UE, com sede no Luxemburgo, declarou que, uma vez que a Frontex não tem competência para avaliar pedidos de asilo, não pode ser responsabilizada por danos, num acórdão publicado na quarta-feira.

"São apenas os Estados-membros que têm competência para avaliar o mérito das decisões de regresso e para examinar os pedidos de proteção internacional", afirmaram os juízes.

A família síria, composta por um casal com quatro filhos, procurava obter uma indemnização após ter sido deportada da Grécia para a Turquia, em 2016. 

A família tinha fugido da guerra civil na Síria e pediu asilo ao chegar à Grécia, mas foi deportada para a Turquia numa operação conjunta conduzida pela Frontex e pelas autoridades gregas.

A equipa jurídica que representa a família disse à Euronews que a decisão é "insatisfatória".

"Eles (a família) estão desapontados com o facto de a Frontex não ser responsabilizada pelo seu papel na expulsão ilegal de que são vítimas e pela forma como foram deportados", disse um advogado de direitos humanos da empresa holandesa Prakken d'Oliveira.

Os advogados da família consideram que o acórdão levanta questões fundamentais sobre o mandato e a responsabilidade da Frontex.

"O artigo 34.º do Regulamento da Frontex estipula que esta deve estabelecer "um mecanismo eficaz para controlar o respeito pelos direitos fundamentais em todas as actividades da Agência'", afirmaram. 

"O acórdão não esclarece o que isto significa na prática. Continua a não ser claro de que forma a Frontex é obrigada a realizar a sua tarefa de controlo", acrescentaram os juristas que representam a família.

"Cabe agora às instituições políticas, especialmente à Comissão Europeia, clarificar o mandato da Frontex. Tem de clarificar a forma como a Frontex deve monitorizar o cumprimento dos direitos humanos", diz a equipa da Prakken d'Oliveira, confirmando que irá considerar outras medidas legais.

Os peritos em direitos humanos também manifestaram a sua preocupação relativamente ao acórdão.

Steve Peers, da Royal Holloway University London, sugeriu no X (antigo Twitter), que a decisão contradiz as disposições em matéria de direitos humanos previstas no regulamento da Frontex.

"É irrelevante o facto de a Frontex não decidir formalmente sobre os regressos ou os pedidos de asilo: a questão é saber se violou as suas obrigações de não contribuir para uma violação dos direitos humanos", escreveu Peers.

Em resposta à decisão do Tribunal Geral da UE, a Frontex disse que "os valiosos conhecimentos adquiridos com este caso permitem-nos melhorar continuamente os nossos procedimentos de regresso, garantindo que todos os indivíduos afetados são tratados com o máximo respeito".

A agência também disse que exige que os Estados-membros, neste caso a Grécia, confirmem que para as pessoas foram "emitidas decisões individuais de retorno executórias e que lhes foi concedida a oportunidade de procurar proteção internacional".

Quais eram as queixas?

A família, originária da cidade curda de Kobani pediu 136 mil euros de indemnização pelos custos materiais incorridos e pelos danos emocionais das alegadas violações dos direitos humanos sofridas às mãos da Frontex.

Durante o voo para a Turquia, os filhos da família - na altura com idades compreendidas entre um e sete anos - foram, alegadamente, separados dos pais. A equipa jurídica da família argumentou que o tratamento que lhes foi dado violava os direitos da criança consagrados na legislação da UE.

Após a sua chegada à cidade turca de Adana, a família foi detida e, quando foi libertada, não teve o a serviços básicos, como alojamento, água e saneamento. Desde então, instalaram-se no Iraque.

Um precedente judicial?

Os ativistas dos direitos humanos esperavam que criasse um precedente positivo para os requerentes de asilo a partir deste caso, que foi apresentado em 2021, cinco anos depois de a família síria ter sido deportada de avião para a Turquia a partir da ilha grega de Kos.

Esta foi a primeira vez em que a Frontex teve de enfrentar uma ação judicial por alegada "expulsão" de refugiados, uma acusação que tem sido repetidamente feita à agência.

A Frontex está, atualmente, a ser investigada pela Provedora de Justiça Europeia pelo seu papel no naufrágio mortal do navio Adriana, em julho ado, onde se estima que cerca de 750 migrantes tenham perdido a vida.

Desde então, o responsável pelos direitos fundamentais da agência deu a entender que a Frontex poderia suspender todas as atividades na Grécia, numa disputa sobre o papel da Guarda Costeira grega no incidente. 

De acordo com a agência, há atualmente 518 oficiais permanentes da Frontex a trabalhar na Grécia (parte continental e ilhas), que também opera 11 barcos e 30 carros de patrulha.

A decisão do Tribunal Geral surge no meio de um aumento dos pedidos de asilo na UE, que colocou a migração no topo da agenda política. Novas estatísticas divulgadas, esta semana, revelam que foram apresentados 519 mil pedidos, no primeiro semestre de 2023. Tal representa um aumento de 30% em comparação com o mesmo período de 2022.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Provedora de Justiça Europeia investiga ação da Frontex no naufrágio na Grécia

Prosseguem os protestos contra a guarda costeira grega e a Frontex

Eurodeputados rejeitaram relatório e contas de 2020 da agência Frontex