Portugal fez grandes progressos no domínio das energias renováveis, ando de 27% em 2005 para 54% em 2017.
Portugal produziu um valor "histórico" de 95 por cento da sua eletricidade a partir de energias renováveis em abril, segundo a REN.
Nos primeiros quatro meses do ano, a produção de energia renovável foi ligeiramente inferior a este valor, cobrindo 91% das necessidades elétricas do país.
Trata-se de uma boa notícia nacional no âmbito de uma grande mudança continental: no mês ado, pela primeira vez, os combustíveis fósseis forneceram menos de um quarto da energia da UE.
O Ember, grupo de reflexão sobre energias limpas que está por detrás desta avaliação, concluiu também que mais de 30% da eletricidade mundial é atualmente produzida a partir de energias renováveis.
"A energia solar, em particular, está a acelerar mais rapidamente do que se pensava ser possível", disse-nos Dave Jones, diretor de informação global da Ember.
Que energias renováveis estão a fornecer mais energia em Portugal?
A energia solar pode não ter sido a estrela do espetáculo no novo balanço da REN.
A um terço do ano, a energia solar representava 7% do mix elétrico português, atrás da energia eólica, com 30%, e das centrais hidroelétricas, com 48%.
No entanto, "a componente solar continua a crescer substancialmente", refere a REN. O mês de abril registou a "maior expressão mensal de sempre" para a energia solar, com 10,5% do consumo de eletricidade do país.
O gás fóssil satisfez apenas 9% da procura nos primeiros quatro meses de 2024, tendo o consumo de gás no sector da energia diminuído para metade em comparação com o mesmo período de 2023.
De realçar que a quota de 94,9% que as energias renováveis cobriram em abril não é um recorde nacional. Esse recorde foi estabelecido há 46 anos, em maio de 1978, quando atingiram um pico de 95,4%. A REN foi ada para obter mais informações sobre este recorde histórico.
Porque é que Portugal é um líder em energias limpas na Europa?
Portugal fez grandes progressos no domínio das energias renováveis, ando de 27% em 2005 para 54% em 2017.
O país levou a sério a descarbonização de várias formas, desde a eliminação gradual da produção a carvão em 2021, até ao aumento da sua grande frota hidroelétrica com capacidade de armazenamento adicional.
E, desde 2019, os leilões de energia renovável do estado têm vindo a aumentar os projetos de escala de utilidade pública, com orientações claras para as empresas verdes.
Tudo isto preparou o terreno para alguns momentos marcantes. No outono ado, por exemplo, durante seis dias consecutivos, a produção de energia renovável excedeu efetivamente as necessidades de eletricidade do país.
No ano ado, Portugal tinha a terceira maior percentagem de energia eólica no seu cabaz elétrico, com 29%, atrás da Irlanda (36%) e da Dinamarca (58%).
Mas, tal como noutros países, não é bom que um líder das energias renováveis descanse sobre os louros. O novo relatório European Electricity Review da Ember observa que Portugal ainda não ultraou o pico de produção eólica que atingiu em 2019.
Isto apesar de o Plano Nacional de Energia e Clima atualizado assumir uma "rápida duplicação" da atual capacidade eólica, de 5 GW em 2022 para 12 GW em 2030.