{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/business/2023/07/04/alojamento-local-e-crise-na-habitacao-o-caso-do-porto" }, "headline": "Alojamento local e crise na habita\u00e7\u00e3o: O caso do Porto", "description": "Nesta edi\u00e7\u00e3o de Business Planet, vamos at\u00e9 ao Porto para ver como o alojamento local, apesar das regras que restringem a atividade na cidade, est\u00e1 (ou n\u00e3o) a alimentar a crise na habita\u00e7\u00e3o.", "articleBody": "\u00c9 uma quest\u00e3o com que a Europa se debate h\u00e1 anos - a partir de que ponto o turismo \u00e9 demasiado? Ricardo Valente ,\u00a0vereador da C\u00e2mara Municipal do Porto respons\u00e1vel pelas\u00a0Finan\u00e7as, Economia e Emprego, diz:\u00a0 \u0022\u00c9 muito injusto dizer que todos os problemas do mercado imobili\u00e1rio est\u00e3o ligados \u00e0 Airbnb, ao arrendamento de curta dura\u00e7\u00e3o.\u0022 Milh\u00f5es de pessoas visitam o Porto todos os anos e \u00e9 f\u00e1cil perceber porqu\u00ea. Os visitantes s\u00e3o uma parte significativa da economia local, mas existe uma linha t\u00e9nue entre o turismo sustent\u00e1vel e o turismo excessivo, em que as pessoas locais s\u00e3o exclu\u00eddas. Dezenas de milhares de pessoas protestaram em Portugal em abril , furiosas com a crise da habita\u00e7\u00e3o, desencadeada pelo investimento estrangeiro no setor imobili\u00e1rio, pelos baixos sal\u00e1rios, pela falta de novas casas a pre\u00e7os \u00edveis e agravada pelo arrendamento para f\u00e9rias, que est\u00e1 a destruir o parque habitacional. A associa\u00e7\u00e3o \u0022 Habita\u00e7\u00e3o Hoje! \u0022 tem ouvido muitas hist\u00f3rias de terror no Porto.\u00a0 Diz Helena Souto , respons\u00e1vel pela associa\u00e7\u00e3o:\u00a0 \u0022Todos os dias ouvimos casos de pessoas que vivem em sobreocupa\u00e7\u00e3o, como 12 ou 15 pessoas a viver num pequeno apartamento. Estamos a falar de problemas enormes de frio, de humidade e de fungos\u0022.\u00a0 Diz que a habita\u00e7\u00e3o p\u00fablica vazia \u00e9 um problema grave, tal como a gentrifica\u00e7\u00e3o dos bairros, \u00e0 medida que os arrendamentos de curta dura\u00e7\u00e3o come\u00e7am a ultraar o n\u00famero de casas dispon\u00edveis para arrendamento cl\u00e1ssico. \u0022A cidade est\u00e1 a ser feita para as pessoas que podem pagar pre\u00e7os mais elevados, por isso podem ser turistas, n\u00f3madas digitais ou pessoas que v\u00eam para fazer neg\u00f3cios\u0022, diz Helena Souto. Portuga l tem assistido a um aumento do n\u00famero de n\u00f3madas digitais e oferece um visto de n\u00f3mada digital. Os ativistas da habita\u00e7\u00e3o dizem que isto vai agravar a crise.\u00a0 N\u00e3o \u00e9 verdade, dizem as empresas que arrendam alojamento, para arrendamentos de curta dura\u00e7\u00e3o e para estadias mais longas, e disponibilizam espa\u00e7os de coworking. Rui Santos , diretor de comunica\u00e7\u00e3o da FeelPorto , empresa que oferece alojamento local no Porto, defende-se:\u00a0 \u0022As pessoas tornam-se parte da comunidade local, f requentam as mesmas lojas, restaurantes, supermercados. Por isso, contribuem para a economia local. O \u00a0tipo de solu\u00e7\u00e3o que temos \u00e9 uma solu\u00e7\u00e3o que permite que estes n\u00f3madas digitais n\u00e3o criem press\u00e3o sobre o alojamento residencial\u0022, diz. O Porto introduziu regras que lhe permitem congelar as licen\u00e7as de arrendamento de curta dura\u00e7\u00e3o, o que \u00e9 in\u00e9dito numa cidade portuguesa:\u00a0 \u0022Temos duas partes da cidade, uma \u00e1rea sustent\u00e1vel onde \u00e9 poss\u00edvel obter novos registos e aquilo a que chamamos \u00e1reas condicionadas, ou seja, \u00e1reas onde, se houver muita press\u00e3o, n\u00e3o \u00e9 poss\u00edvel obter uma nova licen\u00e7a\u0022, diz Ricardo Valente. Descobrir como garantir a sustentabilidade do turismo n\u00e3o \u00e9 apenas um problema portugu\u00eas, \u00e9 um problema europeu.\u00a0 A Comiss\u00e3o Europeia prop\u00f4s novas regras para a recolha e partilha de dados sobre arrendamentos de curta dura\u00e7\u00e3o, a fim de saber mais sobre quem fica alojado onde e por quanto tempo, em todo o mercado \u00fanico. Todos os anfitri\u00f5es e propriedades ter\u00e3o de seguir os mesmos procedimentos de registo em linha e ter\u00e3o um n\u00famero de identifica\u00e7\u00e3o \u00fanico - harmonizando os dados e ajudando a combater os arrendamentos de curta dura\u00e7\u00e3o ilegais. \u0022Este novo regulamento europeu para n\u00f3s \u00e9 muito importante porque nos d\u00e1 uma das coisas mais relevantes - informa\u00e7\u00e3o\u0022, diz Ricardo Valente:\u00a0 \u0022Grande parte dos problemas que temos na gest\u00e3o dos arrendamentos de curta dura\u00e7\u00e3o \u00e9 a forma como estas plataformas escondem a informa\u00e7\u00e3o. Por isso, para n\u00f3s \u00e9 muito importante que haja regras claras, dizendo que o que \u00e9 legal offline deve ser legal online e o que \u00e9 ilegal offline deve ser ilegal online\u0022, acrescenta Ricardo Valente. Mas o turismo desempenha um papel importante na economia do Porto. N\u00e3o se trata apenas de dinheiro gasto em alojamento, mas de dinheiro gasto em neg\u00f3cios locais, como este workshop onde os turistas est\u00e3o a aprender a cozinhar uma refei\u00e7\u00e3o tradicional portuguesa. Nuno Pedrosa , propriet\u00e1rio e gerente da Workshops Pop-Up, explica:\u00a0 \u0022Come\u00e7\u00e1mos o nosso neg\u00f3cio a tentar promover lugares aqui na baixa porque a baixa do Porto estava um pouco abandonada. Nos \u00faltimos 10 a 15 anos muitas coisas come\u00e7aram a mexer e isso deu muita vida \u00e0 baixa do Porto.\u0022 Bruxelas espera que as novas regras de arrendamento de curta dura\u00e7\u00e3o sejam parte da receita de sucesso para o turismo sustent\u00e1vel no Porto e no resto da Europa.\u00a0 ", "dateCreated": "2023-06-09T11:30:02+02:00", "dateModified": "2023-07-04T17:38:19+02:00", "datePublished": "2023-07-04T17:00:44+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F66%2F43%2F24%2F1440x810_cmsv2_42146d16-1075-5081-98b1-4adf955292f0-7664324.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Nesta edi\u00e7\u00e3o de Business Planet, vamos at\u00e9 ao Porto para ver como o alojamento local, apesar das regras que restringem a atividade na cidade, est\u00e1 (ou n\u00e3o) a alimentar a crise na habita\u00e7\u00e3o.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F66%2F43%2F24%2F432x243_cmsv2_42146d16-1075-5081-98b1-4adf955292f0-7664324.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "familyName": "Bolitho", "givenName": "Andrea", "name": "Andrea Bolitho", "url": "/perfis/56", "worksFor": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "jobTitle": "Journaliste", "memberOf": { "@type": "Organization", "name": "Equipe de langue anglaise" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Negocios Series" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }

Alojamento local e crise na habitação: O caso do Porto

Em parceria comThe European Commission
Alojamento local e crise na habitação: O caso do Porto
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Andrea Bolitho
Publicado a
Partilhe esta notícia
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Nesta edição de Business Planet, vamos até ao Porto para ver como o alojamento local, apesar das regras que restringem a atividade na cidade, está (ou não) a alimentar a crise na habitação.

É uma questão com que a Europa se debate há anos - a partir de que ponto o turismo é demasiado?

Ricardo Valente, vereador da Câmara Municipal do Porto responsável pelas Finanças, Economia e Emprego, diz: "É muito injusto dizer que todos os problemas do mercado imobiliário estão ligados à Airbnb, ao arrendamento de curta duração."

Milhões de pessoas visitam o Porto todos os anos e é fácil perceber porquê. Os visitantes são uma parte significativa da economia local, mas existe uma linha ténue entre o turismo sustentável e o turismo excessivo, em que as pessoas locais são excluídas.

Dezenas de milhares de pessoas protestaram em Portugal em abril, furiosas com a crise da habitação, desencadeada pelo investimento estrangeiro no setor imobiliário, pelos baixos salários, pela falta de novas casas a preços íveis e agravada pelo arrendamento para férias, que está a destruir o parque habitacional.

A associação "Habitação Hoje!" tem ouvido muitas histórias de terror no Porto. Diz Helena Souto, responsável pela associação: "Todos os dias ouvimos casos de pessoas que vivem em sobreocupação, como 12 ou 15 pessoas a viver num pequeno apartamento. Estamos a falar de problemas enormes de frio, de humidade e de fungos". Diz que a habitação pública vazia é um problema grave, tal como a gentrificação dos bairros, à medida que os arrendamentos de curta duração começam a ultraar o número de casas disponíveis para arrendamento clássico.

"A cidade está a ser feita para as pessoas que podem pagar preços mais elevados, por isso podem ser turistas, nómadas digitais ou pessoas que vêm para fazer negócios", diz Helena Souto.

Todos os dias ouvimos casos de pessoas que vivem em sobreocupação, como 12 ou 15 pessoas a viver num pequeno apartamento.
Helena Souto
Associação "Habitação Hoje!"

Portugal tem assistido a um aumento do número de nómadas digitais e oferece um visto de nómada digital. Os ativistas da habitação dizem que isto vai agravar a crise. Não é verdade, dizem as empresas que arrendam alojamento, para arrendamentos de curta duração e para estadias mais longas, e disponibilizam espaços de coworking.

Rui Santos, diretor de comunicação da FeelPorto, empresa que oferece alojamento local no Porto, defende-se: "As pessoas tornam-se parte da comunidade local, frequentam as mesmas lojas, restaurantes, supermercados. Por isso, contribuem para a economia local. O tipo de solução que temos é uma solução que permite que estes nómadas digitais não criem pressão sobre o alojamento residencial", diz.

O Porto introduziu regras que lhe permitem congelar as licenças de arrendamento de curta duração, o que é inédito numa cidade portuguesa: "Temos duas partes da cidade, uma área sustentável onde é possível obter novos registos e aquilo a que chamamos áreas condicionadas, ou seja, áreas onde, se houver muita pressão, não é possível obter uma nova licença", diz Ricardo Valente.

Descobrir como garantir a sustentabilidade do turismo não é apenas um problema português, é um problema europeu. A Comissão Europeia propôs novas regras para a recolha e partilha de dados sobre arrendamentos de curta duração, a fim de saber mais sobre quem fica alojado onde e por quanto tempo, em todo o mercado único.

Todos os anfitriões e propriedades terão de seguir os mesmos procedimentos de registo em linha e terão um número de identificação único - harmonizando os dados e ajudando a combater os arrendamentos de curta duração ilegais.

"Este novo regulamento europeu para nós é muito importante porque nos dá uma das coisas mais relevantes - informação", diz Ricardo Valente: "Grande parte dos problemas que temos na gestão dos arrendamentos de curta duração é a forma como estas plataformas escondem a informação. Por isso, para nós é muito importante que haja regras claras, dizendo que o que é legal offline deve ser legal online e o que é ilegal offline deve ser ilegal online", acrescenta Ricardo Valente.

É muito importante que haja regras claras, dizendo que o que é legal offline deve ser legal online e o que é ilegal offline deve ser ilegal online.
Ricardo Valente
Vereador da CM Porto

Mas o turismo desempenha um papel importante na economia do Porto. Não se trata apenas de dinheiro gasto em alojamento, mas de dinheiro gasto em negócios locais, como este workshop onde os turistas estão a aprender a cozinhar uma refeição tradicional portuguesa.

Nuno Pedrosa, proprietário e gerente da Workshops Pop-Up, explica: "Começámos o nosso negócio a tentar promover lugares aqui na baixa porque a baixa do Porto estava um pouco abandonada. Nos últimos 10 a 15 anos muitas coisas começaram a mexer e isso deu muita vida à baixa do Porto."

Bruxelas espera que as novas regras de arrendamento de curta duração sejam parte da receita de sucesso para o turismo sustentável no Porto e no resto da Europa.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notícia

Notícias relacionadas

Destino de festa mais popular da Hungria pode deixar de ter alojamentos locais Airbnb

Comissão Europeia quer definir o que é lixo (e o que não é) na indústria têxtil

Crise da habitação empurra jovens irlandeses para o estrangeiro