{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2025/04/17/sao-verdadeiras-as-afirmacoes-online-sobre-o-tratado-das-pandemias" }, "headline": "S\u00e3o verdadeiras as afirma\u00e7\u00f5es online sobre o tratado das pandemias?", "description": "Embora teorias da conspira\u00e7\u00e3o e not\u00edcias falsas sobre a OMS sejam comuns na Internet, o tratado sobre pandemias deu-lhes uma nova oportunidade de ressurgirem.", "articleBody": "Surgiu na Internet uma s\u00e9rie de afirma\u00e7\u00f5es falsas e enganosas sobre o tratado relativo \u00e0s pandemias, um acordo hist\u00f3rico que acaba de ser aprovado por mais de 190 membros da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS).O tratado foi proposto pela primeira vez pelos membros da OMS durante a covid-19, com o objetivo de \u0022prevenir, preparar e responder a pandemias\u0022.Para os especialistas em sa\u00fade mundial, uma futura pandemia \u00e9 uma quest\u00e3o de quando vai acontecer e n\u00e3o de se vai acontecer. Ap\u00f3s mais de tr\u00eas anos de longas negocia\u00e7\u00f5es, os membros da OMS chegaram a um acordo a 16 de abril, mas o tratado s\u00f3 vai ser juridicamente vinculativo depois de ser oficialmente adotado pelos Estados, o que deve acontecer em maio.Desde que a OMS foi criada, em 1948, apenas foi alcan\u00e7ado outro acordo internacional desta dimens\u00e3o: a conven\u00e7\u00e3o para o controlo do tabaco de 2023. Embora as teorias da conspira\u00e7\u00e3o e as not\u00edcias falsas sobre a OMS sejam comuns na Internet, o tratado sobre pandemias deu-lhes uma nova oportunidade para ressurgirem.O tratado vai sobrepor-se \u00e0 soberania dos Estados?Numa publica\u00e7\u00e3o partilhada no X, a 18 de mar\u00e7o, o grupo ultra-conservador CitizensGlobal alegava que o tratado levaria a que as pol\u00edticas de sa\u00fade fossem controladas \u0022por funcion\u00e1rios n\u00e3o eleitos sob o pretexto da prepara\u00e7\u00e3o para uma pandemia\u0022.Embora o acordo sobre pandemias seja juridicamente vinculativo quando os Estados o adotarem, o tratado n\u00e3o se sobrep\u00f5e \u00e0 capacidade de um pa\u00eds de adotar pol\u00edticas individuais relacionadas com a sa\u00fade. A ades\u00e3o \u00e0 OMS \u00e9 volunt\u00e1ria e o texto do tratado afirma explicitamente a soberania dos Estados.Numa declara\u00e7\u00e3o emitida a 16 de abril, pouco depois de o tratado ter sido acordado, a OMS afirmou que \u0022nada no projeto de acordo deve ser interpretado como conferindo \u00e0 OMS qualquer autoridade para dirigir, ordenar, alterar ou prescrever leis ou pol\u00edticas nacionais ou obrigar os Estados a tomar medidas espec\u00edficas\u0022.O tratado vai impor vacinas obrigat\u00f3rias?Outra alega\u00e7\u00e3o online, partilhada a 12 de abril pelo AUF1, um canal austr\u00edaco de extrema-direita, afirmava que \u0022o tratado levaria \u00e0 vacina\u00e7\u00e3o obrigat\u00f3ria, a regimes de testes e a exig\u00eancias de isolamento\u0022.De acordo com a declara\u00e7\u00e3o da OMS, nada no tratado lhe d\u00e1 autoridade para obrigar um pa\u00eds a \u0022proibir ou aceitar viajantes, impor mandatos de vacina\u00e7\u00e3o, de terap\u00eauticas ou de diagn\u00f3stico ou implementar confinamentos\u0022.\u0022Antes de a OMS declarar uma emerg\u00eancia de sa\u00fade p\u00fablica de especial preocupa\u00e7\u00e3o, como uma pandemia, (a decis\u00e3o) a por uma comiss\u00e3o com os Estados-membros e especialistas\u0022, diz Jaume Vidal, conselheiro pol\u00edtico s\u00e9nior da Health Action International, em declara\u00e7\u00f5es \u00e0 Euronews.\u0022Os governos t\u00eam a \u00faltima palavra sobre o que acontece nos seus territ\u00f3rios. A OMS pode aconselhar, sugerir, prestar assist\u00eancia t\u00e9cnica, mas s\u00e3o os governos que decidem em \u00faltima inst\u00e2ncia\u0022, acrescenta.Os Estados v\u00e3o ser obrigados a doar vacinas?Durante a pandemia da covid-19, os pa\u00edses mais ricos foram acusados de acumular vacinas em detrimento dos pa\u00edses mais pobres.Numa tentativa de gerir esta situa\u00e7\u00e3o, os membros da OMS analisaram a forma como esta quest\u00e3o poderia ser abordada no decurso das negocia\u00e7\u00f5es do tratado. No entanto, esta perspetiva levou alguns internautas a dizer que o acordo levaria a que os pa\u00edses fossem obrigados a doar vacinas.\u0022O tratado n\u00e3o prev\u00ea uma potencial obriga\u00e7\u00e3o de doar ou oferecer vacinas. Tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 claro qual a percentagem de vacinas ou de outros produtos m\u00e9dicos que teriam de ser fornecidos \u00e0 OMS\u0022, diz Pedro Villarreal, investigador do Instituto Alem\u00e3o de Assuntos de Seguran\u00e7a Internacional. \u0022Se um acordo sobre vacinas for conclu\u00eddo entre alguns pa\u00edses, tamb\u00e9m n\u00e3o \u00e9 claro se os pa\u00edses mais pobres v\u00e3o receber as vacinas gratuitamente ou a um pre\u00e7o preferencial\u0022, acrescenta Villarreal.Outro ponto de disc\u00f3rdia \u00e9 a cl\u00e1usula de transfer\u00eancia de tecnologia, que se centra na ideia de que os pa\u00edses podem partilhar direitos de propriedade intelectual e ferramentas para a produ\u00e7\u00e3o de vacinas e medicamentos.Enquanto os pa\u00edses com rendimentos mais baixos s\u00e3o a favor de regras que lhes permitam produzir vacinas localmente, os pa\u00edses mais ricos, incluindo os membros da Uni\u00e3o Europeia, insistem que a transfer\u00eancia de tecnologia deveria ser volunt\u00e1ria e por m\u00fatuo acordo. Ceticismo em rela\u00e7\u00e3o ao tratado Na Europa, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que criou uma comiss\u00e3o especial para investigar as medidas contra a pandemia, foi o que mais criticou este tratado. Em outubro de 2024, a comiss\u00e3o apelou \u00e0 Eslov\u00e1quia para que \u0022se recusasse a o tratado global sobre pandemias, bem como os regulamentos atualizados da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade\u0022.A antiga ministra da Sa\u00fade da Eslov\u00e1quia, Zuzana Dolinkov\u00e1, demitiu-se do cargo pouco depois da publica\u00e7\u00e3o do relat\u00f3rio, que foi desacreditado pelos cientistas.Entretanto, nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump iniciou o processo de retirada do pa\u00eds da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade em janeiro.- Gabriela Galvin contribuiu para esta reportagem", "dateCreated": "2025-04-17T12:14:15+02:00", "dateModified": "2025-04-17T16:32:28+02:00", "datePublished": "2025-04-17T16:32:28+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F20%2F77%2F06%2F1440x810_cmsv2_1b5b10f2-2473-5cb5-868a-a11864b783d8-9207706.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Sede da Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade em Genebra, na Su\u00ed\u00e7a, a 15 de abril de 2020.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F09%2F20%2F77%2F06%2F432x243_cmsv2_1b5b10f2-2473-5cb5-868a-a11864b783d8-9207706.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "name": "Estelle Nilsson-Julien" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "S\u00e9rie: a minha Europa" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

São verdadeiras as afirmações online sobre o tratado das pandemias?

Sede da Organização Mundial da Saúde em Genebra, na Suíça, a 15 de abril de 2020.
Sede da Organização Mundial da Saúde em Genebra, na Suíça, a 15 de abril de 2020. Direitos de autor AP Photo
Direitos de autor AP Photo
De Estelle Nilsson-Julien
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Embora teorias da conspiração e notícias falsas sobre a OMS sejam comuns na Internet, o tratado sobre pandemias deu-lhes uma nova oportunidade de ressurgirem.

PUBLICIDADE

Surgiu na Internet uma série de afirmações falsas e enganosas sobre o tratado relativo às pandemias, um acordo histórico que acaba de ser aprovado por mais de 190 membros da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O tratado foi proposto pela primeira vez pelos membros da OMS durante a covid-19, com o objetivo de "prevenir, preparar e responder a pandemias".

Para os especialistas em saúde mundial, uma futura pandemia é uma questão de quando vai acontecer e não de se vai acontecer.

Após mais de três anos de longas negociações, os membros da OMS chegaram a um acordo a 16 de abril, mas o tratado só vai ser juridicamente vinculativo depois de ser oficialmente adotado pelos Estados, o que deve acontecer em maio.

Desde que a OMS foi criada, em 1948, apenas foi alcançado outro acordo internacional desta dimensão: a convenção para o controlo do tabaco de 2023.

Embora as teorias da conspiração e as notícias falsas sobre a OMS sejam comuns na Internet, o tratado sobre pandemias deu-lhes uma nova oportunidade para ressurgirem.

O tratado vai sobrepor-se à soberania dos Estados?

Numa publicação partilhada no X, a 18 de março, o grupo ultra-conservador CitizensGlobal alegava que o tratado levaria a que as políticas de saúde fossem controladas "por funcionários não eleitos sob o pretexto da preparação para uma pandemia".

Embora o acordo sobre pandemias seja juridicamente vinculativo quando os Estados o adotarem, o tratado não se sobrepõe à capacidade de um país de adotar políticas individuais relacionadas com a saúde.

A adesão à OMS é voluntária e o texto do tratado afirma explicitamente a soberania dos Estados.

Numa declaração emitida a 16 de abril, pouco depois de o tratado ter sido acordado, a OMS afirmou que "nada no projeto de acordo deve ser interpretado como conferindo à OMS qualquer autoridade para dirigir, ordenar, alterar ou prescrever leis ou políticas nacionais ou obrigar os Estados a tomar medidas específicas".

O tratado vai impor vacinas obrigatórias?

Outra alegação online, partilhada a 12 de abril pelo AUF1, um canal austríaco de extrema-direita, afirmava que "o tratado levaria à vacinação obrigatória, a regimes de testes e a exigências de isolamento".

De acordo com a declaração da OMS, nada no tratado lhe dá autoridade para obrigar um país a "proibir ou aceitar viajantes, impor mandatos de vacinação, de terapêuticas ou de diagnóstico ou implementar confinamentos".

"Antes de a OMS declarar uma emergência de saúde pública de especial preocupação, como uma pandemia, (a decisão) a por uma comissão com os Estados-membros e especialistas", diz Jaume Vidal, conselheiro político sénior da Health Action International, em declarações à Euronews.

"Os governos têm a última palavra sobre o que acontece nos seus territórios. A OMS pode aconselhar, sugerir, prestar assistência técnica, mas são os governos que decidem em última instância", acrescenta.

Os Estados vão ser obrigados a doar vacinas?

Durante a pandemia da covid-19, os países mais ricos foram acusados de acumular vacinas em detrimento dos países mais pobres.

Numa tentativa de gerir esta situação, os membros da OMS analisaram a forma como esta questão poderia ser abordada no decurso das negociações do tratado. No entanto, esta perspetiva levou alguns internautas a dizer que o acordo levaria a que os países fossem obrigados a doar vacinas.

"O tratado não prevê uma potencial obrigação de doar ou oferecer vacinas. Também não é claro qual a percentagem de vacinas ou de outros produtos médicos que teriam de ser fornecidos à OMS", diz Pedro Villarreal, investigador do Instituto Alemão de Assuntos de Segurança Internacional.

"Se um acordo sobre vacinas for concluído entre alguns países, também não é claro se os países mais pobres vão receber as vacinas gratuitamente ou a um preço preferencial", acrescenta Villarreal.

Outro ponto de discórdia é a cláusula de transferência de tecnologia, que se centra na ideia de que os países podem partilhar direitos de propriedade intelectual e ferramentas para a produção de vacinas e medicamentos.

Enquanto os países com rendimentos mais baixos são a favor de regras que lhes permitam produzir vacinas localmente, os países mais ricos, incluindo os membros da União Europeia, insistem que a transferência de tecnologia deveria ser voluntária e por mútuo acordo.

Ceticismo em relação ao tratado

Na Europa, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, que criou uma comissão especial para investigar as medidas contra a pandemia, foi o que mais criticou este tratado.

Em outubro de 2024, a comissão apelou à Eslováquia para que "se recusasse a o tratado global sobre pandemias, bem como os regulamentos atualizados da Organização Mundial da Saúde".

A antiga ministra da Saúde da Eslováquia, Zuzana Dolinková, demitiu-se do cargo pouco depois da publicação do relatório, que foi desacreditado pelos cientistas.

Entretanto, nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump iniciou o processo de retirada do país da Organização Mundial da Saúde em janeiro.

- Gabriela Galvin contribuiu para esta reportagem

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Países chegam a acordo para tratado sobre pandemias que permitirá enfrentar futuras ameaças sanitárias globais

Cinco anos após a pandemia, uma em cada dez pessoas não tem a certeza se tem Covid longa

Comissária europeia pede cautela perante novas crises sanitárias, no 5.º aniversário da pandemia de Covid-19