A revolta de dezenas de milhares de jovens sérvios indignados com a corrupção e as violações das liberdades civis é um desafio crescente para o governo de Aleksandar Vučić.
Uma estudante foi levada para o hospital em Belgrado depois de ter sido atropelada por um carro durante uma manifestação contra o governo esta quinta-feira.
Imagens partilhadas nas redes sociais mostram a jovem no tejadilho do veículo enquanto este ava por uma multidão, tendo acabado por cair pela parte de trás do mesmo enquanto este se afastava do local.
Segundo as autoridades, a jovem de 20 anos sofreu lesões graves na sequência do acidente. O condutor, de 38 anos de idade, foi encontrado e posteriormente detido.
Desde o incidente, outros estudantes já reagiram, tendo apelado a um "bloqueio total" nas redes sociais.
A manifestação em que a mulher ficou ferida é a mais recente de uma longa série de protestos contra o governo sérvio por parte de estudantes indignados com várias questões que se sobrepõem, incluindo a repressão das liberdades civis e o colapso mortal, no ano ado, de um toldo de betão numa estação na cidade de Novi Sad, no norte do país - um desastre amplamente atribuído à corrupção e à negligência na contratação pública.
A greve estudantil que se seguiu levou à suspensão das aulas durante semanas. Alguns manifestantes afirmam ter sofrido ingerência e assédio por parte das autoridades, incluindo, nalguns casos, agressões físicas.
O presidente Aleksandar Vučić acusou os estudantes de receberem dinheiro do Ocidente para levar a cabo os seus protestos. Já os meios de comunicação social pró-governamentais publicaram os dados pessoais de alguns manifestantes, algo que os manifestantes acreditam que não seria possível sem o envolvimento dos serviços secretos do país (BIA).
No entanto, os estudantes em protesto têm recebido um apoio popular significativo e as suas manifestações continuam a atrair dezenas de milhares de pessoas.
Vučić apelidou os manifestantes de "estúpidos", dizendo, numa entrevista televisiva, no domingo ado, que "eles vivem no seu próprio mundo".
"Eles não são problema meu, mas culpo aqueles que os estão a pressionar em relação a tudo isto. Refiro-me aos seus professores", explicou, em declarações à cadeia local Pink TV.
O Ministério Público da Sérvia acusou 13 pessoas, incluindo um antigo ministro do governo e vários funcionários do Estado, pelo colapso do toldo da estação de comboios. No entanto, os estudantes prometeram continuar os protestos devido a dúvidas sobre a independência da investigação por parte das autoridades.