Nos próximos 60 dias, adiantou Biden, Israel irá retirar gradualmente as suas forças do sul do Líbano. Ainda assim, sublinha o chefe da Casa Branca, Israel tem direito à autodefesa se o Hezbollah violar o acordo.
O acordo de cessar-fogo entre Israel o grupo xiita Hezbollah, sediado no Líbano, entra em vigor esta quarta-feira às 4 horas locais (2 horas em Lisboa).
A trégua, já aprovada pelo governo israelita, vai durar 60 dias, confirmou o presidente dos Estados Unidos, país que mediou as conversações. Biden sublinha que o acordo foi desenhado para ser permanente.
Num discurso a partir da Casa Branca, em Washington D.C., Biden afirmou que os governos de Israel e do Líbano aceitaram a proposta dos Estados Unidos para pôr fim a um conflito “devastador". Nos próximos dois meses, adiantou, Israel irá retirar gradualmente as suas forças do sul do Líbano.
O presidente norte-americano acrescentou que os civis de ambos os lados poderão em breve regressar em segurança às suas comunidades e começar a reconstruir as suas vidas. Ainda assim, avisa Biden, se o Hezbollah violar o acordo, Israel tem o direito à autodefesa, em conformidade com o direito internacional.
Horas antes, Netanyahu já tinha anunciado o acordo de cessar-fogo, que abre espaço para pôr termo a quase 14 meses de combates iniciados após a resposta israelita ao ataque do Hamas, no dia 7 de outubro de 2023.
"Já não é o mesmo Hezbollah"
Numa comunicação ao país, Benjamin Netanyahu começou por se dirigir aos residentes do norte de Israel, dizendo-se orgulhoso da sua perseverança e resistência. O primeiro-ministro israelita deixa claro que a guerra não terminará enquanto os habitantes do norte de Israel não puderem regressar a casa em segurança.
Benjamin Netanyahu afirma que o Hezbollah sofreu um forte revés na sequência da campanha militar israelita.
“Já não é o mesmo Hezbollah”, afirmou o primeiro-ministro de Israel, acrescentando que Israel fez o grupo recuar “décadas”.
O líder israelita lembrou que Hassan Nasrallah, que qualificou como “a cabeça da serpente”, foi morto, assim como “todos os líderes” do Hezbollah.
"Destruímos a maior parte dos rockets e mísseis. Matámos milhares de terroristas e destruímos as infraestruturas subterrâneas perto das nossas fronteiras.", adiantou Netanyahu.
Reação "enérgica" a qualquer ataque
Bejamin Netanyahu afirma que se o Hezbollah violar o acordo de cessar-fogo, rearmando-se e atacando, Israel reagirá de forma “enérgica”.
“Vamos fazer cumprir o acordo e responder com força a qualquer violação. Continuaremos unidos até à vitória”, declarou.
Com o acordo, nota Netanyahu, Israel pode concentrar-se na “ameaça iraniana”.
O fim das hostilidades também permite a Israel “atualizar” e “rearmar” as suas tropas, sublinha Netanyahu, mencionando que as forças israelitas terão em breve à disposição mais armamento.
"Em breve, vamos ter armas sofisticadas que nos ajudarão a proteger as nossas tropas e nos darão ainda mais força para cumprir as nossas missões".
Outro dos objetivos do acordo de cessar-fogo, refere Netanyahu, é isolar o Hamas.
“O Hamas estava a contar com o Hezbollah a lutar em conjunto e, uma vez eliminado o Hezbollah, o Hamas fica sozinho”, frisa.
"A nossa pressão sobre o Hamas será cada vez mais forte e isso vai ajudar-nos a recuperar os nossos reféns".
Líbano exige aplicação “imediata” do cessar-fogo
Do lado libanês, já há reação ao anúncio de Benjamin Netanyahu.
O primeiro-ministro interino, Najib Mikati, afirma que a comunidade internacional deve “atuar rapidamente” para travar a ofensiva israelita “e aplicar um cessar-fogo imediato”.
Mikati acrescenta que o povo de Beirute “ou muito hoje, como sempre ou o maior fardo para todo o Líbano”.