No início do seu quinto mandato, presidente russo optou por substituir Sergei Shoigu, que teve papel fulcral na invasão da Ucrânia, por Andrei Belousov, até aqui vice-primeiro-ministro.
O presidente russo decidiu substituir o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, na esperada remodelação governativa após o início do seu quinto mandato no Kremlin.
De acordo com a legislação em vigor na Rússia, todo o governo de Moscovo se demitiu na terça-feira ada, depois da tomada de posse do presidente, mas esperava-se que Putin reconduzisse a maioria dos ministros, tal como fez com o primeiro-ministro, ainda que o destino de Shoigu levantasse dúvidas.
As dúvidas foram desfeitas no domingo: ao final do dia, Putin assinou um decreto nomeando o anterior ministro da Defesa como secretário do Conselho de Segurança da Rússia, anunciando em seguida que a pasta da Defesa seria assumida por Andrei Belousov.
Belousov precisa ainda da aprovação da câmara alta do parlamento russo para assumir o cargo. Putin terá proposto outros nomes ao parlamento para aprovação, mas Shoigu será o único ministro a ser substituído.
O adjunto de Shoigu, Timur Ivanov, foi detido no mês ado, acusado de ter recebido subornos. A detenção de Ivanov foi interpretada como um ataque a Shoigu e uma indicação de que o seu despedimento estaria para breve, apesar dos estreitos laços pessoais que mantém com Putin.
Ministério "aberto à inovação"
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse no domingo que Putin tinha decidido dar o cargo de ministro da Defesa a um civil porque o ministério deveria estar “aberto à inovação”. E acrescentou que o aumento do orçamento da defesa “tem de se enquadrar na economia do país” e que Belousov, que até há pouco tempo era primeiro vice-primeiro-ministro, é a pessoa indicada para o cargo.
Belousov, de 65 anos, ocupou cargos de chefia no departamento financeiro e económico do gabinete do primeiro-ministro e no Ministério do Desenvolvimento Económico. Em 2013, foi nomeado conselheiro de Putin e sete anos depois, em janeiro de 2020, tornou-se primeiro vice-primeiro-ministro.
Peskov garantiu que a remodelação não afetará “o aspeto militar”, que “sempre foi uma prerrogativa do Chefe do Estado-Maior”, e que o general Valery Gerasimov, que atualmente ocupa este cargo, continuará o seu trabalho.
Tatiana Stanovaya, investigadora do Carnegie Russia Eurasia Center, disse à AP que a nomeação de Shoigu para o Conselho de Segurança da Rússia mostra que a instituição serve de "reservatório" a Putin para antigas figuras proeminentes que o presidente não quer deixar cair mas para as quais não tem um lugar.
O antigo presidente russo Dmitry Medvedev também foi nomeado para este organismo, ocupando o cargo de vice-presidente desde 2020.
Shoigu foi nomeado para o Conselho de Segurança substituindo Nikolai Patrushev, aliado de longa data de Putin. O porta-voz do Kremlin disse no domingo que Patrushev vai assumir outro cargo e prometeu revelar detalhes nos próximos dias.
Shoigu tem sido amplamente visto como uma figura-chave na decisão de Putin de enviar tropas russas para a Ucrânia e era ministro da Defesa desde 2012. A Rússia esperava que a operação rapidamente esmagasse o exército ucraniano, mais pequeno e menos equipado, e que os ucranianos recebessem as tropas russas de braços abertos.
Em vez disso, o conflito incentivou a Ucrânia a montar uma defesa forte e, com o auxílio dos aliados ocidentais, infligiu golpes sérios ao exército russo, que no entanto tem estado em vantagem nos últimos tempos devido à escassez de munições de Kiev.