Candidata do Chega é Manuela Tender, ex-deputada do PSD. Bloco de Esquerda confirma voto em Assis. Aguiar-Branco falhou a eleição à primeira tentativa, tendo obtido 89 votos a favor, 134 brancos e sete nulos. Eleição para a segunda figura do Estado começa às 21h.
O Partido Social-Democrata (PSD) insiste no nome de Aguiar-Branco para presidente da Assembleia da República.
O ex-ministro social-democrata da Justiça e da Defesa sublinha que "o país não pode ficar num ime".
"O país não está em condições de ter um novo ato eleitoral, por isso vou apresentar-me novamente, esperando que consiga ser eleito. A minha motivação é apenas o interesse do país. Não preciso de garantias de nada, os deputados decidirão.”, afirmou.
Já o Partido Socialista avança com a candidatura de Francisco Assis para presidente da Assembleia da República.
O ex-líder da bancada dos socialistas, Eurico Brilhante Dias, descreve Assis como "um político de provas dadas" e um dos melhores do PS, lembrando que ele já foi líder parlamentar e presidente do Conselho Económico e Social.
Brilhante Dias salienta que o grupo parlamentar do PS tem "a mesma dimensão" do grupo do PSD e tinha de apresentar um nome.
"Aquilo que um partido responsável faz é oferecer à câmara um dos seus melhores", frisou, pedindo às "forças democráticas" para que votem em Assis.
Esta será uma corrida a três, já que o Chega entra em jogo eapresenta Manuela Tender como candidata à liderança do Parlamento.
Trata-se de uma ex-deputada do PSD e atual parlamentar do Chega.
Bloco vota em Assis, P não anuncia sentido de voto
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, revelou que o partido votará em Francisco Assis, para que o Parlamento tenha "“um presidente ainda hoje”.
O bloquista adiantou também que o partido votará contra qualquer candidato da direita, considerando que o PSD e o Chega protagonizaram "uma bagunça"
A líder parlamentar do P, Paula Santos, mostra "preocupação" perante a indefinição em torno do presidente do Parlamento, sem anunciar o sentido de voto do partido.
“Marcaremos a nossa posição com seriedade e não contribuiremos para folhetins políticos”, revelou.
Paula Santos classificou ainda como "insólita" e "inusitada" a situação, tendo em conta o acordo "anunciado publicamente" pelo Chega.
Segundo o Expresso, o Livre vai votar em Francisco Assis.
Tarde agitada no Parlamento
Numa votação secreta, o ex-ministro da Justiça e da Defesa José Pedro Aguiar-Branco, 66 anos, falhou a eleição para presidente da Assembleia da República: teve 89 votos a favor, 134 brancos e sete nulos, não conseguindo o número mínimo de 116 deputados em 230.
O chumbo causou surpresa, uma vez que esta segunda-feira o líder do Chega, André Ventura, tinha anunciado um acordo com o PSD para assegurar a eleição de Aguiar-Branco.
Segundo o regimento da Assembleia da República, o presidente do Parlamento é eleito na primeira reunião plenária da legislatura por maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções.
"Se nenhum dos candidatos obtiver esse número de votos, procede-se imediatamente a segundo sufrágio, ao qual concorrem apenas os dois candidatos mais votados que não tenham retirado a candidatura. Se nenhum candidato for eleito, é reaberto o processo", lê-se no regimento.
André Ventura fala em "bloqueio da AD"
O líder do Chega deixa claro que os sociais-democratas "têm de escolher as companhias" e clarificar com querem trabalhar.
"Durante a manhã toda, dirigentes e responsáveis do PSD disseram que nao havia acordo nenhum com o Chega. Mentira. Não podem estar a humilhar um milhão de portugueses.", declarou Ventura aos jornalistas durante a interrupção dos trabalhos.
"Apesar de ter sido desrespeitado, dei indicação pública para um voto favorável", acrescentou.
André Ventura, que chefia a terceira força política em Portugal, publicou um vídeo na rede social X a relatar o que se ou no Parlamento:
Também o deputado do Chega, Pedro Frazão, fez uma publicação na mesma rede social em jeito de provocação, aludindo à célebre expressão "não é não" de Montenegro quando questionado sobre se faria acordos com o Chega.
PS diz que "acordo à direita não funcionou"
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, lamenta ter sabido pela comunicação social que havia um acordo entre PSD e Chega para viabilizar os os respetivos candidatos à presidência e vice-presidência do Parlamento.
" O acordo à direita não funcionou, foi rasgado em menos de 24 horas”, afirmou.
Brilhante Dias declarou que "acusar o PS de constituir uma coligação com o Chega é apenas má-fé".
"O PS não foi tido nem achado nos acordos da direita”, acrescentou.
"Votar Chega é votar PS"
A Iniciativa Liberal afirma que o PS e o Chega se uniram contra a eleição de Aguiar-Branco para a presidência da Assembleia da República.
"Votar Chega é votar PS", escreveu o partido na rede social X.
Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, reitera que o Chega se aliou ao Partido Socialista para boicotar a eleição de Aguiar-Branco e sublinha que o partido liderado por André Ventura não é confiável.
"Fica dado o sinal de que há partidos que não são confiáveis e estão aqui para criar chicana política permanente".
O deputado da Iniciativa Liberal, Bernardo Blanco, afirma que já tinha alertado na semana ada para "uma maioria socialista e chegana.".
"Cá está ela", referiu no X.
O também vice-presidente dos liberais pediu uma reflexão a quem optou por mostrar o seu desagrado através de um voto na extrema-direita.
"A quem votou Chega pelo protesto, peço que comecem a refletir pelo País.", escreveu.
À esquerda, o Livre criticou a opção do PSD de ter procurado um acordo com o Chega para garantir a eleição do presidente do Parlamento.
"Quando se estende a mão à extrema-direita, a extrema-direita arranca o braço", afirmou Paulo Muacho, um dos quatro parlamentares eleitos pelo Livre.