{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2023/04/26/o-que-fazer-em-caso-de-acidente-nuclear" }, "headline": "O que fazer em caso de acidente nuclear?", "description": "Numa altura em que se assinalam 37 anos sobre o acidente nuclear de Chernobyl, aumentam os receios relativamente a um novo acidente na Ucr\u00e2nia", "articleBody": "Embora tenha ocorrido h\u00e1 37 anos, a cat\u00e1strofe nuclear de Chernobyl continua a ensombrar o debate sobre a seguran\u00e7a da energia nuclear. A amea\u00e7a de um novo acidente nuclear na Europa regressou no ano ado, quando as for\u00e7as russas\u00a0 ocuparam a \u0022zona de exclus\u00e3o\u0022 em torno da central de Chernobyl durante mais de cinco semanas, tendo sido possivelmente afetados pelas radia\u00e7\u00f5es. 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Conselhos locais na Europa Os residentes perto da base da Royal Navy em Portsmouth , Inglaterra, receberam conselhos pormenorizados da autarquia local sobre o que fazer em caso de acidente nuclear. Foi-lhes dito que, embora qualquer acidente nuclear fosse provavelmente pequeno e contido dentro da base - e de modo algum se assemelhasse \u00e0 explos\u00e3o de uma bomba nuclear - as pessoas poderiam ainda assim ser expostas a part\u00edculas radioativas ou entrarem em contato com superf\u00edcies, alimentos ou \u00e1gua pot\u00e1vel contaminados. \u0022A melhor maneira de se manter seguro \u00e9 ficar dentro de casa com as janelas e portas fechadas, de forma a evitar o contato com quaisquer part\u00edculas radioativas\u0022, aconselha a autarquia local. \u0022Feche todas as suas portas e janelas para reduzir o risco de contamina\u00e7\u00e3o no edif\u00edcio. 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De acordo com as conclus\u00f5es dos estudos, um acidente nuclear na Su\u00ed\u00e7a poderia afetar potencialmente 16 a 24 milh\u00f5es de europeus, dependendo das condi\u00e7\u00f5es meteorol\u00f3gicas, com milhares de mortes relacionadas com a radia\u00e7\u00e3o para al\u00e9m das fronteiras da Su\u00ed\u00e7a . Alguns pa\u00edses j\u00e1 est\u00e3o a tomar tomar medidas para minimizarem a amea\u00e7a de um acidente nuclear nos pa\u00edses vizinhos. O reator nuclear mais antigo da Gr\u00e3-Bretanha , o reator de Sellafield, agora desativado, tem sido uma dor de cabe\u00e7a durante d\u00e9cadas: um inc\u00eandio em 1957 emitiu part\u00edculas radioativas para o ar, que foram detetadas na Escandin\u00e1via e na Alemanha; os res\u00edduos foram despejados e inadvertidamente descarregados no mar da Irlanda em mais de uma ocasi\u00e3o. A opera\u00e7\u00e3o de limpeza incrivelmente complexa que prossegue no local custa ao Estado brit\u00e2nico cerca de 2,25 mil milh\u00f5es de euros por ano e comporta riscos significativos de liberta\u00e7\u00e3o de mais res\u00edduos radioativos para a \u00e1gua do mar, com os quais a Irlanda , a Isl\u00e2ndia e o noroeste da Europa em geral ter\u00e3o de lidar. Quando a central nuclear de Fukushima Daiichi , no Jap\u00e3o, foi danificada por um tsunami em 2021 , as autoridades japonesas evacuaram toda a gente num raio de 20 km \u00e0 sua volta, o que significou que 109 mil pessoas foram deslocadas e dezenas de milhares de outras abandonaram as \u00e1reas pr\u00f3ximas da central por sua pr\u00f3pria vontade. Mas quando os investigadores brit\u00e2nicos William Nuttall e Philip Thomas realizaram uma experi\u00eancia para ver o que seria necess\u00e1rio se uma cat\u00e1strofe semelhante acontecesse no sul de Inglaterra, calcularam que a evacua\u00e7\u00e3o s\u00f3 teria de envolver uma aldeia pr\u00f3xima. A concep\u00e7\u00e3o de Chernobyl e a neglig\u00eancia dos protocolos de seguran\u00e7a foram a raz\u00e3o para a liberta\u00e7\u00e3o maci\u00e7a de radia\u00e7\u00e3o; os reatores mais modernos, que s\u00e3o constru\u00eddos com recipientes de conten\u00e7\u00e3o, n\u00e3o apresentam geralmente o mesmo n\u00edvel de risco. De qualquer forma, at\u00e9 pode n\u00e3o lhe ser pedido - ou for\u00e7ado - a sair. Como os investigadores salientaram, a agita\u00e7\u00e3o provocada por uma evacua\u00e7\u00e3o em massa pode, a longo prazo, por si s\u00f3, apresentar problemas de sa\u00fade p\u00fablica. \u0022A Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade documentou as perturba\u00e7\u00f5es causadas pela cat\u00e1strofe de Chernobyl entre a comunidade deslocada e deparou-se com um legado de depress\u00e3o e alcoolismo\u0022, referem no The Conversation . \u0022Entre a popula\u00e7\u00e3o, o aumento dos suic\u00eddios e do abuso de subst\u00e2ncias pode encurtar a vida das pessoas evacuadas muito mais do que os danos sofridos com a radia\u00e7\u00e3o nas suas antigas casas. Est\u00e3o a come\u00e7ar a surgir provas semelhantes em Fukushima , especialmente no que diz respeito ao suic\u00eddio masculino\u0022. Por enquanto, a tend\u00eancia global do nuclear na Europa n\u00e3o \u00e9 clara, mas o sector n\u00e3o est\u00e1 a desaparecer. Com o desmantelamento de centrais suspenso em v\u00e1rios locais, pa\u00edses como a Finl\u00e2ndia est\u00e3o a ativar novos reatores para colmatarem a lacuna energ\u00e9tica criada pela situa\u00e7\u00e3o na R\u00fassia - o que significa que os cidad\u00e3os v\u00e3o viver com reatores concebidos para funcionarem durante meio s\u00e9culo ou mais. 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O que fazer em caso de acidente nuclear?

Visitante na central nuclear de Fukushima Dai-ichi da Tokyo Electric Power Co.
Visitante na central nuclear de Fukushima Dai-ichi da Tokyo Electric Power Co. Direitos de autor AP Photo
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Numa altura em que se assinalam 37 anos sobre o acidente nuclear de Chernobyl, aumentam os receios relativamente a um novo acidente na Ucrânia

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Embora tenha ocorrido há 37 anos, a catástrofe nuclear de Chernobyl continua a ensombrar o debate sobre a segurança da energia nuclear.

A ameaça de um novo acidente nuclear na Europa regressou no ano ado, quando as forças russas  ocuparam a "zona de exclusão" em torno da central de Chernobyl durante mais de cinco semanas, tendo sido possivelmente afetados pelas radiações.

E o mundo está também a acompanhar com ansiedade a situação na central nuclear ucraniana de Zaporíjia , que escapou por pouco a um pesado bombardeamento pelas forças russas.

Para além dos acontecimentos na Ucrânia, as opiniões sobre o futuro da energia nuclear diferem entre os países . A Alemanha comprometeu-se a encerrar totalmente a sua rede nuclear após o desastre de Fukushima, em 2011, e completou o processo na Primavera deste ano, mas milhões de europeus continuam a viver a uma curta distância de pelo menos uma central nuclear.

Sempre que o espectro de Chernobyl é reavivado - seja pela guerra ou por uma série televisiva aclamada pela crítica - as pessoas começam invevitavelmente a perguntar-se o que acontecerá se algo correr mal.

Conselhos locais na Europa

Os residentes perto da base da Royal Navy em Portsmouth, Inglaterra, receberam conselhos pormenorizados da autarquia local sobre o que fazer em caso de acidente nuclear.

Foi-lhes dito que, embora qualquer acidente nuclear fosse provavelmente pequeno e contido dentro da base - e de modo algum se assemelhasse à explosão de uma bomba nuclear - as pessoas poderiam ainda assim ser expostas a partículas radioativas ou entrarem em contato com superfícies, alimentos ou água potável contaminados.

"A melhor maneira de se manter seguro é ficar dentro de casa com as janelas e portas fechadas, de forma a evitar o contato com quaisquer partículas radioativas", aconselha a autarquia local.

"Feche todas as suas portas e janelas para reduzir o risco de contaminação no edifício. Desligue as ventoinhas, o equipamento de ventilação ou máquinas como caldeiras de aquecimento central e lareiras a gás, que puxam o ar do exterior", diz a autarquia.

As pessoas são também encorajadas a ouvirem rádio ou a consultarem a internet para obterem notícias e informações evitando contudo utilizarem os telemóveis para não sobecarregar a rede.

Efrem Lukatsky/AP
Chaminé sobre o reator danificado na central nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, a 25 de Agosto de 2013Efrem Lukatsky/AP

Em França, as instruções de preparação emitidas pelo governo em caso de acidente nuclear referem que estes são classificados numa escala de 1 a 7, sendo 7 igual ao desastre de Chernobyl.

Existem 56 centrais nucleares em França e, em caso de acidente, o governo aconselha as pessoas a terem um kit de emergência preparado com cópias de documentos importantes e medicamentos, bem como roupas, alimentos e água.

As pessoas são aconselhadas a manterem-se dentro de casa - com as janelas fechadas - e a tomarem  comprimidos de iodo para contrariar qualquer envenenamento por radiação.

Entretanto, em Espanha, onde sete centrais nucleares geram cerca de 20% da energia do país ibérico,
o governo produziu recomendações numa dúzia de línguas diferentes em caso de ocorrência de uma emergência.

"A melhor forma de nos mantermos seguros em qualquer emergência que envolva radiação é ficar dentro de casa e acompanhar as notícias. Colocar barreiras entre a pessoa e a radiação proporciona proteção adicional enquanto se aguardam instruções das equipas de intervenção", aconselham as autoridades espanholas.

E na Suécia, com seis reactores em três centrais nucleares, as autoridades emitiram conselhos que dizem às pessoas que "preparação significa estar preparado para o inesperado... e ser capaz de minimizar as consequências de um acidente".

As instruções dizem para se manter a uma boa distância da fonte de radiação, estar na área contaminada o menos tempo possível, e manter uma barreira entre si e a fonte de radiação, por exemplo, estando dentro de casa.

Mikael Fritzon/AP
Fotografia de arquivo de 22 de Maio de 2008 do exterior da central nuclear de Oskarshamn, no sudeste da SuéciaMikael Fritzon/AP

Centrais nucleares mais antigas apresentam mais riscos

Felizmente, é muito improvável que os europeus fiquem expostos a radiações na sequência de um acidente numa central nuclear - embora não seja totalmente impossível.

O que tornou a explosão de 1986 em Chernobyl num desastre de enormes proporções foi a combinação entre uma concepção deficiente, práticas de segurança ineficazes, um teste mal gerido e informações confusas após o desastre. A maior parte destes factores não estão presentes nas centrais modernas de energia nuclear na Europa.

No entanto, isso não impediu os europeus de tentarem perceber o que lhes poderia acontecer em caso de catástrofe nuclear algures no continente.

Os cientistas do Institut Biosphère de Genebra analisaram em pormenor os danos que poderiam resultar de um acidente numa das cinco centrais nucleares suíças, entre as quais o reactor mais antigo do mundo ainda em funcionamento, Benzau I.

De acordo com as conclusões dos estudos, um acidente nuclear na Suíça poderia afetar potencialmente 16 a 24 milhões de europeus, dependendo das condições meteorológicas, com milhares de mortes relacionadas com a radiação para além das fronteiras da Suíça.

Alguns países já estão a tomar tomar medidas para minimizarem a ameaça de um acidente nuclear nos países vizinhos. O reator nuclear mais antigo da Grã-Bretanha, o reator de Sellafield, agora desativado, tem sido uma dor de cabeça durante décadas: um incêndio em 1957 emitiu partículas radioativas para o ar, que foram detetadas na Escandinávia e na Alemanha; os resíduos foram despejados e inadvertidamente descarregados no mar da Irlanda em mais de uma ocasião.

A operação de limpeza incrivelmente complexa que prossegue no local custa ao Estado britânico cerca de 2,25 mil milhões de euros por ano e comporta riscos significativos de libertação de mais resíduos radioativos para a água do mar, com os quais a Irlanda, a Islândia e o noroeste da Europa em geral terão de lidar.

DAVE THOMPSON/AP2007
Imagem de 23 de Maio de 2007 da central nuclear de Sellafield, InglaterraDAVE THOMPSON/AP2007

Quando a central nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, foi danificada por um tsunami em 2021, as autoridades japonesas evacuaram toda a gente num raio de 20 km à sua volta, o que significou que 109 mil pessoas foram deslocadas e dezenas de milhares de outras abandonaram as áreas próximas da central por sua própria vontade.

Mas quando os investigadores britânicos William Nuttall e Philip Thomas realizaram uma experiência para ver o que seria necessário se uma catástrofe semelhante acontecesse no sul de Inglaterra, calcularam que a evacuação só teria de envolver uma aldeia próxima.

A concepção de Chernobyl e a negligência dos protocolos de segurança foram a razão para a libertação maciça de radiação; os reatores mais modernos, que são construídos com recipientes de contenção, não apresentam geralmente o mesmo nível de risco.

De qualquer forma, até pode não lhe ser pedido - ou forçado - a sair. Como os investigadores salientaram, a agitação provocada por uma evacuação em massa pode, a longo prazo, por si só, apresentar problemas de saúde pública.

"A Organização Mundial da Saúde documentou as perturbações causadas pela catástrofe de Chernobyl entre a comunidade deslocada e deparou-se com um legado de depressão e alcoolismo", referem no The Conversation. "Entre a população, o aumento dos suicídios e do abuso de substâncias pode encurtar a vida das pessoas evacuadas muito mais do que os danos sofridos com a radiação nas suas antigas casas. Estão a começar a surgir provas semelhantes em Fukushima, especialmente no que diz respeito ao suicídio masculino".

Por enquanto, a tendência global do nuclear na Europa não é clara, mas o sector não está a desaparecer. Com o desmantelamento de centrais suspenso em vários locais, países como a Finlândia estão a ativar novos reatores para colmatarem a lacuna energética criada pela situação na Rússia - o que significa que os cidadãos vão viver com reatores concebidos para funcionarem durante meio século ou mais.

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