Autoridades alegam que o evento desrespeitou uma lei que proíbe atividades na Rússia de organizações não governamentais estrangeiras ou consideradas indesejáveis
Cerca de 200 pessoas foram detidas este sábado de manhã em Moscovo, informou a TASS.
A agência estatal russa, citando Marina Litvinovich, membro da Comissão de Monitorização Pública de Moscovo, tinha começado por falar em 170 detidos e noticiou que os detidos participavam no comício da União de Democratas, uma coligação de forças de oposição ao presidente Vladimir Putin.
A responsável referiu `a agência que os detidos tinham violado o Artigo 20.33 do Código de Ofensas istrativas da Federação Russa, que proíbe atividades em território nacional de organizações não governamentais estrangeiras ou consideradas indesejáveis.
A assessoria de imprensa do Ministério da istração Interna deu entretanto outra explicação à TASS, afirmando que "um grupo de cidadãos, representantes de uma organização pública, tentou realizar um evento público em violação das restrições sanitárias e epidemiológicas em vigor", nomeadamente "parte dos participantes no possuía equipamento de proteção individual", o que "é indesejável no território da Federação russa".
O evento foi organizado por Andrei Pivovarov, diretor-executivo do Open Russia, um grupo sediado no Reino Unido fundado pelo antigo magnata russo do petróleo e agora exilado Mikhail Khodorkovsky, um assumido opositor do partido Rússia Unida, do atual Presidente Vladimir Putin.
O programa previa dois dias de comício de vários agentes insatisfeitos com a atual situação política no país.
Agências de notícias internacionais dão voz aos promotores do evento, revelando que "cerca de 40 minutos após o início do comício, a polícia russa invadiu a sala".
Mesmo os jornalistas que faziam a cobertura do comício terão sido detidos.
"Todos os deputados foram detidos e levados para os comissariados", escreveu um dos participantes no evento numa publicação de Facebook citada pela Press.
Pelas redes sociais foram sendo partilhadas fotografias registadas pelos detidos dentro das carrinhas das forças de segurança.
"Os policias alegaram que o evento foi organizado por uma organização indesejável", afirmaram representantes da Open Russia à agência russa Interfax.
A equipa de apoio a Alexei Navalny, o principal opositor de Putin e atualmente detido, reagiu ao ocorrido esta manhã em Moscovo, defendeu pela rede social Telegram que "o motivo da anulação deste comício é clara": "as autoridades têm medo de qualquer competição nas eleições e tentam intimidar os opositores."
A equipa de Navalny acrescenta que "o apoio do partido Rússia Unida está em baixo e ganhar as eleições, mesmo com fraude, torna-se mais difícil".
Entre os detidos estava Yulia Galyamina, filmada junto a uma das carrinhas de detenção a tentar explicar aos agentes que lhe estavam a violar a respetiva liberdade política enquanto deputada municipal e representante do povo.
A Rússia tem eleições legislativas marcadas para 19 de setembro deste ano.