{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2021/03/12/como-avancam-as-obras-em-fukushima" }, "headline": "Como avan\u00e7am as obras em Fukushima", "description": "A empresa gestora da central e as autoridades japonesas continuam os trabalhos de descontamina\u00e7\u00e3o, dez anos depois do desastre.", "articleBody": "Durante o tsunami de h\u00e1 dez anos, uma onda de 15 metros destruiu quatro dos seis reatores da central nuclear de Fukushima Daiichi, a norte de T\u00f3quio. Desde a cat\u00e1strofe, o governo e a Tepco, operadora do local, est\u00e3o a liderar o desmantelamento da central que inclui a descontamina\u00e7\u00e3o, que dever\u00e1 estar conclu\u00edda em 30 a 40 anos. A central tinha seis reatores, todos eles encerrados. Os reatores 5 e 6 foram poupados pela onda. O 4 foi esvaziado do combust\u00edvel. Ap\u00f3s o tsunami , a primeira fase foi parar os reactores e evitar novas emiss\u00f5es de radioatividade, despejando \u00e1gua nas instala\u00e7\u00f5es. \u0022O arrefecimento dos reatores foi o mais importante, por isso \u00e9 que come\u00e7\u00e1mos com isso. E depois tivemos de tomar conta das piscinas de combust\u00edvel\u0022, diz Takahiro Kimoto, da TEPCO. A segunda fase consiste em remover o combust\u00edvel presente nas piscinas do reator e demora mais 10 anos. No m\u00eas ado, a remo\u00e7\u00e3o de cerca de dois ter\u00e7os das varas de combust\u00edvel dos reatores acidentados foi conclu\u00edda com a utiliza\u00e7\u00e3o de rob\u00f4s. A terceira fase envolve a remo\u00e7\u00e3o de detritos: uma opera\u00e7\u00e3o longa e delicada que ter\u00e1 lugar nos reatores 1, 2, e 3. Foi adiada devido \u00e0 crise da Covid. No local, 4000 a 5000 pessoas trabalham diariamente, muitas sem prote\u00e7\u00e3o, no esfor\u00e7o de descontamina\u00e7\u00e3o do local, mas n\u00e3o \u00e9 este o caso nesta sec\u00e7\u00e3o essencial, nas instala\u00e7\u00f5es ALPS. Esta inova\u00e7\u00e3o americana, especialmente criada para Fukushima, filtra a \u00e1gua contaminada. Teruki Fukumatsu, da Toshiba Energy Systems, explica: \u0022Aqui, o reator danificado cont\u00e9m combust\u00edvel fundido e tem de ser arrefecido permanentemente, por isso deitamos \u00e1gua sobre ele. A \u00e1gua contaminada que sai \u00e9 absorvida por uma bomba e \u00e9 enviada para este sistema ALPS e a radia\u00e7\u00e3o \u00e9 praticamente removida, exceto o tr\u00edtio, para ser finalmente armazenada em tanques\u0022. O tr\u00edtio \u00e9 uma parte radioativa da mol\u00e9cula da \u00e1gua, presente na natureza, explica Georg Steinha, da Universidade Leibniz de Han\u00f4ver, que visitou Fukushima tr\u00eas vezes: \u0022O tr\u00edtio n\u00e3o se acumula no corpo humano, porque tem uma meia-vida muito curta, \u00e9 rapidamente eliminado pelo organismo. O tr\u00edtio \u00e9 geralmente o menor dos problemas\u0022. A \u00e1gua tratada \u00e9 ent\u00e3o armazenada em mil tanques contendo 1,24 milh\u00f5es de metros c\u00fabicos de \u00e1gua. Mas estes tanques estar\u00e3o cheios em 2022. Por conseguinte, esta \u00e1gua ter\u00e1 de ser drenada, tendo sido propostos dois planos: A liberta\u00e7\u00e3o para o ar ou a descarga no mar. Estas duas solu\u00e7\u00f5es preocupam os pescadores e agricultores locais, que receiam que os produtos voltem a ganhar m\u00e1 reputa\u00e7\u00e3o e que as vendas sofram. O governo est\u00e1 a considerar a melhor solu\u00e7\u00e3o, que ser\u00e1 implementada dentro de dois anos, assim que tiver luz verde da Autoridade de Seguran\u00e7a Nuclear, um organismo independente criado ap\u00f3s o desastre de Fukushima que supervisiona a seguran\u00e7a. Estas liberta\u00e7\u00f5es s\u00e3o comuns em todo o mundo, diz Christophe Xerri, perito da Ag\u00eancia Internacional de Energia At\u00f3mica (AIEA), entrevistado pela euronews: \u0022Todos os reatores nucleares est\u00e3o autorizados a libertar pequenas quantidades de radioatividade na \u00e1gua e no ar, tudo isso est\u00e1 sujeito a controlo regulamentar\u0022. De acordo com os peritos, este acidente n\u00e3o tem compara\u00e7\u00e3o poss\u00edvel com Chernobyl. Diz Georg Steinha: \u0022Chernobyl, por exemplo, libertou uma enorme quantidade de plut\u00f3nio e amer\u00edcio. Portanto, Chernobyl ficar\u00e1 contaminada para sempre. Fukushima \u00e9 uma hist\u00f3ria completamente diferente. Porque o que Fukushima libertou foi, basicamente, c\u00e9sio radioativo. O c\u00e9sio 137 tem uma meia-vida de 30 anos\u0022. Desde a cat\u00e1strofe, o Jap\u00e3o alterou as normas de seguran\u00e7a para as centrais nucleares e est\u00e1 agora a partilhar a experi\u00eancia com o mundo. De acordo com os peritos da AIEA, que visitou o local pela \u00faltima vez no ano ado, os m\u00e9todos, an\u00e1lises e medi\u00e7\u00f5es da radioatividade s\u00e3o fi\u00e1veis. ", "dateCreated": "2021-03-02T09:23:59+01:00", "dateModified": "2021-04-06T14:32:28+02:00", "datePublished": "2021-03-12T16:40:05+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F42%2F29%2F92%2F1440x810_cmsv2_74a3402c-d4d3-57b8-ace2-3b74464d10f4-5422992.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "A empresa gestora da central e as autoridades japonesas continuam os trabalhos de descontamina\u00e7\u00e3o, dez anos depois do desastre.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F42%2F29%2F92%2F432x243_cmsv2_74a3402c-d4d3-57b8-ace2-3b74464d10f4-5422992.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Person", "name": "Laurence Alexandrowicz" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Como avançam as obras em Fukushima

Em parceria com
Como avançam as obras em Fukushima
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Laurence AlexandrowiczSerge Rombi
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notícia
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A empresa gestora da central e as autoridades japonesas continuam os trabalhos de descontaminação, dez anos depois do desastre.

PUBLICIDADE

Durante o tsunami de há dez anos, uma onda de 15 metros destruiu quatro dos seis reatores da central nuclear de Fukushima Daiichi, a norte de Tóquio. Desde a catástrofe, o governo e a Tepco, operadora do local, estão a liderar o desmantelamento da central que inclui a descontaminação, que deverá estar concluída em 30 a 40 anos.

A central tinha seis reatores, todos eles encerrados. Os reatores 5 e 6 foram poupados pela onda. O 4 foi esvaziado do combustível. Após o tsunami, a primeira fase foi parar os reactores e evitar novas emissões de radioatividade, despejando água nas instalações.

"O arrefecimento dos reatores foi o mais importante, por isso é que começámos com isso. E depois tivemos de tomar conta das piscinas de combustível", diz Takahiro Kimoto, da TEPCO.

A segunda fase consiste em remover o combustível presente nas piscinas do reator e demora mais 10 anos. No mês ado, a remoção de cerca de dois terços das varas de combustível dos reatores acidentados foi concluída com a utilização de robôs.

A terceira fase envolve a remoção de detritos: uma operação longa e delicada que terá lugar nos reatores 1, 2, e 3. Foi adiada devido à crise da Covid.

No local, 4000 a 5000 pessoas trabalham diariamente, muitas sem proteção, no esforço de descontaminação do local, mas não é este o caso nesta secção essencial, nas instalações ALPS. Esta inovação americana, especialmente criada para Fukushima, filtra a água contaminada.

Teruki Fukumatsu, da Toshiba Energy Systems, explica: "Aqui, o reator danificado contém combustível fundido e tem de ser arrefecido permanentemente, por isso deitamos água sobre ele. A água contaminada que sai é absorvida por uma bomba e é enviada para este sistema ALPS e a radiação é praticamente removida, exceto o trítio, para ser finalmente armazenada em tanques".

O trítio é uma parte radioativa da molécula da água, presente na natureza, explica Georg Steinha, da Universidade Leibniz de Hanôver, que visitou Fukushima três vezes: "O trítio não se acumula no corpo humano, porque tem uma meia-vida muito curta, é rapidamente eliminado pelo organismo. O trítio é geralmente o menor dos problemas".

A água tratada é então armazenada em mil tanques contendo 1,24 milhões de metros cúbicos de água. Mas estes tanques estarão cheios em 2022. Por conseguinte, esta água terá de ser drenada, tendo sido propostos dois planos: A libertação para o ar ou a descarga no mar. Estas duas soluções preocupam os pescadores e agricultores locais, que receiam que os produtos voltem a ganhar má reputação e que as vendas sofram.

O governo está a considerar a melhor solução, que será implementada dentro de dois anos, assim que tiver luz verde da Autoridade de Segurança Nuclear, um organismo independente criado após o desastre de Fukushima que supervisiona a segurança.

Estas libertações são comuns em todo o mundo, diz Christophe Xerri, perito da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), entrevistado pela euronews: "Todos os reatores nucleares estão autorizados a libertar pequenas quantidades de radioatividade na água e no ar, tudo isso está sujeito a controlo regulamentar".

De acordo com os peritos, este acidente não tem comparação possível com Chernobyl. Diz Georg Steinha: "Chernobyl, por exemplo, libertou uma enorme quantidade de plutónio e amerício. Portanto, Chernobyl ficará contaminada para sempre. Fukushima é uma história completamente diferente. Porque o que Fukushima libertou foi, basicamente, césio radioativo. O césio 137 tem uma meia-vida de 30 anos".

Desde a catástrofe, o Japão alterou as normas de segurança para as centrais nucleares e está agora a partilhar a experiência com o mundo. De acordo com os peritos da AIEA, que visitou o local pela última vez no ano ado, os métodos, análises e medições da radioatividade são fiáveis.

Nome do jornalista • Ricardo Figueira

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notícia