{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2021/03/08/as-mulheres-do-sal-da-guine-bissau" }, "headline": "As mulheres do sal da Guin\u00e9-Bissau", "description": "As mulheres do sal da Guin\u00e9-Bissau trabalham de sol a sol e gastam dinheiro para alimentar fam\u00edlia e pagar escola dos filhos.", "articleBody": "As mulheres da comunidade de Ponta Z\u00e9 Henrique, a 30 quil\u00f3metros da capital da Guin\u00e9-Bissau, nem sabem da exist\u00eancia do Dia Internacional das Mulheres, mas sabem que se n\u00e3o produzirem sal n\u00e3o v\u00e3o ter o que comer. A ag\u00eancia Lusa visitou um acampamento improvisado \u00e0 beira rio, onde cerca de tr\u00eas dezenas de mulheres da comunidade de Ponta Z\u00e9 Henrique, trabalham, desde sempre, dizem, de sol a sol, no processo de produ\u00e7\u00e3o do sal de cozinha que vendem em Bissau ou em Quinhamel. Cada quilograma de sal equivale a cerca 50 c\u00eantimos de euros, dinheiro com que compram a comida para a fam\u00edlia ou pagam a escola das crian\u00e7as, disse \u00e0 Lusa Maria Monteiro, a porta-voz da associa\u00e7\u00e3o das mulheres produtoras de sal da comunidade de Ponta Z\u00e9 Henrique. Existem duas t\u00e9cnicas de produ\u00e7\u00e3o do sal, a tradicional e uma nova que as mulheres daquela comunidade est\u00e3o a aprender a partir da iniciativa de Salom\u00e9 dos Santos, a deputada e advogada luso-guineense, conhecida pelos apoios que d\u00e1 \u00e0s comunidades rurais da regi\u00e3o de Biombo, a noroeste da Guin\u00e9-Bissau. Maria Monteiro explicou \u00e0 Lusa que fazer sal de forma tradicional obriga as mulheres a apanhar salinas, a \u00e1gua salgada do rio e a cortar lenha para cozinhar tudo. \u0022\u00c9 um processo \u00e1rduo que pode obrigar a 72 horas de trabalho ininterrupto\u0022 para que a mulher consiga produzir um alguidar de sal para, referiu Maria Monteiro, ganhar cinco mil francos CFA (cerca de 7,5 euros), o que \u0022j\u00e1 \u00e9 muito dinheiro\u0022. Para aligeirar a vida das mulheres da comunidade de Ponta Z\u00e9 Henrique, Salom\u00e9 dos Santos contratou a associa\u00e7\u00e3o de Beatriz da Gama, uma animadora comunit\u00e1ria, para ensin\u00e1-las como produzir sal sem terem que ficar muitos dias no acampamento e ainda a ganhar mais dinheiro. A nova t\u00e9cnica, contou Beatriz da Gama, consiste em produzir o sal solar, que a por colocar a \u00e1gua que sai da lavagem da salina num saco de pl\u00e1stico de tr\u00eas metros de comprimento por dois de largura, num canteiro no ch\u00e3o. Ap\u00f3s uma exposi\u00e7\u00e3o ao sol de cerca de cinco horas a produtora j\u00e1 pode regressar ao acampamento e apanhar o sal, referiu Beatriz da Gama, salientando que a t\u00e9cnica reduz o tempo de produ\u00e7\u00e3o, implica menor esfor\u00e7o e maiores resultados, disse. Enquanto na forma tradicional a produtora apenas consegue 20 a 30 quilogramas por cada 72 horas de trabalho e ainda corta a floresta para ter lenha para cozinhar, a nova t\u00e9cnica permite produzir at\u00e9 100 quilogramas e as mulheres ainda ficam com tempo para se ocuparem de outras tarefas em casa, frisou Beatriz da Gama. Salom\u00e9 dos Santos tem como aposta pessoal contribuir para a mudan\u00e7a da condi\u00e7\u00e3o de trabalho das mulheres da Ponta Z\u00e9 Henrique por n\u00e3o concordar com o que ganham na produ\u00e7\u00e3o do sal, tendo em conta as dificuldades que enfrentam. Salom\u00e9 dos Santos afirma que as mulheres est\u00e3o a vender sal \u0022a um pre\u00e7o muito barato pelo trabalho que fazem\u0022, mas mesmo assim, disse, continuam a produzir porque precisam de dinheiro. \u0022Aqui nas \u2018tabancas' as mulheres \u00e9 que sustentam os filhos. Elas \u00e9 que pagam a escola dos filhos, elas \u00e9 que fazem, praticamente, tudo. E nesta altura que estamos a come\u00e7ar a campanha de caju, primeiro v\u00e3o para a apanha do caju, depois \u00e9 que v\u00e3o para (produ\u00e7\u00e3o) o sal\u0022, explicou Salom\u00e9 dos Santos. Salom\u00e9 dos Santos est\u00e1 satisfeita por saber que com a nova forma de produzir sal, j\u00e1 v\u00e3o conseguir apanhar o caju - principal produto agr\u00edcola e de exporta\u00e7\u00e3o da Guin\u00e9-Bissau - enquanto aguardam que o sol fa\u00e7a o seu trabalho. Quando questionado sobre se no Dia Internacional da Mulher v\u00e3o realizar alguma festa na comunidade, Maria Monteiro, a porta-voz, disse que a \u00fanica coisa que conhece, desde a sua juventude, \u00e9 trabalhar no sal, mas que agora quer ensinar as netas sobre o dia, que at\u00e9 \u00e9 feriado nacional. ", "dateCreated": "2021-03-08T05:25:15+01:00", "dateModified": "2021-03-08T11:28:16+01:00", "datePublished": "2021-03-08T11:28:12+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F43%2F50%2F04%2F1440x810_cmsv2_3e98beaf-c2f4-5017-a9c8-83cc34bfb8fa-5435004.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "As mulheres do sal na Guin\u00e9-Bissau", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F05%2F43%2F50%2F04%2F432x243_cmsv2_3e98beaf-c2f4-5017-a9c8-83cc34bfb8fa-5435004.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

As mulheres do sal da Guiné-Bissau

As mulheres do sal na Guiné-Bissau
As mulheres do sal na Guiné-Bissau Direitos de autor LUSA
Direitos de autor LUSA
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

As mulheres do sal da Guiné-Bissau trabalham de sol a sol e gastam dinheiro para alimentar família e pagar escola dos filhos.

PUBLICIDADE

As mulheres da comunidade de Ponta Zé Henrique, a 30 quilómetros da capital da Guiné-Bissau, nem sabem da existência do Dia Internacional das Mulheres, mas sabem que se não produzirem sal não vão ter o que comer.

A agência Lusa visitou um acampamento improvisado à beira rio, onde cerca de três dezenas de mulheres da comunidade de Ponta Zé Henrique, trabalham, desde sempre, dizem, de sol a sol, no processo de produção do sal de cozinha que vendem em Bissau ou em Quinhamel.

Cada quilograma de sal equivale a cerca 50 cêntimos de euros, dinheiro com que compram a comida para a família ou pagam a escola das crianças, disse à Lusa Maria Monteiro, a porta-voz da associação das mulheres produtoras de sal da comunidade de Ponta Zé Henrique.

Existem duas técnicas de produção do sal, a tradicional e uma nova que as mulheres daquela comunidade estão a aprender a partir da iniciativa de Salomé dos Santos, a deputada e advogada luso-guineense, conhecida pelos apoios que dá às comunidades rurais da região de Biombo, a noroeste da Guiné-Bissau.

Maria Monteiro explicou à Lusa que fazer sal de forma tradicional obriga as mulheres a apanhar salinas, a água salgada do rio e a cortar lenha para cozinhar tudo.

"É um processo árduo que pode obrigar a 72 horas de trabalho ininterrupto" para que a mulher consiga produzir um alguidar de sal para, referiu Maria Monteiro, ganhar cinco mil francos CFA (cerca de 7,5 euros), o que "já é muito dinheiro".

Para aligeirar a vida das mulheres da comunidade de Ponta Zé Henrique, Salomé dos Santos contratou a associação de Beatriz da Gama, uma animadora comunitária, para ensiná-las como produzir sal sem terem que ficar muitos dias no acampamento e ainda a ganhar mais dinheiro.

A nova técnica, contou Beatriz da Gama, consiste em produzir o sal solar, que a por colocar a água que sai da lavagem da salina num saco de plástico de três metros de comprimento por dois de largura, num canteiro no chão.

Após uma exposição ao sol de cerca de cinco horas a produtora já pode regressar ao acampamento e apanhar o sal, referiu Beatriz da Gama, salientando que a técnica reduz o tempo de produção, implica menor esforço e maiores resultados, disse.

Enquanto na forma tradicional a produtora apenas consegue 20 a 30 quilogramas por cada 72 horas de trabalho e ainda corta a floresta para ter lenha para cozinhar, a nova técnica permite produzir até 100 quilogramas e as mulheres ainda ficam com tempo para se ocuparem de outras tarefas em casa, frisou Beatriz da Gama.

Salomé dos Santos tem como aposta pessoal contribuir para a mudança da condição de trabalho das mulheres da Ponta Zé Henrique por não concordar com o que ganham na produção do sal, tendo em conta as dificuldades que enfrentam.

Salomé dos Santos afirma que as mulheres estão a vender sal "a um preço muito barato pelo trabalho que fazem", mas mesmo assim, disse, continuam a produzir porque precisam de dinheiro.

"Aqui nas ‘tabancas' as mulheres é que sustentam os filhos. Elas é que pagam a escola dos filhos, elas é que fazem, praticamente, tudo. E nesta altura que estamos a começar a campanha de caju, primeiro vão para a apanha do caju, depois é que vão para (produção) o sal", explicou Salomé dos Santos.

Salomé dos Santos está satisfeita por saber que com a nova forma de produzir sal, já vão conseguir apanhar o caju - principal produto agrícola e de exportação da Guiné-Bissau - enquanto aguardam que o sol faça o seu trabalho.

Quando questionado sobre se no Dia Internacional da Mulher vão realizar alguma festa na comunidade, Maria Monteiro, a porta-voz, disse que a única coisa que conhece, desde a sua juventude, é trabalhar no sal, mas que agora quer ensinar as netas sobre o dia, que até é feriado nacional.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Guiné-Bissau celebra 47 anos de independência

Falta de financiamento ameaça iniciativas de paz lideradas por mulheres, alerta a ONU

Justiça do Reino Unido determina que definição de “mulher” é feita com base no sexo biológico