{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2015/04/22/serzh-sargsyan-o-reconhecimento-do-genocidio-por-parte-dos-turcos-e-o-caminho" }, "headline": "Serzh Sargsyan: \u0022o reconhecimento do genoc\u00eddio, por parte dos turcos, \u00e9 o caminho mais curto para a reconcilia\u00e7\u00e3o das nossas na\u00e7\u00f5es\u0022", "description": "No centen\u00e1rio dos massacres contra o povo arm\u00e9nio, a 18 de abril, a euronews encontrou-se com o Presidente da Arm\u00e9nia, Serzh Sargsyan, em Yerevan. Em", "articleBody": "No centen\u00e1rio dos massacres contra o povo arm\u00e9nio, a 18 de abril, a euronews encontrou-se com o Presidente da Arm\u00e9nia, Serzh Sargsyan, em Yerevan. Em cima da mesa: a mensagem da Arm\u00e9nia para o mundo e as rela\u00e7\u00f5es com a Turquia. Olaf Bruns, euronews: O seu pa\u00eds assinala acontecimentos atrozes: um sofrimento indescrit\u00edvel que atingiu o seu povo. 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Serzh Sargsyan: \u201cEu pr\u00f3prio, enquanto presidente da Rep\u00fablica da Arm\u00e9nia, tentei seguir esse caminho duas vezes. E os dois presidentes eleitos antes de mim tamb\u00e9m tentaram embarcar nesse caminho. Primeiro, declaramos a nossa inten\u00e7\u00e3o de estabelecer rela\u00e7\u00f5es diplom\u00e1ticas com a Turquia, sem quaisquer condi\u00e7\u00f5es pr\u00e9vias. Depois disso, os partidos podiam ter discutido e abordado todos os problemas entre eles. A segunda tentativa nesse sentido, foi feita na v\u00e9spera do centen\u00e1rio do genoc\u00eddio arm\u00e9nio. V\u00e1rios meses antes, enviei uma carta ao presidente da Turquia. Essa carta foi entregue pessoalmente pelo nosso ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros a Erdogan, n\u00e3o foi apenas uma manobra publicit\u00e1ria. Nessa carta, convidei-o a participar nos eventos de 24 de abril e a expressar, em conjunto, as condol\u00eancias. 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Serzh Sargsyan:\u201cEm primeiro lugar, trata-se de algo incorreto, desde o in\u00edcio, j\u00e1 que n\u00e3o tenho qualquer conhecimento de um caso em que os historiadores se tenham sentado, tomado uma decis\u00e3o e que a quest\u00e3o tivesse sido resolvida, de uma vez por todas. Este \u00e9 o primeiro ponto. Em segundo lugar: n\u00e3o consigo imaginar o funcionamento dessa comiss\u00e3o, uma vez que os historiadores turcos estariam sob press\u00e3o da sociedade turca e das autoridades turcas e os historiadores arm\u00e9nios ficariam sob press\u00e3o da sociedade arm\u00e9nia e das autoridades arm\u00e9nias. Mas estes nem s\u00e3o os argumentos mais importantes. O mais importante \u00e9 o seguinte: As estruturas especializadas, pa\u00edses que possuem um maior historial sobre esta quest\u00e3o n\u00e3o t\u00eam d\u00favidas sobre isto. 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Serzh Sargsyan: "o reconhecimento do genocídio, por parte dos turcos, é o caminho mais curto para a reconciliação das nossas nações"

Serzh Sargsyan: "o reconhecimento do genocídio, por parte dos turcos, é o caminho mais curto para a reconciliação das nossas nações"
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No centenário dos massacres contra o povo arménio, a 18 de abril, a euronews encontrou-se com o Presidente da Arménia, Serzh Sargsyan, em Yerevan. Em

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No centenário dos massacres contra o povo arménio, a 18 de abril, a euronews encontrou-se com o Presidente da Arménia, Serzh Sargsyan, em Yerevan. Em cima da mesa: a mensagem da Arménia para o mundo e as relações com a Turquia.

Olaf Bruns, euronews: O seu país assinala acontecimentos atrozes: um sofrimento indescritível que atingiu o seu povo. Mesmo 100 anos depois, as feridas continuam profundas. Qual a sua mensagem para o mundo?

Presidente da Arménia, Serzh Sargsyan: “Os eventos que vão assinalar a memória das vítimas do genocídio já contêm algumas mensagens. A primeira é uma mensagem de lembrança. Acreditamos que os crimes contra a humanidade não tem prazo de validade e não podem ser esquecidos com o ar do tempo.

A segunda mensagem contida nos eventos agendados é uma mensagem de gratidão, que está intimamente ligada com a mensagem de recordação. A gratidão aos indivíduos, organizações e nações que nos nossos momentos mais difíceis, levantaram a voz e nos estenderam a mão, o que permitiu a sobrevivência de uma parte do nosso povo sobrevivesse.

A terceira mensagem é um misto de ambas: da lembrança e da gratidão. O que ajuda à prevenção deste tipo de crimes. É nosso dever descobrir e assinalar os padrões e as relações causais que, mais tarde, podem ser atribuídas a este tipo de crime.

Com isto, queremos dizer que é preciso lutar contra estes fenómenos, para evitar que genocídios e outros crimes contra a humanidade não se repitam no futuro. E a mensagem final, a quarta, é uma mensagem de renascimento da nossa nação. Dizemos novamente que: aqueles que nos desejaram mal, não nos conseguiram eliminar da face da terra.”

euronews: Todos concordam que devem ser tiradas lições do ado. Mas mesmo 100 anos depois, a Turquia e a Arménia ainda parecem enraizadas neste debate. Há forma dos países avançarem e trabalharem em conjunto noutros temas, ou vai ser um obstáculo que os mantém separados?

Serzh Sargsyan: “Eu próprio, enquanto presidente da República da Arménia, tentei seguir esse caminho duas vezes. E os dois presidentes eleitos antes de mim também tentaram embarcar nesse caminho. Primeiro, declaramos a nossa intenção de estabelecer relações diplomáticas com a Turquia, sem quaisquer condições prévias. Depois disso, os partidos podiam ter discutido e abordado todos os problemas entre eles.

A segunda tentativa nesse sentido, foi feita na véspera do centenário do genocídio arménio. Vários meses antes, enviei uma carta ao presidente da Turquia. Essa carta foi entregue pessoalmente pelo nosso ministro dos Negócios Estrangeiros a Erdogan, não foi apenas uma manobra publicitária.

Nessa carta, convidei-o a participar nos eventos de 24 de abril e a expressar, em conjunto, as condolências. Mas as autoridades turcas decidiram assinalar a batalha de Galípoli nesse mesmo dia.”

euronews: Nos últimos dias, o lado turco revelou toda a sua raiva, houve declarações duras e reações invulgares à declaração do Papa, relativamente a uma resolução votada pelo Parlamento Europeu. Qual é a sua posição quando ouve estas expressões de raiva?

Serzh Sargsyan: “Para nós, essas declarações e reações do lado turco não eram, de todo, inesperadas. Sempre assistimos à sua postura de negação. E, todas as vezes, renovam as ferramentas de negação.

No que diz respeito à comunicação de Sua Santidade, considero que foi apropriada. Acredito que um mundo livre de crimes contra a humanidade só pode ser alcançado com a liderança de pessoas fortes. Sua santidade é um grande líder, justo e diz a verdade.”

euronews: O que gostaria que a Turquia dissesse? Ou, dito de outra forma: se reconhecessem o termo genocídio, reconsiderava tudo, para melhorar as relações?

Serzh Sargsyan: “Sem dúvida, o reconhecimento do genocídio, por parte dos turcos, é o caminho mais curto para a reconciliação das nossas nações. A minha convicção é que: se for feito, e se for feito com sinceridade, acredito que, num curto espaço de tempo, as relações entre a Arménia e a Turquia seriam elevadas para um outro patamar.”

euronews: A Turquia sugeriu a formação de uma comissão internacional de historiadores que iria resolver o problema de uma vez por todas e que aceitaria o resultado desse comité. Na sua opinião: o que está errado com esta proposta?

Serzh Sargsyan:“Em primeiro lugar, trata-se de algo incorreto, desde o início, já que não tenho qualquer conhecimento de um caso em que os historiadores se tenham sentado, tomado uma decisão e que a questão tivesse sido resolvida, de uma vez por todas. Este é o primeiro ponto. Em segundo lugar: não consigo imaginar o funcionamento dessa comissão, uma vez que os historiadores turcos estariam sob pressão da sociedade turca e das autoridades turcas e os historiadores arménios ficariam sob pressão da sociedade arménia e das autoridades arménias.

Mas estes nem são os argumentos mais importantes. O mais importante é o seguinte: As estruturas especializadas, países que possuem um maior historial sobre esta questão não têm dúvidas sobre isto.

Não há dúvida sobre isso e volto ao que aconteceu no Vaticano: o Vaticano não é um dos organismos mais bem informados sobre os acontecimentos que tiveram lugar durante a Primeira Guerra Mundial? Acha que o Vaticano sente falta de historiadores bem formados? Para nós, essa proposta, em si, é um insulto, uma vez que questiona a veracidade do genocídio arménio.

No fim de contas, o que é que historiadores devem descobrir, quantas pessoas morreram? E faz assim tanta diferença se morreram um milhão e meio de pessoas ou, um milhão e 449 mil pessoas?”

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