{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2013/07/25/espanha-a-morte-a-alta-velocidade" }, "headline": "Espanha: A morte a alta velocidade", "description": "Espanha: A morte a alta velocidade", "articleBody": "Espanha construiu a primeira linha de alta velocidade por ocasi\u00e3o da Exposi\u00e7\u00e3o Mundial de Sevilha, que ocorreu em 1992, uma linha que liga a capital da Andaluzia a Madrid.Desde essa altura, o pa\u00eds construiu 3100 quil\u00f3metros de linhas de alta velocidade e transportou cerca de 23 milh\u00f5es de ageiros, por ano, a uma velocidade m\u00e9dia de 222 km/h.Esta \u00e9 a mais longa rede europeia e a segunda a n\u00edvel mundial, apenas suplantada pela chinesa.Apesar da crise econ\u00f3mica, o pa\u00eds conseguiu inaugurar, este ano, um novo tro\u00e7o entre Barcelona e Figueres, na fronteira com Fran\u00e7a, o que permitir\u00e1 a liga\u00e7\u00e3o internacional, Barcelona-Paris, em alta velocidade.Mas n\u00e3o s\u00f3, a linha entre Madrid e Alicante, no Mediterr\u00e2neo, foi inaugurada em junho ado.Desde 2005 Espanha multiplicou por cinco o n\u00famero de quil\u00f3metros em alta velocidade e o n\u00famero cidades ligadas por este servi\u00e7o ou de sete a trinta e uma.A liga\u00e7\u00e3o de alta velocidade de Madrid \u00e0 Galiza, n\u00e3o est\u00e1 ainda terminada mas, desde 2011, que a linha Ourense-Santiago-Corunha para TGV est\u00e1 operacional.Foi a 3 quil\u00f3metros de Santiago de Compostela, pouco antes de entrar na esta\u00e7\u00e3o, que ocorreu o acidente numa curva onde a velocidade limite \u00e9 de 80 a 90 quil\u00f3metros por hora. 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O problema n\u00e3o est\u00e1 no tra\u00e7ado, mas provavelmente no sistema de sinaliza\u00e7\u00e3o do tra\u00e7ado. O sistema de seguran\u00e7a \u00e9 que deve adaptar-se, deve ser flex\u00edvel para adaptar-se a qualquer tipo de tra\u00e7ado. Para al\u00e9m de linhas retas para poder \u2018andar a fundo\u2019, o comboio de alta velocidade tem de ar com a rede convencional, tem de entrar nas povoa\u00e7\u00f5es e nas cidades para ser \u00fatil. Por isso, o mais importante n\u00e3o \u00e9 ter uma via em linha reta, mas sim ter uma linha segura entre dois pontos.euronews:Os organismos respons\u00e1veis pela gest\u00e3o do servi\u00e7o ferrovi\u00e1rio abriram uma investiga\u00e7\u00e3o. Pensa que ser\u00e1 suficiente?Ricard Riol:Julgo que deve haver tamb\u00e9m uma investiga\u00e7\u00e3o independente, que n\u00e3o dependa do minist\u00e9rio do Fomento para podermos comparar os resultados, aprender com os erros que conduziram a esta trag\u00e9dia, porque numa linha f\u00e9rrea s\u00f3 muito dificilmente \u00e9 que um acidente \u00e9 consequ\u00eancia de apenas um erro, normalmente \u00e9 uma s\u00e9rie de erros consecutivos. Por isso, deve existir uma investiga\u00e7\u00e3o plural, independente, como no caso do comboio Limoges-Paris, para determinar responsabilidades e melhorar os sistemas autom\u00e1ticos de seguran\u00e7a.euronews:Espanha \u00e9 segundo pa\u00eds do mundo com mais vias f\u00e9rreas de alta velocidade. Pensa que depois deste acidente deve repensar-se a conce\u00e7\u00e3o da infraestrutura?Ricard Riol:A prioridade numa via-f\u00e9rrea, seja de alta velocidade ou convencional, \u00e9 a seguran\u00e7a dos ageiros. Por isso, ser\u00e1 preciso rever todos os protocolos \u2013 em especial os de sinaliza\u00e7\u00e3o \u2013 nas infraestruturas j\u00e1 executadas bem como nos projetos a implementar no futuro e, se for necess\u00e1rio, parar a constru\u00e7\u00e3o de novas vias at\u00e9 que existam novos protocolos. Depois retomaremos a constru\u00e7\u00e3o. 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Espanha: A morte a alta velocidade

Espanha: A morte a alta velocidade
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Espanha construiu a primeira linha de alta velocidade por ocasião da Exposição Mundial de Sevilha, que ocorreu em 1992, uma linha que liga a capital da Andaluzia a Madrid.

Desde essa altura, o país construiu 3100 quilómetros de linhas de alta velocidade e transportou cerca de 23 milhões de ageiros, por ano, a uma velocidade média de 222 km/h.

Esta é a mais longa rede europeia e a segunda a nível mundial, apenas suplantada pela chinesa.

Apesar da crise económica, o país conseguiu inaugurar, este ano, um novo troço entre Barcelona e Figueres, na fronteira com França, o que permitirá a ligação internacional, Barcelona-Paris, em alta velocidade.
Mas não só, a linha entre Madrid e Alicante, no Mediterrâneo, foi inaugurada em junho ado.

Desde 2005 Espanha multiplicou por cinco o número de quilómetros em alta velocidade e o número cidades ligadas por este serviço ou de sete a trinta e uma.

A ligação de alta velocidade de Madrid à Galiza, não está ainda terminada mas, desde 2011, que a linha Ourense-Santiago-Corunha para TGV está operacional.

Foi a 3 quilómetros de Santiago de Compostela, pouco antes de entrar na estação, que ocorreu o acidente numa curva onde a velocidade limite é de 80 a 90 quilómetros por hora. Eram vinte horas e quarenta e dois minutos.

O comboio, um Alvia S730, circularia, segundo fontes da Renfe, a uma velocidade de 190 km hora.

Desde Barcelona, Ricard Riol, engenheiro civil, especializado em obras públicas e presidente da Associação para a Promoção do Transporte Público respondeu a algumas questões em torno deste acidente.

euronews:
Ainda é cedo para tirar conclusões sobre as causas do acidente, mas certas circunstâncias parecem bastante claras: O comboio acidentado é um comboio rápido, mas não de alta velocidade. Quais são as diferenças em relação aos comboios de alta velocidade, tipo TGV?

Ricard Riol, Engenheiro Civil:
Basicamente, atingem velocidades inferiores às do AVE, o TGV. Chegam aos 250 km/h e têm a particularidade de poderem circular tanto nas linhas de alta velocidade como nas convencionais.

euronews:
Como é que foi possível ao comboio entrar neste ponto preciso do troço, tão perto da estação de Compostela, a cerca de 190 km/h?

Ricard Riol:
Normalmente, isso não é possível numa linha de alta velocidade como a Madrid-Barcelona ou a Madrid-Sevilha. Mas nesta linha, acontece que os comboios que chegam a Santiago de Compostela não são vigiados em permanência pelo sistema de sinalização, são controlados apenas pontualmente.

euronews:
É um sistema automático?

Ricard Riol:
É um sistema automático que só controla um comboio quando este a por um detetor na via, enquanto a norma numa linha de alta velocidade é que o comboio está permanentemente a ser controlado via rádio por uma central para que a velocidade máxima seja sempre inferior à autorizada.

euronews:
Quando o sistema de controlo funciona, o que é que acontece quando um comboio ultraa a velocidade máxima autorizada?

Ricard Riol:
Num sistema de supervisão permanente, como é o caso do sistema europeu ERTMS (European Rail Traffic Management System), os comboios que ultraam o limite de velocidade são automaticamente travados. É isto que acontece em todas as linhas de alta velocidade. Este sistema, que também está presente no troço Ourense-Santiago, é substituído, a 3 ou 4 km da estação de Santiago, pelo sistema que equipa apenas as linhas convencionais. Foi a ausência deste sistema automático que permitiu a ocorrência deste acidente.

euronews:
Na sua opinião, a curva em que ocorreu o descarrilamento pode ter tido influência na magnitude do acidente? É normal que exista uma curva como essa numa linha de alta velocidade?

Ricard Riol:
A curva justifica-se porque a linha aproxima-se de um núcleo urbano, existem linhas de alta velocidade com curvas deste tipo, precisamente para que o comboio chegue onde é necessário. O que é grave é que esta curva não está protegida por um sistema de sinalização contínuo que controle o comboio em permanência, não apenas com deteções pontuais na via. O problema não está no traçado, mas provavelmente no sistema de sinalização do traçado. O sistema de segurança é que deve adaptar-se, deve ser flexível para adaptar-se a qualquer tipo de traçado. Para além de linhas retas para poder ‘andar a fundo’, o comboio de alta velocidade tem de ar com a rede convencional, tem de entrar nas povoações e nas cidades para ser útil. Por isso, o mais importante não é ter uma via em linha reta, mas sim ter uma linha segura entre dois pontos.

euronews:
Os organismos responsáveis pela gestão do serviço ferroviário abriram uma investigação. Pensa que será suficiente?

Ricard Riol:
Julgo que deve haver também uma investigação independente, que não dependa do ministério do Fomento para podermos comparar os resultados, aprender com os erros que conduziram a esta tragédia, porque numa linha férrea só muito dificilmente é que um acidente é consequência de apenas um erro, normalmente é uma série de erros consecutivos. Por isso, deve existir uma investigação plural, independente, como no caso do comboio Limoges-Paris, para determinar responsabilidades e melhorar os sistemas automáticos de segurança.

euronews:
Espanha é segundo país do mundo com mais vias férreas de alta velocidade. Pensa que depois deste acidente deve repensar-se a conceção da infraestrutura?

Ricard Riol:
A prioridade numa via-férrea, seja de alta velocidade ou convencional, é a segurança dos ageiros. Por isso, será preciso rever todos os protocolos – em especial os de sinalização – nas infraestruturas já executadas bem como nos projetos a implementar no futuro e, se for necessário, parar a construção de novas vias até que existam novos protocolos. Depois retomaremos a construção. O importante é que as vias férreas continuem a ser o transporte terrestre mais seguro.

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