{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2013/07/01/exceces-da-lei-da-interrupcao-voluntaria-da-gravidez-em-espanha" }, "headline": "Exce\u00e7\u00f5es da lei da interrup\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria da gravidez em Espanha", "description": "Exce\u00e7\u00f5es da lei da interrup\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria da gravidez em Espanha", "articleBody": "Nesta rubrica de New Plus destacamos a lei do aborto em Espanha. A atual legisla\u00e7\u00e3o, que entrou em vigor em 2010, foi objeto de recurso no Tribunal Constitucional por parte do Partido Popular, atualmente no governo. E o ministro da Justi\u00e7a anunciou a inten\u00e7\u00e3o de mudar a lei e ar a contemplar apenas alguns casos de malforma\u00e7\u00e3o do feto. Conversamos com o m\u00e9dico espanhol P\u00e9rez-Pedrogosa, especialista em diagn\u00f3stico pr\u00e9-natal mas, antes vamos assistir \u00e0 reportagem do jornalista Carlos Marlasca. A lei de interrup\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria da gravidez entrou em vigor h\u00e1 precisamente tr\u00eas anos, neste m\u00eas de julho, em Espanha. Carolina Barelles, advogada em Madrid, fala sobre a quest\u00e3o na primeira pessoa. Com 37 anos, \u00e9 m\u00e3e de uma menina de 14 meses e estava gr\u00e1vida de um segundo beb\u00e9 at\u00e9 \u00e0s 20 semanas. Faz parte dos 3% de mulheres que, em 2011, recorreram a uma IVG depois das 14 semanas de gesta\u00e7\u00e3o.Carolina Barelles:\u201cEstava no in\u00edcio da gravidez e, \u00e0s 12 semanas, na primeira ecograf\u00eda importante, detetaram uma malforma\u00e7\u00e3o na bexiga do beb\u00e9 (...) durante as cinco semanas seguintes, a patologia evoluiu para pior: afetou os rins, os pulm\u00f5es e perdi l\u00edquido amni\u00f3tico. O progn\u00f3stico foi-se agravando, ou a muito desfavor\u00e1vel. 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Javier P\u00e9rez-Pedregosa \u2013 \u00c9 possivel diagnosticar uma deforma\u00e7\u00e3o cong\u00e9nita do feto, mas nem sempre \u00e9 claro ou evidente se essa malforma\u00e7\u00e3o pode ser ou n\u00e3o compat\u00edvel com a vida humana. Hoje em dia, temos meios t\u00e9cnicos avan\u00e7ados que nos permitem fazer um diagn\u00f3stico com uma grande exatid\u00e3o. euronews \u2013 Com a legisla\u00e7\u00e3o atualmente em vigor em Espanha, a lei da interrup\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria da gravidez de 2010 \u2013 chamada lei Zapatero \u2013 \u00e9 verdadeiramente poss\u00edvel resolver, com alguma serenidade, os casos de malforma\u00e7\u00e3o ou \u00e9 uma lei laxista?Javier P\u00e9rez-Pedregosa- Na minha opini\u00e3o, e eu creio que n\u00f3s os especialistas em diagn\u00f3stico pr\u00e9-natal estamos de acordo, n\u00e3o \u00e9 uma lei demasiado laxista; veio, sim, resolver situa\u00e7\u00f5es delicadas. A lei mudou verdadeiramente a possibilidade de interromper a gesta\u00e7\u00e3o mesmo depois da 22\u00aa semana, nos casos de malforma\u00e7\u00e3o do feto, mas dentro de dois quadros clinicos muito concretos: quando s\u00e3o diagnosticadas anomalias fetais incompat\u00edveis com a vida humana e foi assim que muitos casos foram resolvidos, e tamb\u00e9m situa\u00e7\u00f5es de doen\u00e7as extremamente graves que n\u00e3o t\u00eam cura, neste caso a decis\u00e3o \u00e9 tomada por um comit\u00e9 cl\u00ednico que analisar cada caso espec\u00edfico. euronews \u2013 A lei atual permite ent\u00e3o interromper a gesta\u00e7\u00e3o ap\u00f3s a 22\u00aa semana em casos de doen\u00e7as graves? Como e quem determina em cada caso? Javier P\u00e9rez-Pedregosa \u2013 S\u00e3o comiss\u00f5es cl\u00ednicas formadas por tr\u00eas especialistas em obstetr\u00edcia, pediatria, neonatologia, que s\u00e3o nomeados em cada comunidade aut\u00f3noma para resolverem caso a caso. Na minha opini\u00e3o, com muito rigor cient\u00edfico, tendo em conta os agentes implicados: o casal, mas tamb\u00e9m o feto concebido e ainda por nascer. euronews \u2013 O ministro da Justi\u00e7a espanhol, Alberto Ruiz Gallard\u00f3n, disse que, primeiro, queria suprimir os casos de malforma\u00e7\u00e3o na nova lei, mas depois itiu que alguns casos se manteriam. \u00c9 poss\u00edvel distinguir por lei esses casos de malforma\u00e7\u00e3o, de um ponto de vista cientifico? Javier P\u00e9rez-Pedregosa \u2013 Sim \u00e9 poss\u00edvel, mas \u00e9 muito complicado. N\u00f3s m\u00e9dicos, muitas vezes dizemos que h\u00e1 doentes e n\u00e3o doen\u00e7as. N\u00e3o h\u00e1 dois casos iguais, e na medicina pr\u00e9-natal acontece o mesmo. Um feto com uma deforma\u00e7\u00e3o card\u00edaca pode, por exemplo, evoluir de uma maneira muito diferente de qualquer outro, aparentemente com a mesma malforma\u00e7\u00e3o. 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Exceções da lei da interrupção voluntária da gravidez em Espanha

Exceções da lei da interrupção voluntária da gravidez em Espanha
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Nesta rubrica de New Plus destacamos a lei do aborto em Espanha. A atual legislação, que entrou em vigor em 2010, foi objeto de recurso no Tribunal Constitucional por parte do Partido Popular, atualmente no governo. E o ministro da Justiça anunciou a intenção de mudar a lei e ar a contemplar apenas alguns casos de malformação do feto. Conversamos com o médico espanhol Pérez-Pedrogosa, especialista em diagnóstico pré-natal mas, antes vamos assistir à reportagem do jornalista Carlos Marlasca.

A lei de interrupção voluntária da gravidez entrou em vigor há precisamente três anos, neste mês de julho, em Espanha.
Carolina Barelles, advogada em Madrid, fala sobre a questão na primeira pessoa. Com 37 anos, é mãe de uma menina de 14 meses e estava grávida de um segundo bebé até às 20 semanas. Faz parte dos 3% de mulheres que, em 2011, recorreram a uma IVG depois das 14 semanas de gestação.

Carolina Barelles:

“Estava no início da gravidez e, às 12 semanas, na primeira ecografía importante, detetaram uma malformação na bexiga do bebé (…) durante as cinco semanas seguintes, a patologia evoluiu para pior: afetou os rins, os pulmões e perdi líquido amniótico. O prognóstico foi-se agravando, ou a muito desfavorável.
Sempre tive esperança de tudo se resolver positivamente e a bexiga do feto desobstruísse naturalmente, por isso esperei até ao último momento. Tomei a decisão quando o feto fez 16 semanas. Se a lei não me tivesse permitido praticar a IVG com esse tempo de gestação, teria sido obrigada a tomar a decisão antes.”

A decisão foi muito difícil de tomar, nesta situação que nunca pensamos viver, diz-nos. Mas Carolina, católica e eleitora do PP, pensa que a lei não precisa de mais alterações:

“As mulheres têm de ter direito a decidir durante um número determinado de semanas, a partir das quais entendo que se deve primar o direito à vida.”

Esta interpretação da lei em relação às malformações do feto é contestada pela associação de defesa dos direitos dos deficientes. O presidente, Luis Cayo Pérez Bueno, não toma posição quanto à IVG em si, mas critica a discriminação no alargamento do prazo para o aborto quando a causa é uma deficiência.

Luis Cayo Pérez Bueno:

“A legislação espanhola de 2010, apesar de não escrever ipsis verbis a palavra incapacidade, subentende-se na questão do prolongamento do prazo. É o que denunciamos.”

Beatriz Beiras, euronews:

Vamos então ouvir o obstreta e diretor da Unidade de Ecografia e Diagnóstico pré-natal do hospital Sanitas La Moraleja: – Doutor Pedregosa, quotidianamente é confrontado com a realidade de mulheres grávidas que chegam ao seu consultório por causa de uma malformação do feto. Quando é que é possível determinar se o feto vai sobreviver à vida extra-uterina? E, nesse caso, o que fazer?

Javier Pérez-Pedregosa – É possivel diagnosticar uma deformação congénita do feto, mas nem sempre é claro ou evidente se essa malformação pode ser ou não compatível com a vida humana. Hoje em dia, temos meios técnicos avançados que nos permitem fazer um diagnóstico com uma grande exatidão.

euronews – Com a legislação atualmente em vigor em Espanha, a lei da interrupção voluntária da gravidez de 2010 – chamada lei Zapatero – é verdadeiramente possível resolver, com alguma serenidade, os casos de malformação ou é uma lei laxista?

Javier Pérez-Pedregosa- Na minha opinião, e eu creio que nós os especialistas em diagnóstico pré-natal estamos de acordo, não é uma lei demasiado laxista; veio, sim, resolver situações delicadas.

A lei mudou verdadeiramente a possibilidade de interromper a gestação mesmo depois da 22ª semana, nos casos de malformação do feto, mas dentro de dois quadros clinicos muito concretos: quando são diagnosticadas anomalias fetais incompatíveis com a vida humana e foi assim que muitos casos foram resolvidos, e também situações de doenças extremamente graves que não têm cura, neste caso a decisão é tomada por um comité clínico que analisar cada caso específico.

euronews – A lei atual permite então interromper a gestação após a 22ª semana em casos de doenças graves? Como e quem determina em cada caso?

Javier Pérez-Pedregosa – São comissões clínicas formadas por três especialistas em obstetrícia, pediatria, neonatologia, que são nomeados em cada comunidade autónoma para resolverem caso a caso. Na minha opinião, com muito rigor científico, tendo em conta os agentes implicados: o casal, mas também o feto concebido e ainda por nascer.

euronews – O ministro da Justiça espanhol, Alberto Ruiz Gallardón, disse que, primeiro, queria suprimir os casos de malformação na nova lei, mas depois itiu que alguns casos se manteriam. É possível distinguir por lei esses casos de malformação, de um ponto de vista cientifico? Javier Pérez-Pedregosa – Sim é possível, mas é muito complicado. Nós médicos, muitas vezes dizemos que há doentes e não doenças. Não há dois casos iguais, e na medicina pré-natal acontece o mesmo. Um feto com uma deformação cardíaca pode, por exemplo, evoluir de uma maneira muito diferente de qualquer outro, aparentemente com a mesma malformação. Parece-nos muito complicado aplicar esta lei, porque muitos casos não vão ser contemplados.

euronews – Lembra-se de algum caso em que a lei atual tenha permitido resolver um problema que, com outra legislação poderia não ter sido resolvido, como aquela que tínhamos anteriormente em Espanha?

Javier Pérez-Pedregosa – A nova lei abriu caminho para o diálogo entre os médicos e o casal, principalmente para convencer os pais de que seria necessário avaliar a evolução do feto algumas semanas mais. Nalguns casos, a nova análise permitiu-nos detetar que a malformação estava lá, mas que não tinha evoluído e, nesses casos, foi possível continuar a gestação. Muitas crianças nasceram graças a esta lei, que nos dá a possibilidade de esperar para além da 22ª semana para decidir aquilo que, na nossa opinião, pode ser precipitado.

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