Trump insiste que membros da NATO devem comprometer-se a gastar pelo menos 5% do PIB em defesa, mas isso exigiria um investimento a uma escala sem precedentes.
A istração Trump quer saber esta semana como os países europeus membros da NATO e o Canadá planeiam aumentar as despesas com a defesa para 5% do PIB, afirmou o novo enviado dos Estados Unidos (EUA), Matthew Whitaker.
Em declarações aos jornalistas antes de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO na Turquia, Whitaker insistiu: "5% é o nosso número. Estamos a pedir aos nossos aliados que invistam a sério na sua defesa".
"Não se enganem, esta reunião ministerial vai ser diferente", afirmou Whitaker, acrescentando que "5% não é apenas um número". "É uma necessidade para a nossa segurança. A aliança está a enfrentar ameaças significativas".
Em 2023, quando a guerra em grande escala da Rússia contra a Ucrânia entrou no seu segundo ano, os líderes da NATO concordaram em gastar pelo menos 2% do PIB nos orçamentos nacionais de defesa.
Até agora, 22 dos 32 países membros já o fizeram e os líderes vão definir um novo objetivo na cimeira de Haia, a 25 de junho.
Trump, que lançou dúvidas sobre a possibilidade de os EUA defenderem os aliados que gastam muito pouco, insiste que os membros da NATO devem comprometer-se a gastar pelo menos 5%, mas isso exigiria um investimento a uma escala sem precedentes.
Os líderes da NATO insistiram, na cimeira do ano ado, que "a Rússia continua a ser a ameaça mais significativa e direta à segurança dos Aliados", mas alguns países ficaram inquietos com as ligações de Trump ao presidente Vladimir Putin.
Na semana ada, o primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof, disse que o chefe da NATO espera que os líderes "tenham como objetivo 3,5% de despesas militares até 2032" e "1,5% de despesas relacionadas, como infraestruturas, cibersegurança e coisas do género."
"Também alcançável até 2032", acrescentou.
Embora os dois valores somem 5%, a inclusão das infraestruturas e da cibersegurança alteraria a base sobre a qual a NATO calcula tradicionalmente as despesas com a defesa.
O prazo de sete anos também é curto para os padrões habituais da aliança.
Questionado sobre a sua exigência, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, não a negou, mas disse: "Não vou confirmar os números".
Whitaker pareceu confirmar o plano de "investimento na defesa", dizendo que "também inclui aspetos como mobilidade, infraestruturas necessárias, segurança cibernética."
"É definitivamente mais do que apenas mísseis, tanques e obuses".
"Mas, ao mesmo tempo, tem de estar relacionado com a defesa. Não se trata de um saco com tudo o que se possa imaginar", acrescentou Whitaker.
Continua a ser difícil perceber quantos aliados poderão atingir 3,5% do PIB em investimento na defesa.
As estimativas mais recentes da NATO mostram que 22 aliados atingiriam o objetivo de 2% no ano ado, em comparação com uma previsão anterior de 23.
A Bélgica, o Canadá, a Croácia, a Itália, o Luxemburgo, o Montenegro, Portugal, a Eslovénia e a Espanha não o fariam, embora a Espanha espere atingir o objetivo de 2% em 2025, um ano mais tarde.
Estima-se que os Estados Unidos gastaram 3,19% do PIB em defesa em 2024, contra 3,68% há uma década, quando todos os membros prometeram aumentar as despesas depois de a Rússia ter anexado a península ucraniana da Crimeia.
É o único aliado cuja despesa diminuiu.
Whitaker afirmou ainda que qualquer investimento europeu em "capacidades da indústria de defesa deve também incluir o tratamento justo para as empresas americanas de tecnologia de defesa".
Segundo Whitaker, a exclusão dos EUA e de outros países "prejudicaria a interoperabilidade da NATO, atrasaria o rearmamento da Europa, aumentaria os custos e sufocaria a inovação".
No mês ado, a União Europeia anunciou uma nova iniciativa para quebrar a sua dependência dos Estados Unidos em matéria de segurança, centrada na aquisição de mais equipamento de defesa na Europa.