Os candidatos a chanceler da Alemanha falaram publicamente aos apoiantes depois de divulgados os resultados das eleições federais antecipadas.
Os alemães foram às urnas este domingo para eleger o próximo parlamento, numas eleições apelidadas como as mais importantes das últimas décadas.
Quatro candidatos disputavam o cargo de chanceler depois do colapso da coligação governamental, que provocou eleições antecipadas. Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), lutava pela reeleição, enfrentando a forte oposição de Friedrich Merz, da União Democrata-Cristã (CDU), Alice Weidel, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), e Robert Habeck, dos Verdes.
A CDU - em aliança com o partido-irmão bávaro, a União Social-Cristã (CSU) - venceu as eleições com 28,5% dos votos, em linha com as sondagens que a davam como vencedora.
Em segundo lugar ficou a AfD, com um resultado histórico que demonstra o forte aumento de popularidade, obtendo 20,8% dos votos.
O SPD de Scholz ficou em terceiro lugar, com 16,4%, o resultado mais baixo de sempre para o partido, e os Verdes do ex-vice-chanceler Habeck obtiveram 11,6%.
Dezenas de milhões de alemães votaram no domingo, numa afluência às urnas que ultraou os 80% dos quase 60 milhões de eleitores elegíveis.
Estes números significam que a Alemanha está novamente a caminho de um governo de coligação, uma vez que a conquista de uma maioria absoluta nunca aconteceu na história moderna do país.
Eis como os candidatos reagiram aos primeiros resultados.
Olaf Scholz - SPD
Scholz, que liderou o último governo de coligação antes do colapso que desencadeou esta votação, reuniu-se com os seus apoiantes na capital alemã, Berlim.
O chanceler alemão cessante afirmou que assume toda a responsabilidade pela derrota do seu partido.
"Este é um resultado eleitoral amargo para o Partido Social-Democrata. É também uma derrota eleitoral. Penso que isso tem de ficar claro desde o início, tendo em conta o resultado. E também é muito importante para mim dizer que é um resultado em relação ao qual devemos avançar juntos", disse Scholz.
O candidato a chanceler do SPD também comentou os ganhos significativos da extrema-direita no país, expressando preocupação com o que isso pode significar para o futuro do país: "O facto de um partido de extrema-direita como a AfD obter tais resultados eleitorais neste país nunca deve ser algo que aceitemos. Eu não aceito e nunca aceitarei isto".
Friedrich Merz - CDU/CSU
A frente vencedora também realizou um evento em Berlim, mas, ao contrário do evento do SPD, este foi cheio de vivas e celebrações.
"Nós, a CDU e a CSU, ganhámos estas eleições federais de 2025!", disse Merz quando subiu ao palco para se dirigir aos apoiantes.
O líder da CDU, que tem a tarefa de formar uma coligação para liderar um novo governo, agradeceu aos apoiantes a confiança que depositaram nele e no partido e comprometeu-se a manter essa confiança e a fazer avançar o país.
"Estou consciente da responsabilidade. Também estou ciente da dimensão da tarefa que agora temos pela frente. Encaro-a com o maior respeito e sei que não será fácil".
Merz acrescentou que o seu partido vai dar prioridade à rapidez na formação do próximo governo, sublinhando que é essencial começar de imediato e trabalhar na reforma do país.
"O mundo lá fora não está à nossa espera e não está à espera de conversações e negociações de coligação demoradas".
"Temos de voltar a ser capazes de agir rapidamente, para podermos fazer o que é correto a nível interno, para voltarmos a estar presentes na Europa, para que o mundo veja: A Alemanha voltou a ser governada de forma fiável!", continuou Merz.
Alice Weidel - AfD
A líder da AfD, Alice Weidel, tambémfestejou na capital alemã, após o seu resultado eleitoral extremamente positivo.
A AfD aumentou a quota de votos em 10 pontos percentuais, duplicando o resultado das eleições federais de 2021. "Duplicámos os nossos votos, eles queriam reduzi-los para metade. Aconteceu o contrário", disse Weidel.
A candidata da AfD a chanceler também reiterou a vontade de participar no governo, apesar da "barreira" contra os partidos extremistas.
"A nossa mão permanecerá sempre estendida para participar no governo, para implementar a vontade do povo, a vontade da Alemanha. Estamos prontos a participar no governo", continuou Weidel.
Merz já declarou que não vai incluir a AfD nas considerações da coligação, argumentando que as suas políticas não representam ou não se alinham com as da união.
Robert Habeck - Verdes
Os Verdes tiveram um desempenho abaixo das expetativas nas eleições federais de domingo e tanto os políticos como os apoiantes sabiam-no.
Falando aos apoiantes, o candidato dos Verdes, Robert Habeck, reconheceu o fraco desempenho e felicitou Merz pela vitória.
"O resultado eleitoral em si é motivo de reflexão. Porque a ascensão do populismo de direita, a falta de solidariedade de muitos partidos com a Ucrânia, que está a lutar pela sua liberdade, a relação não resolvida de muitos partidos com uma verdadeira unidade europeia, isso preocupa-me, isso preocupa-nos muito", disse.
Habeck também reiterou a vontade do seu partido de integrar uma coligação e de assumir responsabilidades e contribuir para o país, uma decisão que cabe a Friedrich Merz, a quem será conferido o mandato de governação após a oficialização dos resultados eleitorais.
Nos próximos dias e semanas, a CDU/CSU iniciará conversações com outros partidos para formar uma nova coligação e um novo governo.
Uma das combinações possíveis poderá ser a coligação "Quénia". Esta coligação replica a bandeira deste país, reunindo vermelhos (SPD), negros (CDU/CSU) e verdes (Verdes), embora os especialistas afirmem que se trata de uma aliança impopular e um último recurso.