Zelenskyy disse no ano ado que não tinha intenção de renovar o acordo de trânsito de gás, sublinhando a importância para a Europa de se afastar da Rússia e não permitir que o Kremlin "ganhe milhares de milhões adicionais" com o sangue ucraniano.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, encontrou-se com a sua homóloga moldava, Maia Sandu, em Kiev, para discutir as necessidades energéticas da região da Transnístria.
O fornecimento de gás natural à faixa de terra alinhada com a Rússia cessou em 1 de janeiro devido à decisão da Ucrânia de não renovar um acordo de trânsito de gás com a Rússia.
A Ucrânia disse que pode oferecer carvão às autoridades da Transnístria para compensar a falta de energia.
"Agora, a Rússia está a fazer refém, poder-se-ia dizer, toda a Transnístria, a região transnístria da Moldova. Provocou um aumento dos preços da eletricidade na maior parte do país. E todos nós estamos a ver isso. Não é apenas possível e deve ser resolvido, não teria acontecido de todo se Moscovo não quisesse influenciar as eleições na Moldova. A Ucrânia oferece à Moldova a possibilidade de resolver esta situação em conjunto", disse Zelenskyy.
Zelenskyy referia-se às eleições presidenciais de novembro na Moldova, em que Sandu, pró-UE, foi reeleita na sequência de um aumento de última hora de eleitores estrangeiros.
As autoridades moldavas acusaram Moscovo de estar a levar a cabo uma campanha de interferência para ver um candidato amigo ser eleito e manter o antigo Estado soviético na órbita da Rússia.
"Trata-se de uma estratégia calculada. A Rússia pretende criar o caos social e económico, alimentar as tensões na Transnístria e instalar um governo pró-Kremlin em Chisinau. O objetivo final é consolidar a sua presença militar, ilegalmente estacionada na região da Transnístria, e utilizar a Moldova contra a Ucrânia", afirmou Sandu na conferência de imprensa em Kiev.
Zelenskyy disse também que a Ucrânia poderá enviar especialistas para a manutenção da central elétrica estatal da Moldova e que discutiu com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, a possibilidade de utilizar as infraestruturas ucranianas para transportar o gás do Azerbaijão para a Europa.
O fornecimento de gás russo aos países da União Europeia através da Ucrânia terminou no primeiro dia deste ano, marcando o fim de um acordo de cinco anos, assinado em 2019 entre os dois países em guerra, que permitia que as exportações de gás natural liquefeito (GNL) de Moscovo para o continente transitassem na Ucrânia antes de serem reencaminhadas para o seu destino final.
O acordo era altamente lucrativo, pagando milhares de milhões ao Kremlin em receitas e a Kiev em taxas de trânsito.
Zelenskyy disse no ano ado que não tinha qualquer intenção de renovar o acordo, sublinhando a importância para a Europa de se afastar da Rússia e não permitir que o Kremlin "ganhe mais milhares de milhões" com o sangue ucraniano.
O território separatista pró-Rússia da Transnístria, que reivindicou a independência unilateral e não reconhecida internacionalmente na sequência de uma curta guerra em 1992, foi particularmente afetado por essa decisão.
Tanto a Moldova como a Transnístria declararam emergência depois de a Rússia ter cortado o fornecimento de gás a 1 de janeiro, invocando uma alegada dívida de 709 milhões de dólares (688 milhões de euros) relativa a fornecimentos anteriores, uma alegação que o Governo moldavo negou veementemente.
A decisão do gigante energético estatal russo Gazprom entrou em ação um dia depois de o acordo de trânsito de gás com a Ucrânia ter expirado e ter impedido o fluxo de gás para a central elétrica de Kuciurgan, a maior do país, que produzia eletricidade que alimentava uma parte significativa da Moldova.
A interrupção levou ao encerramento de quase toda a atividade industrial e a cortes de energia que chegaram a atingir oito horas por dia.
Moscovo declarou, em meados de janeiro, que a Transnístria receberia gás da Rússia a título de "ajuda humanitária", mas que o resto da Moldova continuaria sem abastecimento.