Os Estados Unidos são um forte aliado da União Europeia e o principal membro da NATO e muitos na Europa ficaram chocados com a sugestão de que um novo líder dos EUA poderia considerar o uso da força contra um aliado.
O primeiro-ministro da Gronelândia afirmou que os habitantes do território ártico não querem ser americanos, mas que compreende o interesse do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, na ilha, dada a sua localização estratégica.
Os comentários de Múte B. Egede surgiram depois de Trump ter dito, no início da semana, que não excluiria o recurso à força ou à pressão económica para tornar a Gronelândia, que é um território semi-autónomo da Dinamarca, parte dos Estados Unidos.
Trump afirmou que se tratava de uma questão de segurança nacional para os EUA.
Egede reconheceu que a Gronelândia faz parte do continente norte-americano e "um lugar que os americanos vêem como parte do seu mundo", mas disse que não tinha falado com Trump desde que este fez os comentários.
Egede tem apelado à independência da Gronelândia, apontando a Dinamarca como uma potência colonial que nem sempre tratou bem a população indígena Inuit.
"A Gronelândia é para o povo da Gronelândia. Não queremos ser dinamarqueses, não queremos ser americanos. Queremos ser gronelandeses", afirmou numa conferência de imprensa ao lado da primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen, em Copenhaga.
O desejo de Trump pela Gronelândia provocou ansiedade na Dinamarca e em toda a Europa.
Os Estados Unidos são um forte aliado da União Europeia de 27 nações e o principal membro da aliança da NATO e muitos na Europa ficaram chocados com a sugestão de que um novo líder dos EUA poderia sequer considerar o uso da força contra um aliado.
Mas Frederiksen considera que a discussão tem um aspeto positivo.
"O debate sobre a independência da Gronelândia e os últimos anúncios dos EUA mostram-nos o grande interesse na Gronelândia", afirmou.
"A Gronelândia pertence aos gronelandeses - a mais ninguém."
Frederiksen e Egede falaram aos jornalistas após uma assembleia bianual da Dinamarca com os dois territórios do seu reino, a Gronelândia e as Ilhas Faroé.
A reunião tinha sido previamente agendada e não foi convocada em resposta aos recentes comentários de Trump.
O filho mais velho de Trump também visitou a Gronelândia na terça-feira, aterrando num avião com a palavra TRUMP e distribuindo bonés "Make America Great Again" aos habitantes locais.
A emissora pública dinamarquesa, DR, noticiou na sexta-feira que a equipa de Trump encorajou os sem-abrigo e as pessoas socialmente desfavorecidas da Gronelândia a aparecerem num vídeo com os bonés MAGA, depois de lhes ter sido oferecida uma refeição gratuita num restaurante.
Tom Amtof, um residente local, reconheceu algumas das pessoas que aparecem no vídeo transmitido pela equipa de Trump.
"Estão a ser subornados e isso é profundamente desagradável", afirmou.
A Gronelândia tem uma população de 57.000 habitantes. Mas é um vasto território que possui recursos naturais que incluem petróleo, gás e elementos de terras raras, que se espera que se tornem mais íveis à medida que o gelo derrete devido às alterações climáticas.
Tem também uma localização estratégica fundamental no Ártico, onde a Rússia, a China e outros países estão a tentar expandir a sua presença.
A Gronelândia, a maior ilha do mundo, fica mais perto do continente norte-americano do que da Dinamarca.
Enquanto Copenhaga é responsável pelos seus assuntos externos e pela sua defesa, os EUA também partilham a responsabilidade pela defesa da Gronelândia e operam aí uma base aérea com base num tratado de 1951.