A morte de Giulia Cecchettin, de 22 anos, há cerca de uma ano, chocou Itália e reacendeu o debate sobre a violência de género no país.
Filippo Turetta, um jovem italiano de 23 anos que itiu ter matado a ex-namorada, foi condenado por homicídio e sentenciado a prisão perpétua por um tribunal de Veneza.
O juiz excluiu no veredito as circunstâncias agravantes de crueldade e perseguição mas ainda assim optou pela sentença mais severa de Itália, exigindo também o pagamento de uma indemnização num montante de 500 mil euros ao pai da vítima, Giulia Cecchettin,** e de 100 mil euros a cada um dos dois irmãos, além dos custos judiciais.
O veredito surge pouco mais de um ano depois de o corpo de Giulia Cecchettin, de 22 anos, ter sido encontrado numa vala, em novembro de 2023, com 75 facadas e embrulhado em sacos de plástico. Uma semana antes, a jovem tinha desaparecido depois de ter aceitado ir ao centro comercial com o ex-namorado, estudante de engenharia biomédica - tal como ela.
O pai de Giulia, Gino Cecchettin, disse que não estava “nem mais aliviado nem mais triste do que ontem” depois de o juiz ter anunciado a sentença. Afirmou que, embora tenha sido feita justiça, a pena não serve de consolo pela perda da filha e sublinhou que é necessário fazer mais para combater a violência de género.
“Penso que devemos fazer mais como seres humanos, porque não devíamos estar a discutir sentenças neste momento. Acho que não se combate a violência de género com sentenças. Combate-se com prevenção”, afirmou.
Violência contra as mulheres
O desaparecimento da jovem italiana abalou o país. Pouco depois do seu desaparecimento, surgiu um vídeo em que se via Turetta a agredir Cecchettin. O homem de 22 anos tornou-se o principal suspeito e, uma semana depois, foi detido na Alemanha.
O caso gerou indignação generalizada em Itália e intensificou a exigência de medidas para pôr termo à violência contra as mulheres. O pai de Cecchettin e a irmã Elena tornaram-se entretanto figuras públicas na luta contra a violência de género.
Cerca de dez mil pessoas assistiram ao funeral de Giulia em dezembro do ano ado. Durante a cerimónia, o pai pediu aos presentes para serem “agentes de mudança” numa cultura patriarcal que, segundo ele, muitas vezes “desvaloriza a vida das mulheres”.
Nos primeiros 10 meses deste ano, 96 mulheres foram mortas em Itália, 51 das quais por parceiros românticos atuais ou antigos, de acordo com as estatísticas do Ministério do Interior de Roma.