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Angela Merkel adiou candidatura da Ucrânia à NATO por receio da Rússia, revela livro de memórias

Antiga chanceler da Alemanha, Angela Merkel
Antiga chanceler da Alemanha, Angela Merkel Direitos de autor AP Photo
Direitos de autor AP Photo
De Tamsin Paternoster
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A antiga chanceler alemã temia uma retaliação da Rússia se a Ucrânia aderisse à NATO e pediu conselhos ao Papa Francisco para lidar com Donald Trump.

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A antiga chanceler alemã Angela Merkel justificou os seus esforços para atrasar a candidatura da Ucrânia à NATO durante o seu mandato, invocando o receio de que a Rússia pudesse retaliar, de acordo com excertos do seu próximo livro de memórias, agora publicados pelo semanário alemão Die Zeit.

Merkel, que ocupou o cargo de chanceler alemã durante 16 anos, detalhou a sua hesitação em apoiar o Plano de Ação para a Adesão da Ucrânia à NATO numa cimeira importante em Bucareste, em 2008, onde esse processo acabou por ser suspenso.

No seu livro de memórias, Merkel afirma que o desejo da Ucrânia de aderir à NATO deve ser equilibrado com as preocupações de segurança da aliança militar no seu todo. Merkel escreveu sobre a sua preocupação relativamente aos laços da Ucrânia com a Rússia, especialmente com a Frota do Mar Negro da Rússia, baseada na península ucraniana da Crimeia, que Moscovo anexou ilegalmente em 2014.

Merkel disse que achava uma “ilusão” que o estatuto de detentor de um Plano de Ação para a Adesão à NATO pudesse proteger a Ucrânia do presidente russo, Vladimir Putin, ou que tivesse atuado como um elemento dissuasor para Putin, que descreveu como sendo alguém “sempre pronto a distribuir punições” e desinteressado em construir “estruturas democráticas”.

Merkel afirmou ainda que, na altura, apenas uma minoria dos ucranianos apoiava a adesão à NATO, antes de concluir que estava “convencida” de que não poderia concordar com a adesão da Ucrânia à aliança militar.

Presidente dos EUA, George W. Bush, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, com a chanceler alemã, Angela Merkel, na conferência da Cimeira da NATO em Bucareste (2008)
Presidente dos EUA, George W. Bush, e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, com a chanceler alemã, Angela Merkel, na conferência da Cimeira da NATO em Bucareste (2008) YVES LOGGHE/AP

No entanto, a líder alemã afirmou que não oferecer à Ucrânia um Plano de Ação para a Adesão à NATO claro teve custos para as aspirações do país e que uma promessa mais ampla de adesão futura, feita na cimeira de 2008, foi uma provocação para Putin.

Merkel escreveu que a promessa foi entendida como uma “declaração de guerra” pelo líder russo, que lhe terá dito noutro contexto: “Não serás chanceler para sempre. E depois eles (Ucrânia e Geórgia) vão tornar-se membros da NATO. E eu quero evitar isso.”

Putin, que lançou uma invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, justificou repetidamente a sua guerra como uma resposta à expansão da NATO ao longo da fronteira da Rússia.

Embora na cimeira de 2008 tenha sido tecnicamente prometida à Ucrânia uma futura adesão à NATO, não foi definido um caminho claro para a sua concretização. Após a invasão em grande escala da Rússia, a Ucrânia reiterou o seu pedido de adesão à NATO em setembro de 2022. A aliança afirmou que o caminho de Kiev nesse sentido é irreversível, mas não definiu um calendário para a sua adesão.

Por outro lado, Merkel tem sido criticada em Kiev pela abordagem da Alemanha em relação à Rússia durante o seu mandato, nomeadamente pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy. Este acusou Berlim de ser demasiado amigável com Moscovo, em especial no que se refere à sua dependência do gás russo barato.

A antiga líder alemã, que se retirou da vida pública desde que deixou o cargo, disse numa entrevista em 2022 que “não pediria desculpa” pelas políticas da Alemanha em relação à Ucrânia e à Rússia durante o seu mandato.

Papa Francisco disse a Merkel “dobra-te, não te quebres” em relação a Trump

No seu livro de memórias, Merkel também revelou como pediu conselhos ao Papa Francisco sobre como gerir as negociações sobre o acordo climático de Paris com Donald Trump depois de este ter sido eleito presidente dos EUA em 2017.

Merkel escreveu que perguntou indiretamente ao Papa Francisco, durante uma audiência privada, sobre qual seria a melhor forma de lidar com Trump, que na altura ameaçava retirar os EUA do acordo.

“Dobre, dobre, dobre, mas tenha cuidado para não quebrar”, disse ele a Merkel, de acordo com o relato da própria. Merkel escreveu que gostou da analogia e decidiu usá-la durante uma reunião do G20 em Hamburgo.

Refletindo sobre uma reunião com Trump na Casa Branca em março de 2017, Merkel disse que Trump “avaliou tudo da perspetiva do empresário imobiliário que ele tinha sido antes da política”. Trump falava a um “nível emocional” - enquanto ela se descrevia como “factual” -, parecendo ainda fascinado por Putin e outros líderes autoritários, contou Merkel.

A antiga chanceler alemã referiu ainda que Trump a criticou repetidamente e à Alemanha durante a sua campanha eleitoral e que ignorou os seus pedidos subtis para um segundo aperto de mão em frente aos jornalistas durante a visita à Casa Branca em 2017 - uma viagem que ela tinha planeado “meticulosamente”.

“Uma solução para os problemas levantados não parecia ser o seu objetivo”, apontou Merkel, referindo-se às queixas de Trump de que a Alemanha estaria envolvida em práticas comerciais injustas e gastava muito pouco no setor da defesa. No entanto, Merkel itiu que a incapacidade da Alemanha para atingir os objetivos de despesa com a defesa da NATO, estabelecidos numa cimeira em 2014, foi um “ponto fraco” para Berlim.

O livro de Merkel, intitulado “Freedom: Memórias 1954 - 2021”, será lançado a 26 de novembro.

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