O que fazer com os migrantes que chegam de forma irregular à União Europeia?
Esta é a pergunta que os líderes europeus, reunidos em Bruxelas esta quinta-feira, se estão a colocar. A proposta da Comissão Europeia de abrir centros de deportação fora das fronteiras da UE é um exemplo claro de como a maioria dos líderes da UE abraçou as ideias de migração da extrema-direita.
A mudança de mentalidade da Comissão agradou a vários países. Um deles é a Grécia, que tem sido acusada por várias ONG de estara efetuar devoluções a quente. "O pacto não aborda a questão dos regressos, não podemos aceitar que não sejamos eficazes a lidar com aqueles que não têm direito a um estatuto de proteção na UE", defendeu Mitsotakis. "Mal posso esperar para ouvir mais sobre as soluções inovadoras propostas pela Comissão e estou satisfeito por reconhecermos que temos de pensar fora da caixa", reconheceu o primeiro-ministro grego.
A pré-cimeira
Um grupo de dirigentes da UE que partilham a mesma abordagem da política de migração reuniu-se à margem da cimeira da UE. A reunião foi organizada por Giorgia Meloni, de Itália, Dick Schoof, dos Países Baixos, e Mette Frederiksen, da Dinamarca. Participaram o austríaco Karl Nehammer, o cipriota Nikos Christodoulides, o polaco Donald Tusk, o checo Petr Fiala, o grego Kyriakos Mitsotakis, o húngaro Viktor Orbán, o maltês Robert Abela e o eslovaco Robert Fico. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também esteve presente.
Todos falaram da necessidade de promover “soluções inovadoras” para travar a imigração irregular, um eufemismo frequentemente associado às políticas de externalização que transferem os requerentes de asilo para países terceiros, como a Itália já fez com a Albânia.
E os que se lhe opõem
Mas, embora em número reduzido, também há opositores. Como o espanhol Pedro Sánchez, que não se pronunciou à chegada, ou o belga Alexander de Croo. O belga reiterou a sua oposição à criação de centros fora da UE para processar os pedidos de asilo, à semelhança do acordo entre a Itália e a Albânia. “A história tem demonstrado que estas soluções não produzem muitos resultados”, afirmou à imprensa.
Sobre os centros abertos esta semana na Albânia e que estão sob jurisdição italiana, considerou que é necessário ver primeiro se há "alguma lição a tirar", mas acrescentou que “de momento, a avaliação destes centros é que são caros e que os volumes envolvidos são bastante reduzidos”.
Em vez disso, apelou à celebração de mais acordos de cooperação e parceria com países terceiros, como os que a UE celebrou com a Tunísia, o Egito e a Mauritânia. “O que vemos é que os acordos alargados, em que outras questões são também abordadas, funcionam”, afirmou. “Nem sempre são notícias de primeira página, são técnicos, são complicados, mas funcionam bem”.
Não se espera que os líderes cheguem a qualquer acordo sobre migração nesta cimeira.