O governo sérvio, juntamente com a Fiat e fábrica da Stellantis, inauguraram uma nova unidade para fabrico do novo Fiat Panda elétrico. Produção vai avançar depois de fortes manifestações no país por causa da escavação do lítio.
No dia 22 de julho foi inaugurada em Kragujevac, na fábrica do construtor automóvel franco-ítalo-americano Stellantis, uma nova linha de produção experimental da versão elétrica do Grande Panda da Fiat.
A fábrica de Kragujevac já tinha sido o local de produção dos Fiat 500L, mas teve de sofrer algumas alterações para ser revertida para eletrificação, num processo que levou cerca de dois anos.
O Governo sérvio juntamente com Fiat Chryler Automobiles fizeram um investimento de cerca de 190 milhões de euros.
O início da produção está previsto para outubro e tudo indica que este será o primeiro automóvel elétrico, de sempre, a ser produzido em série na Sérvia.
Depois de saírem da linha de produção de Kragujevac, estes automóveis serão entregues em salas de exposição na Europa, no Médio Oriente e em África.
Carlos Tavares, CEO da Stellantis, afirma que a empresa está pronta para enfrentar o desafio dos fabricantes chineses de veículos elétricos. “Nós, na Stellantis, estamos prontos para a luta”, afirma.
Para o CEO a empresa está à altura do desafio. “Vamos demonstrar-lhes que somos trabalhadores. Vamos demonstrar-lhes que temos a tecnologia certa. Vamos demonstrar-lhes que somos um concorrente muito feroz", acrescenta.
A Fiat é a marca de automóveis mais vendida do Grupo Stellantis, o ano ado vendeu em todo o mundo 1,35 milhões de veículos da marca.
O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, esteve presente na inauguração da nova linha de produção experimental e mostrou-se orgulhoso pelo país, pela Fiat e Stellantis. “Estou orgulhoso da nossa cooperação, que nem sempre é simples e fácil, e adoramos esse espírito de luta que vimos aqui hoje. Não nos faltará esse espírito e lutaremos e trabalharemos arduamente para alcançarmos os países mais desenvolvidos da Europa e do mundo.”
O grupo Stellantis, que vendeu 1,35 milhões de veículos em todo o mundo no ano ado, registou recentemente uma redução para metade dos lucros líquidos no primeiro semestre deste ano, devido em grande parte à diminuição das vendas e aos custos de reestruturação.
Criado em 2021 a partir da fusão da Fiat-Chrysler com a PSA Peugeot, o fabricante de automóveis americano-europeu registou lucros líquidos de 5,6 mil milhões de euros (6 mil milhões de dólares) no período acima indicado, uma queda de 48% em comparação com 11 mil milhões de euros no mesmo período do ano ado. As receitas caíram 14% para 85 mil milhões de euros.
Milhares de pessoas manifestam-se na Sérvia contra o negócio da escavação de lítio
Milhares de pessoas reuniram-se em várias cidades da Sérvia, na segunda-feira, para protestar contra o projeto de escavação de lítio que o governo do país balcânico assinou recentemente com a União Europeia.
A maior reserva de lítio da Sérvia situa-se num vale ocidental rico em terras férteis e água, o vale de Jadar.
Os protestos tiveram lugar, simultaneamente, na cidade ocidental de Sabac e nas cidades centrais de Kraljevo, Arandjelovac, Ljig e Barajevo.
Num dos cartazes da fotografia, num dos protestos, podia ler-se. “Não dou Jadar e Radjevina [partes da Sérvia ocidental], mantenho o meu património”.
O lítio é uma substância essencial para o fabrico de baterias para veículos elétricos e o governo sérvio além do acordo que fez de cooperação com a UE sobre o fornecimento de matérias-primas críticas, deu também luz verde à Rio Tinto - empresa multinacional anglo-australiana, a segunda maior de metais e mineração do mundo - para desenvolver o que poderá ser a maior reserva de lítio da Europa.
O acordo alcançado no início deste mês sobre “matérias-primas críticas” poderá reduzir a dependência da Europa em relação à China e aproximar a Sérvia, que tem laços estreitos com a Rússia e a China, da União Europeia.
O acordo foi duramente criticado por ambientalistas, e grupos de oposição na Sérvia, que argumentam que este projeto causaria danos irreversíveis ao ambiente e traria poucos benefícios aos seus cidadãos.
Na cimeira de Belgrado, Vučić afirmou que qualquer escavação não começaria antes de 2028 e que o governo procuraria obter garantias ambientais sólidas antes de autorizar a escavação. "Pessoalmente, como Presidente da República, lutarei pelo ambiente e pela vida do nosso povo em Jadar e Radjivina, para que o seu ar, a sua terra e a sua água fiquem limpos. Para nós, a proteção do ambiente é de importância fundamental", disse.
Alguns membros do Governo deram a entender que também poderia ser realizado um referendo sobre a questão.
Exploração pela multinacional Rio Tinto
A multinacional Rio Tinto tinha iniciado um projeto de exploração na zona há vários anos, que suscitou uma enorme oposição, obrigando à sua suspensão.
No entanto, no início deste mês, o Tribunal Constitucional da Sérvia anulou a anterior decisão do Governo, abrindo caminho para o seu relançamento.
A decisão do Governo sérvio, de cancelar os planos de escavação, surgiu depois de milhares de manifestantes em Belgrado e noutros locais da Sérvia terem bloqueado as principais estradas e pontes em 2021 para se oporem à Rio Tinto.
Esses protestos foram o maior desafio, até à data, do governo cada vez mais autocrático do presidente sérvio Aleksandar Vučić.