Os cinco eurodeputados deste partido europeísta refletiram sobre se se juntariam aos verdes ou aos liberais, acabando por votar pela adesão à bancada ecologista no Parlamento Europeu, numa reunião, segunda-feira, em Bruxelas.
O Volt é um movimento federalista europeu que garantiu cinco eurodeputados nas eleições para o Parlamento Europeu e a decisão põe fim aos rumores de que estes poderiam aderir à bancada do partido liberal-centrista, Renovar a Europa, na qual se sentam, por exemplo, os eleitos pelo partido francês Renascimento, do presidente francês, Emmanuel Macron.
Após as eleições, realizadas de 6 a 9 de Junho, os grupos políticos europeus tentam arregimentar o maior número de eleitos pelos partidos nos 27 Estados-membros que partilham a mesma ideologia e ideias para a União Europeia. Pela primeira vez, Portugal terá dois eurodeputados no Renovar, eleitos pelo Iniciativa Liberal, mas não elegeu nenhum para os verdes.
A decisão – apoiada por 87% dos membros do Volt – parece, parcialmente, motivada pelo facto do Renovar não ter expulsado o partido neerlandês VVD, que se juntou a um governo de coligação nos Países Baixos, liderado pela extrema-direita (o Partido para a Liberdade, de Geert Wilders).
“A credibilidade da luta contra este populismo de direita era maior entre os verdes”, disse o eurodeputado neerlandês do Volt, Reinier van Lanschot. “O VVD não recebeu sanções que consideramos suficientes.”
Já os Verdes dizem que apenas apoiarão a renomeação de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia se esta mantiver o "cordão sanitário" à extrema-direita, nomeadamente ao grupo de direita radical Conservadores e Reformistas Europeus, liderado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, do qual fazem parte eurodeputados eleitos pelo seu partido de extrema-direita, Irmãos de Itália.
“Temos clareza sobre a direção que queremos: a continuação do Pacto Ecológico, sem retrocesso”, disse Terry Reintke, co-líder dos Verdes, à imprensas, que recordou que o partido lutará pelo Estado de direito, numa Europa que mais ativa geopoliticamente.
Corrida pelo terceiro lugar
O Partido Popular Europeu (centro-direita) e o Partido dos Socialistas Europeus (centro-esquerda) ficaram em primeiro e segundo lugar nas eleições europeias, respetivamente, permitindo manter condições para reeditar a chamada "grande coligação", a que se devem juntar liberais e verdes.
Mas o Renovar a Europa parece estar a perder a corrida pelo terceiro lugar para o grupo de direita Conservadores e Reformistas, à medida que as negociações avançam.
Na semana ada, o Renovar perdeu sete eurodeputados eleitos pelo ANO (Chéquia), o partido do polémico ex-primeiro-ministro Andrej Babiš. Já o CRE acolheu mais seis da Aliança para a União dos Romenos (AUR), de pendor nacionalista.
O Renovar poderá ficar com 74 dos 720 eurodeputados, contra os 102 que teve em 2019-2024. O CRE tem 83. Os verdes ficam-se por 53, mesmo com esta adesão do Volt, quando no mandato anterior tinham 71.
A campanha para as eleições europeias tem, muitas vezes, um pendor que reflete a situação política nos vários Estados-membros, e desta feita houve muitos partidos eurocépticos a obterem ganhos consideráveis.
A derrota do Renovar em França, com cerca de metade dos votos que obteve a extrema-direita (Reagrupamento Nacional) levou à convocação de eleições antecipadas para a Assembleia Nacional sa (30 de Junho e 7 de julho).
Em contraste, o Volt que é um partido pan-europeu, assumiu uma posição veementemente pró-europeia e concorreu sob o mesmo programa eleitoral em 16 Estados da UE.
Na anterior legislatura, o Volt tinha apenas um eurodeputado que estava na bancada dos verdes - o alemão Damian Boeselager -, mas agora tem mais dois eurodeputados vindos da Alemanha e dois dos Países Baixos.
A adesão ao grupo será confirmada na primeira reunião plenária do Parlamento Europeu, a 16 de julho. Ao longo dos próximos cinco anos, os eurodeputados podem deixar uma bancada para se juntarem a outra ou permanecerem sem filiação.