{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/my-europe/2018/04/26/as-influencias-externas-na-vida-dos-bosnios" }, "headline": "As influ\u00eancias externas na vida dos b\u00f3snios", "description": "Turcos e \u00e1rabes influenciam, cada vez mais a vida na B\u00f3snia-Herzegovina. A euronews foi ao terreno conhecer a situa\u00e7\u00e3o.", "articleBody": "Na B\u00f3snia-Herzegovina, diferentes grupos \u00e9tnicos e religiosos t\u00eam conseguido viver juntos, de forma relativamente pac\u00edfica. Mas, face \u00e0 influ\u00eancia crescente de v\u00e1rias pot\u00eancias regionais, ser\u00e1 que Sarajevo vai conseguir manter a tradi\u00e7\u00e3o secular de toler\u00e2ncia? 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Houve algu\u00e9m que me acusou de trabalhar para o movimento do G\u00fclen. Eu tenho amigos que fazem parte desse grupo. Nem Erdogan, nem Bakir Izetbegovic podem impedir-me de falar com os meus amigos nas redes sociais, na Turquia, na Gr\u00e9cia, na Alemanha ou noutro s\u00edtio qualquer. E ningu\u00e9m me pode impedir de continuar a ter amigos que apoiam o Erdogan. Todos eles s\u00e3o meus irm\u00e3os\u0022, explica o respons\u00e1vel pelo coro Mehmed Bajraktarevic. A influ\u00eancia da Turquia faz-se sentir nos meios de comunica\u00e7\u00e3o social e no sistema educativo. Quando Erdogan lan\u00e7ou uma vasta purga contra os membros do movimento de G\u00fclen, na Turquia, os professores turcos da B\u00f3snia foram reprimidos ou despedidos. Jornalista euronews: \u0022Sente que \u00e9 pressionado ou que os seus colegas s\u00e3o pressionados pela Turquia? Depoimento an\u00f3nimo: \u201cSim. Primeiro, n\u00e3o conseguimos obter documentos da embaixada Turquia. N\u00e3o nos d\u00e3o nada. Os aportes de algumas pessoas foram confiscados na embaixada. Sentimos medo constantemente. At\u00e9 temos medo de ar em frente da embaixada turca\u0022, explica uma testemunha, an\u00f3nima da opress\u00e3o turca. A estrat\u00e9gia da Turquia para exercer influ\u00eancia na B\u00f3snia inclui v\u00eddeos promocionais para apoiar as opera\u00e7\u00f5es de Ancara na S\u00edria. Segundo um antigo diplomata b\u00f3snio entrevistado pela euronews, os presidentes da Turquia e da B\u00f3snia s\u00e3o amigos. Zlatko Dizdarevi\u0107 considera que a interfer\u00eancia da Turquia pode agravar os conflitos internos da B\u00f3snia. \u0022A influ\u00eancia da Turquia est\u00e1 relacionada com a Irmandade Mu\u00e7ulmana. Atualmente, h\u00e1 uma realidade estranha: a maioria dos b\u00f3snios mu\u00e7ulmanos identifica-se com o imp\u00e9rio otomano. Na noite da elei\u00e7\u00e3o de Erdogan para a presid\u00eancia da Turquia, Izetbegovic, na qualidade de membro da presid\u00eancia da B\u00f3snia Herzegovina, felicitou o Erdogan dizendo: \u0022Senhor presidente, n\u00e3o \u00e9 apenas presidente da Turquia, \u00e9 o presidente de todos n\u00f3s\u0022, adianta Zlatko Dizdarevic, antigo diplomata. Outra fonte de influ\u00eancia na B\u00f3snia s\u00e3o os Estados do Golfo P\u00e9rsico. O novo centro comercial de Sarajevo, o maior do pa\u00eds, financiado por investidores sauditas, custou 50 milh\u00f5es de euros. O investimento externo \u00e9 bem-vindo, mas, a popula\u00e7\u00e3o receia a perda de independ\u00eancia do pa\u00eds. Em Ilidza, nos arredores de Sarajevo, um conselheiro municipal mostra-se preocupado com a import\u00e2ncia crescente da l\u00edngua \u00e1rabe, face ao b\u00f3snio e decidiu propor novas regras para os comerciantes. Euronews: \u0022Qual \u00e9 a vossa proposta e por que raz\u00e3o tomaram esta iniciativa?\u0022 \u0022A minha iniciativa prende-se com o problema do uso do alfabeto e da l\u00edngua \u00e1rabe em publicidades nas ruas e pain\u00e9is nas lojas. Os habitantes n\u00e3o conseguem l\u00ea-los. A l\u00edngua oficial da B\u00f3snia Herzegovina \u00e9 o b\u00f3snio e o alfabeto \u00e9 o latino e o cir\u00edlico. A minha proposta \u00e9 que as duas l\u00ednguas sejam mantidas, num sistema bilingue. O investimento direto estrangeiro \u00e9 obviamente bem-vindo. A nossa ind\u00fastria local foi completamente destru\u00edda pela guerra e, mais tarde, pelas privatiza\u00e7\u00f5es obscuras. N\u00e3o sou contra as visitas dos turistas \u00e1rabes. Mas n\u00e3o podemos esquecer que a B\u00f3snia-Herzegovina tem a sua identidade pr\u00f3pria e deve mant\u00ea-la\u0022, diz Dino Hadzic, membro do Conselho Municipal de Ilidza. \u0022Devia estar escrito apenas em B\u00f3snio. As pessoas que v\u00eam de fora para visitar a B\u00f3snia Herzegovina devem adaptar-se aos costumes locais. E quando h\u00e1 necessidade de usar uma l\u00edngua estrangeira, deve ser o ingl\u00eas que \u00e9 mais falado do que o \u00e1rabe\u201d, explica uma residente local: \u0022Ningu\u00e9m percebe o que est\u00e1 escrito nesses pain\u00e9is. Apenas os \u00e1rabes ou os estudantes de \u00e1rabe podem l\u00ea-los. N\u00e3o me agrada porque ningu\u00e9m consegue perceber o que l\u00e1 est\u00e1 escrito\u0022, adianta outra moradora. \u0022Penso que os an\u00fancios devem ser escritos nas duas l\u00ednguas. No espa\u00e7o p\u00fablico, as informa\u00e7\u00f5es devem ser entendidas pelos locais. Pode estar escrito em \u00e1rabe, mas tem de estar escrito em b\u00f3snio tamb\u00e9m\u0022, frisa outra residente. Outro exemplo da influ\u00eancia financeira do Golfo P\u00e9rsico: o projeto \u0022Buroj-Ozone\u0022. Na montanha de Bjelasnica, os vest\u00edgios medievais da cultura isl\u00e2mica v\u00e3o dar lugar a um aldeamento tur\u00edstico de luxo para 40 mil pessoas. O projeto financiado pelo Dubai representa um investimento de dois mil milh\u00f5es de euros. A constru\u00e7\u00e3o dever\u00e1 ocupar 130 hectares e integra setenta e cinco hot\u00e9is de luxo, dois hospitais, v\u00e1rias zonas comerciais e uma mesquita. As organiza\u00e7\u00f5es ambientalistas afirmam que n\u00e3o houve estudos de impacto ambiental. Euronews: \u201cUm bairro para 40 mil pessoas vai criar muitos empregos. Ent\u00e3o qual \u00e9 o problema?\u201d \u0022Eles ainda n\u00e3o t\u00eam a autoriza\u00e7\u00e3o de constru\u00e7\u00e3o nem estudos de impacto impacto ambiental. Esta \u00e1rea tem \u00e1guas subterr\u00e2neas que constituem a reserva de \u00e1gua de Sarajevo\u201d, refere Rijad Tikvesa, presidente da Ekotim. Euronews: \u0022Vai ser preciso muita \u00e1gua para 40 mil pessoas...\u0022 \u201cClaro. Eles v\u00e3o precisar de muita \u00e1gua e h\u00e1 a quest\u00e3o do saneamento, dos esgotos di\u00e1rios 40 mil pessoas. N\u00e3o vimos estudos sobre o impacto ambiental desses esgotos e n\u00e3o sabemos para onde v\u00e3o\u0022, esclarece o mesmo respons\u00e1vel. O ministro do ambiente da B\u00f3snia confirma que o projeto n\u00e3o tem autoriza\u00e7\u00e3o ambiental. Mas, em entrevista \u00e0 euronews, o presidente da empresa afirma que disp\u00f5e de todas as licen\u00e7as e que o projeto \u00e9 positivo para o pa\u00eds: \u0022Penso que haver\u00e1 entre dez e vinte mil empregos dispon\u00edveis quando o bairro ficar pronto. \u00c9 um sonho. Ningu\u00e9m pensava que fosse poss\u00edvel ter um projeto desta dimens\u00e3o na Europa, com uma fonte deste tamanho num pa\u00eds t\u00e3o pobre. Em primeiro lugar quando visitei Sarajevo ainda havia edif\u00edcios com os buracos das balas. Pensei que o pa\u00eds ainda devia estar em guerra. Mas hoje, j\u00e1 n\u00e3o v\u00ea esses edif\u00edcios destru\u00eddos pela guerra. Penso que daqui a dez ou quinze anos, as oportunidades de investimento v\u00e3o ser diferentes porque tudo vai ser muito mais caro\u0022, diz Ismail Ahmad, presidente do grupo Buroj International. Al\u00e9m da influ\u00eancia econ\u00f3mica, o Golfo P\u00e9rsico exerce uma influ\u00eancia cultural. A Ar\u00e1bia saudita financiou a reconstru\u00e7\u00e3o de mesquitas e promove o ensino da l\u00edngua \u00e1rabe. No Centro Cultural do Rei Fahd, em Sarajevo, as aulas s\u00e3o gratuitas. As turmas s\u00e3o mistas: homens e mulheres, lado a lado: \u0022O nosso pa\u00eds \u00e9 visitado por muitos turistas de l\u00edngua \u00e1rabe. \u00c0s vezes, pedem-me informa\u00e7\u00f5es e eu n\u00e3o me sinto \u00e0 vontade para ajud\u00e1-los e dar-lhes indica\u00e7\u00f5es sobre um caminho em l\u00edngua \u00e1rabe\u0022, esclarece Dalila Memija, estudante de \u00e1rabe. \u0022Estou a aprender \u00e1rabe para poder ler o Cor\u00e3o. O \u00e1rabe \u00e9 complicado. Quando estou a recitar o Cor\u00e3o, n\u00e3o entendo o que est\u00e1 escrito. Quero aprender \u00e1rabe para perceber o que l\u00e1 est\u00e1 escrito, quando leio o Cor\u00e3o\u201d, refere outro aluno, Emir Hodzic. \u0022Sou mu\u00e7ulmana e o nosso livro mais importante est\u00e1 escrito em \u00e1rabe. Estou tamb\u00e9m a aprender turco e h\u00e1 muitas semelhan\u00e7as entre as duas l\u00ednguas. \u00c9 outra das raz\u00f5es. \u00c9 tamb\u00e9m por raz\u00f5es econ\u00f3micas. Na B\u00f3snia, h\u00e1 muitos turistas \u00e1rabes\u0022, frisa outra estudante Lamija Ugarak. O diretor do centro afirma que todas as mesquitas do pa\u00eds est\u00e3o sob supervis\u00e3o direta das autoridades b\u00f3snias. O receio \u00e9 que o dinheiro das organiza\u00e7\u00f5es de solidariedade sauditas caia nas m\u00e3os de organiza\u00e7\u00f5es extremistas: \u0022Hoje em dia, as fontes de financiamento do terrorismo s\u00e3o vigiadas de forma estrita. A Ar\u00e1bia Saudita \u00e9 um dos pa\u00edses que exerce um maior controlo sobre os fluxos financeiros. Vot\u00e1mos leis muito duras, e, al\u00e9m disso, tom\u00e1mos medidas de seguran\u00e7a ao n\u00edvel do sistema banc\u00e1rio. Essas medidas foram certificadas pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido e por outros pa\u00edses. Eles certificaram que o Reino da Ar\u00e1bia Saudita faz um bom trabalho nesse dom\u00ednio\u0022, adianta Mohammed al Alshaykh, diretor do Centro Cultural Rei Fahd, em Sarajevo. A Ar\u00e1bia Saudita n\u00e3o quer ser associada a grupos isl\u00e2micos radicais na B\u00f3snia. O centro cultural do rei Fahd promove o desporto e outras atividades culturais e garante que em todas as atividades homens e mulheres podem participar juntos: \u0022A nossa prioridade \u00e9 ter grupos mistos, do ponto de vista do g\u00e9nero, com todas as origens \u00e9tnicas e perten\u00e7as religiosas da B\u00f3snia-Herzegovina. Tem sido assim desde o in\u00edcio, desde a abertura, em 2002, estamos abertos a todos\u0022, esclarece Fikret Mehovic, porta-voz da institui\u00e7\u00e3o. N\u00e3o muito longe do centro cultural, os membros de um grupo isl\u00e2mico salafista, defensores de uma vis\u00e3o radical do Isl\u00e3o, organizam reuni\u00f5es para tentar converter a popula\u00e7\u00e3o. A filmagem n\u00e3o foi autorizada. Equipado com uma c\u00e2mara escondida, o rep\u00f3rter da euronews perguntou se lhe podiam vender um perfume para a mulher: \u0022Quer que as pessoas na rua olhem para a sua mulher? Somos ciumentos. A nossa mulher \u00e9 para n\u00f3s. A mulher pode estar perfumada em casa, para o marido. Mas, na rua, as pessoas podem virar-se para tr\u00e1s e olhar. isso n\u00e3o est\u00e1 bem. Se ama a sua mulher, guarde-a para si\u0022, afirma Kenan, comerciante de perfumaria. Mas a influ\u00eancia dos grupos salafistas pode assumir contornos mais duros. O rep\u00f3rter Nedzad Latic contou \u00e0 euronews que foi agredido, na rua, depois de ter criticado v\u00e1rias vezes os grupos salafistas. O jornalista b\u00f3snio mu\u00e7ulmano \u00e9 autor de um livro sobre as liga\u00e7\u00f5es entre o poder, os grupos salafistas e as redes criminosas: \u201cEle atacou-me com a m\u00e3o direita, aqui.... E eu agarrei a minha mala, assim.... O telem\u00f3vel ficou partido.... E vi sangue na minha m\u00e3o... Pensei que tinha perdido um olho.... Disse \u0022ai!\u0022 e fiz assim com a m\u00e3o e bloqueei\u0022, explica Nedzad Latic. O jornalista sobreviveu ao ataque. Euronews: \u0022Ainda tem medo hoje? \u0022Claro.. Ando com um spray\u2026\u0022, desabafa o jornalista. Existem v\u00e1rias estruturas salafistas ilegais na B\u00f3snia, sobretudo nas zonas rurais. A mesquita de Dubnica foi destru\u00edda pelos s\u00e9rvios durante a guerra. Gra\u00e7as \u00e0 mobiliza\u00e7\u00e3o da popula\u00e7\u00e3o foi poss\u00edvel reconstru\u00ed-la. De acordo com o im\u00e3 da localidade, a influ\u00eancia dos salafistas \u00e9 hoje limitada: \u0022No territ\u00f3rio do nosso munic\u00edpio, h\u00e1 uma comunidade de ora\u00e7\u00e3o ilegal. Depois da guerra, muitos s\u00e9rvios deixaram a aldeia e venderam as casas aos b\u00f3snios. Algumas casas foram vendidas aos salafistas vindos de diferentes s\u00edtios, da B\u00f3snia Central e tamb\u00e9m de outros pa\u00edses. Esses salafistas encontraram um terreno f\u00e9rtil aqui mas apenas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 terra. Em termos espirituais, as pessoas daqui n\u00e3o aceitam o que eles apregoam\u0022, explica o im\u00e3 de Dubnica, Muharem Mesanovic. A euronews tentou falar com os dirigentes salafistas. Cerca de mil mu\u00e7ulmanos extremistas, do oeste dos Balc\u00e3s, partiram para a S\u00edria e para o Iraque. Um quarto desses combatentes era origin\u00e1rio da B\u00f3snia Herzegovina. \u00c0 entrada da comunidade, um com uma cita\u00e7\u00e3o do Cor\u00e3o d\u00e1-nos as boas vindas. As mulheres usam o v\u00e9u integral. O l\u00edder da comunidade salafista ilegal recusou-se a falar com a euronews. As autoridades b\u00f3snias afirmam que vigiam de perto os membros da comunidade salafista suscet\u00edveis de cometer atos violentos. De acordo com a Comunidade Mu\u00e7ulmana da B\u00f3snia Herzegovina, a situa\u00e7\u00e3o no terreno tem vindo a melhorar. \u0022Quando lan\u00e7\u00e1mos a iniciativa, h\u00e1 dois anos, para chamar as pessoas que est\u00e3o fora das estruturas oficiais da Comunidade Isl\u00e2mica, para que elas regressassem \u00e0 unidade dos mu\u00e7ulmanos, t\u00ednhamos 76 pequenos grupos. Este ano j\u00e1 s\u00f3 temos 21\u0022, adianta Muhamed Jusic, consultor do \u0022grande mufti\u0022. O Coro Sultan Fatih \u00e9 um dos s\u00edmbolos da coexist\u00eancia pac\u00edfica de religi\u00f5es e culturas na B\u00f3snia. Recentemente, come\u00e7ou os ensaios para um novo concerto que junta monges crist\u00e3os e crian\u00e7as mu\u00e7ulmanas. Um exemplo concreto do esp\u00edrito de toler\u00e2ncia do povo b\u00f3snio que poderia ser refor\u00e7ado por uma perspetiva clara de ades\u00e3o \u00e0 Uni\u00e3o Europeia.\u00a0 ", "dateCreated": "2018-04-23T12:01:11+02:00", "dateModified": "2018-04-26T15:05:12+02:00", "datePublished": "2018-04-26T15:05:00+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F03%2F13%2F50%2F44%2F1440x810_cmsv2_8855efeb-d304-5920-8bb0-1e0838bbf844-3135044.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Turcos e \u00e1rabes influenciam, cada vez mais a vida na B\u00f3snia-Herzegovina. 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As influências externas na vida dos bósnios

As influências externas na vida dos bósnios
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De Hans von der Brelie
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Turcos e árabes influenciam, cada vez mais a vida na Bósnia-Herzegovina. A euronews foi ao terreno conhecer a situação.

Na Bósnia-Herzegovina, diferentes grupos étnicos e religiosos têm conseguido viver juntos, de forma relativamente pacífica.

Mas, face à influência crescente de várias potências regionais, será que Sarajevo vai conseguir manter a tradição secular de tolerância?

A integração da Bósnia na União Europeia é um dos cenários possíveis, mas, muitos bósnios não escondem um sentimento de nostalgia do império otomano e a influência turca é cada vez maior.

O Coro Sultan Fatih é um exemplo de abertura à diversidade do povo bósnio.

Canta em várias línguas, incluindo em turco.

O nome do grupo faz referência a um sultão otomano que garantiu liberdade religiosa aos súbditos.

Mas, aparentemente, o atual presidente da Turquia não aprecia o chefe do coro e terá pedido a intervenção do embaixador do país na Bósnia:

"Houve um pedido para que não participássemos num grande concerto, no final do Ramadão, organizado pela Comunidade Islâmica da Bósnia Herzegovina. A Turquia tentou proibir o nosso coro e impedir-me de dirigir o concerto. Houve alguém que me acusou de trabalhar para o movimento do Gülen. Eu tenho amigos que fazem parte desse grupo. Nem Erdogan, nem Bakir Izetbegovic podem impedir-me de falar com os meus amigos nas redes sociais, na Turquia, na Grécia, na Alemanha ou noutro sítio qualquer. E ninguém me pode impedir de continuar a ter amigos que apoiam o Erdogan. Todos eles são meus irmãos", explica o responsável pelo coro Mehmed Bajraktarevic.

A influência da Turquia faz-se sentir nos meios de comunicação social e no sistema educativo.

Quando Erdogan lançou uma vasta purga contra os membros do movimento de Gülen, na Turquia, os professores turcos da Bósnia foram reprimidos ou despedidos.

Jornalista euronews: "Sente que é pressionado ou que os seus colegas são pressionados pela Turquia?

Depoimento anónimo: “Sim. Primeiro, não conseguimos obter documentos da embaixada Turquia. Não nos dão nada. Os aportes de algumas pessoas foram confiscados na embaixada. Sentimos medo constantemente. Até temos medo de ar em frente da embaixada turca", explica uma testemunha, anónima da opressão turca.

A estratégia da Turquia para exercer influência na Bósnia inclui vídeos promocionais para apoiar as operações de Ancara na Síria.

Segundo um antigo diplomata bósnio entrevistado pela euronews, os presidentes da Turquia e da Bósnia são amigos.

Zlatko Dizdarević considera que a interferência da Turquia pode agravar os conflitos internos da Bósnia.

"A influência da Turquia está relacionada com a Irmandade Muçulmana. Atualmente, há uma realidade estranha: a maioria dos bósnios muçulmanos identifica-se com o império otomano. Na noite da eleição de Erdogan para a presidência da Turquia, Izetbegovic, na qualidade de membro da presidência da Bósnia Herzegovina, felicitou o Erdogan dizendo: "Senhor presidente, não é apenas presidente da Turquia, é o presidente de todos nós", adianta Zlatko Dizdarevic, antigo diplomata.

Outra fonte de influência na Bósnia são os Estados do Golfo Pérsico.

O novo centro comercial de Sarajevo, o maior do país, financiado por investidores sauditas, custou 50 milhões de euros.

O investimento externo é bem-vindo, mas, a população receia a perda de independência do país.

Em Ilidza, nos arredores de Sarajevo, um conselheiro municipal mostra-se preocupado com a importância crescente da língua árabe, face ao bósnio e decidiu propor novas regras para os comerciantes.

Euronews: "Qual é a vossa proposta e por que razão tomaram esta iniciativa?"

"A minha iniciativa prende-se com o problema do uso do alfabeto e da língua árabe em publicidades nas ruas e painéis nas lojas. Os habitantes não conseguem lê-los. A língua oficial da Bósnia Herzegovina é o bósnio e o alfabeto é o latino e o cirílico. A minha proposta é que as duas línguas sejam mantidas, num sistema bilingue. O investimento direto estrangeiro é obviamente bem-vindo. A nossa indústria local foi completamente destruída pela guerra e, mais tarde, pelas privatizações obscuras. Não sou contra as visitas dos turistas árabes. Mas não podemos esquecer que a Bósnia-Herzegovina tem a sua identidade própria e deve mantê-la", diz Dino Hadzic, membro do Conselho Municipal de Ilidza.

"Devia estar escrito apenas em Bósnio. As pessoas que vêm de fora para visitar a Bósnia Herzegovina devem adaptar-se aos costumes locais. E quando há necessidade de usar uma língua estrangeira, deve ser o inglês que é mais falado do que o árabe”, explica uma residente local:

"Ninguém percebe o que está escrito nesses painéis. Apenas os árabes ou os estudantes de árabe podem lê-los. Não me agrada porque ninguém consegue perceber o que lá está escrito", adianta outra moradora.

"Penso que os anúncios devem ser escritos nas duas línguas. No espaço público, as informações devem ser entendidas pelos locais. Pode estar escrito em árabe, mas tem de estar escrito em bósnio também", frisa outra residente.

Outro exemplo da influência financeira do Golfo Pérsico: o projeto "Buroj-Ozone".

Na montanha de Bjelasnica, os vestígios medievais da cultura islâmica vão dar lugar a um aldeamento turístico de luxo para 40 mil pessoas.

O projeto financiado pelo Dubai representa um investimento de dois mil milhões de euros.

A construção deverá ocupar 130 hectares e integra setenta e cinco hotéis de luxo, dois hospitais, várias zonas comerciais e uma mesquita.

As organizações ambientalistas afirmam que não houve estudos de impacto ambiental.

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