A professora Jamileh Javidpour explica como a proliferação de alforrecas é um problema a resolver. Mas estas gelatinosas também podem ser aproveitadas para benefício humano.
Num mundo onde a maioria das espécies marinhas luta para lidar com o aquecimento das águas, a poluição e a sobrepesca, as alforrecas (também conhecidas como medusas) estão a prosperar. Estas criaturas gelatinosas parecem estar a dominar os oceanos e, ao mesmo tempo, a causar estragos nos ecossistemas naturais e nas atividades humanas.
Então, como devemos responder a esta crescente invasão de alforrecas? O programa Ocean entrevistou Jamileh Javidpour, professora de biologia na Universidade do Sul da Dinamarca, que investiga alforrecas há duas décadas e coordenou o projeto GoJelly, financiado pela União Europeia.
“As alforrecas estão a tornar-se um incómodo em muitas áreas. Por exemplo, a taxa de picadas está a aumentar”, explica Jamileh Javidpour. “Temos de proteger infraestruturas nas zonas costeiras para evitar que as alforrecas entrem nas linhas de produção.”
A professora diz que a proliferação de alforrecas é apenas um sintoma de um sistema alterado e, por isso, defende que é preciso perceber a origem desse problema. Esta pode ser a eutrofização, a sobrepesca ou o aquecimento climático.
“Quando houver orientações sobre como nos podemos livrar delas, podemos utilizar essa quantidade de biomassa para algo benéfico para nós, que beneficia a sociedade”, explica.
Jamileh Javidpour dá o exemplo do leste da Ásia, onde há um grande interesse nas alforrecas enquanto alimento. Outra possibilidade é a utilização das propriedades medicinais destas gelatinosas, que já provaram ter capacidades anti-inflamatórias ou anticancerígenas.
Mas a investigadora também alerta para os erros do ado, quando se começou a usar material biológico “sem cuidar da população”. “Caso contrário, vamos voltar a ter um problema do esgotamento de todo o ecossistema”, remata.