Harvey Weinstein está de volta ao tribunal sete anos depois de lhe terem sido feitas as primeiras acusações. Mas mesmo que o novo julgamento termine com um veredito de inocência, o magnata do cinema continuará atrás das grades em Rikers Island.
Na última vez que um júri de Nova Iorque julgou Harvey Weinstein, o ex-chefe de um estúdio de cinema foi considerado culpado de violação e condeando a 23 anos de prisão.
Cinco anos mais tarde, esse veredito histórico ligado ao movimento #MeToo desapareceu - anulado em recurso - e Weinstein vai ser novamente julgado, começando hoje com a seleção do júri.
O mais alto tribunal de Nova Iorque, o Tribunal de Recurso, anulou a condenação de Weinstein e ordenou um novo julgamento, considerando que o original, em 2020, foi manchado por decisões inadequadas e testemunhos prejudiciais. Esta decisão deu a Weinstein uma segunda oportunidade de lutar contra as acusações, e de o fazer num ambiente diferente do seu primeiro julgamento, que decorreu no meio de um ajuste de contas global sobre a má conduta sexual.
Weinstein, 73 anos, que se declarou inocente e nega ter violado ou agredido sexualmente alguém, está mais velho e mais frágil, entrando e saindo do hospital regularmentedevido a vários problemas de saúde. Está agora muito longe do tempo em que era um dos homens mais poderosos do mundo do cinema.
No novo julgamento em Nova Iorque, o juiz Curtis Farber reservou pelo menos quatro dias para a seleção do júri e espera que as declarações de abertura e o início dos testemunhos tenham lugar na próxima semana.
O juiz, a acusação e a defesa vão trabalhar para circunscrever um enorme grupo de potenciais jurados às 18 pessoas - 12 jurados e seis suplentes - necessárias para o julgamento, fazendo perguntas e procurando eliminar qualquer pessoa que considerem não poder julgar o caso de forma justa.
Weinstein está a ser julgado novamente por duas acusações do seu julgamento original. É acusado de violar a aspirante a atriz Jessica Mann num quarto de hotel em Manhattan, em 2013, e de cometer um ato sexual criminoso ao forçar sexo oral a uma assistente de produção de cinema e televisão, Mimi Haley, em 2006.
É também acusado de um ato sexual criminoso com base numa alegação de uma mulher que não participou no julgamento original. Essa mulher, que não foi identificada publicamente, alega que Weinstein a obrigou a fazer sexo oral num hotel de Manhattan.
Mesmo que o novo julgamento termine com a absolvição, Weinstein permanecerá atrás das grades em Rikers Island, uma vez que foi condenado pela segunda vez em fevereiro de 2023, depois de ter sido considerado culpado da violação de uma atriz num quarto de hotel de Los Angeles em 2013.
Foi também considerado culpado de sexo oral forçado e penetração sexual por um objeto estranho em relação à mesma mulher, designada em tribunal apenas como Jane Doe 1.
Weinstein também está a recorrer da condenação por violação em Los Angeles. A condenação a 16 anos de prisão nesse caso ainda se mantém, embora os seus advogados tenham dito que ele precisa de ser novamente julgado porque a condenação de Nova Iorque, entretanto anulada, foi um fator na forma como a sua pena foi calculada.