A Comissão comprometeu-se a lançar um plano de ação para a indústria siderúrgica em meados de março, dias depois da entrada em vigor das tarifas ameaçadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o sector, o que poderá provocar o início de uma guerra comercial.
A Comissão Europeia vai publicar um plano de ação para lidar com as medidas comerciais desleais impostas ao sector do aço pelos concorrentes internacionais e rever os limites de importação estabelecidos durante a disputa comercial do aço que começou durante a última istração Trump, que deve terminar em junho de 2026, anunciou o executivo na terça-feira.
"Os produtores de aço europeus estão numa encruzilhada", disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, durante uma reunião com representantes da indústria siderúrgica, "enfrentando os desafios da descarbonização necessária e da concorrência global parcialmente desleal". Ursula von der Leyen disse que a Comissão pretende apresentar um plano para ajudar o sector a "prosperar globalmente", acrescentando: "Juntamos forças para defender com firmeza o aço produzido na Europa".
O plano de ação deverá ser apresentado pelo vice-presidente da Comissão, Stéphane Séjourné, no dia 19 de março, poucos dias depois da data provável de entrada em vigor - 12 de março - das tarifas de 25% anunciadas por Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio para os EUA.
A Comissão prometeu responder "com firmeza" e "imediatamente" às medidas adotadas pelos EUA assim que for notificada, disse um funcionário da UE à Euronews. Já foi elaborada uma lista de produtos americanos que serão objeto de contra-medidas europeias. O próximo o será "uma decisão política", disse outro funcionário da UE à Euronews, afirmando que a questão está a ser tratada diretamente pelo gabinete de von der Leyen.
A Comissão prometeu na terça-feira rever as medidas de salvaguarda que limitam as importações de aço para o bloco, que foram revistas várias vezes desde 2018, mas não podem ser prorrogadas para além de oito anos.
Em junho de 2024, decidiu renovar novamente estas medidas, citando as sobrecapacidades globais - especialmente provenientes da China - que se repercutem no mercado europeu. Na altura, as medidas não visavam as importações de aço dos EUA, uma vez que a disputa comercial instigada durante a primeira istração Trump foi interrompida durante a presidência de Biden.
O sector europeu está agora preocupado não só com "os quase quatro milhões de toneladas de exportações de aço da UE todos os anos para os EUA", que serão atingidas pelas tarifas americanas, mas também com os 27 milhões de toneladas de importações globais de aço que chegam atualmente aos EUA provenientes de outros países e que serão agora desviadas para mercados abertos, disse Axel Eggert, diretor-geral do grupo de comércio de aço EUROFER, à Euronews.
"É claro que a Europa é o primeiro destino. Vamos ter outra vaga de importações de aço devastadoras, que vão destruir a nossa indústria, os empregos, a capacidade e as cadeias de valor na Europa", acrescentou.
Para além da revisão das medidas de salvaguarda, o plano de ação da Comissão também abordará outros desafios que o sector enfrenta, como os elevados custos da energia e os métodos de produção ecológicos.