{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/business/2024/11/13/por-que-razao-as-acoes-europeias-do-setor-da-defesa-dispararam-apos-a-vitoria-de-trump" }, "headline": "Por que raz\u00e3o as a\u00e7\u00f5es europeias do setor da defesa dispararam ap\u00f3s a vit\u00f3ria de Trump?", "description": "Preocupa\u00e7\u00f5es com o financiamento da NATO e os potenciais cortes na ajuda militar dos EUA geraram expectativas de que a Europa aumente as suas despesas com a defesa.", "articleBody": "As a\u00e7\u00f5es europeias do setor da defesa est\u00e3o a disparar na sequ\u00eancia da vit\u00f3ria de Donald Trump nas elei\u00e7\u00f5es de 2024 nos EUA e do controlo quase total do Congresso pelo Partido Republicano.Os investidores parecem ter lido nas entrelinhas da ret\u00f3rica ada de Trump: mais partilha de encargos da NATO, menos ajuda militar dos EUA e um potencial para as empresas de defesa europeias capitalizarem os or\u00e7amentos de seguran\u00e7a refor\u00e7ados na Europa.As a\u00e7\u00f5es da empresa de defesa italiana, Leonardo SpA, subiram 17% desde a elei\u00e7\u00e3o de Trump, com o fabricante alem\u00e3o de armas Rheinmetall AG a subir uns impressionantes 22% e a Hensoldt AG, especialista alem\u00e3 em sensores de defesa, a subir 18%.Para estas empresas, um potencial aumento do financiamento europeu da defesa representa uma oportunidade. Em n\u00edtido contraste, os fabricantes de autom\u00f3veis europeus viram os pre\u00e7os das suas a\u00e7\u00f5es cair \u00e0 medida que a posi\u00e7\u00e3o protecionista de Trump sobre o com\u00e9rcio ressurgiu, aumentando os receios de novas tarifas.A \u0022Am\u00e9rica primeiro\u0022 e a carteira da NATO primeiro: chegou a altura de a Europa pagar?Durante o seu anterior mandato, Trump n\u00e3o escondeu a sua convic\u00e7\u00e3o de que os Estados Unidos avam um fardo injusto pelos custos de defesa da NATO e chegou mesmo a flertar com a possibilidade de retirar os Estados Unidos da alian\u00e7a.H\u00e1 quem acredite que n\u00e3o se tratou apenas de um discurso eleitoral. Os analistas esperam agora que a Europa tenha de ir mais fundo nos seus cofres.\u0022A Uni\u00e3o Europeia n\u00e3o fala coletivamente a uma s\u00f3 voz e os Estados-membros est\u00e3o muito longe de ter os mesmos objetivos em mat\u00e9ria de defesa\u0022, escreveu num relat\u00f3rio o grupo de reflex\u00e3o econ\u00f3mica Bruegel, com sede em Bruxelas.Na segunda-feira, a ministra alem\u00e3 dos Neg\u00f3cios Estrangeiros, Annalena Baerbock, declarou: \u0022Temos de pensar em grandes investimentos na seguran\u00e7a europeia e faz\u00ea-los\u0022, defendendo uma mudan\u00e7a do objetivo da NATO de 2% do PIB para um compromisso mais substancial.Em setembro, o ministro da Defesa alem\u00e3o, Boris Pistorius, prop\u00f4s um aumento das despesas com a defesa para 3% a 3,5% do produto interno bruto (PIB) da Alemanha. Este sentimento parece ter apoio, com uma nova sondagem do Instituto Koerber-Stiftung a revelar que 73% dos alem\u00e3es acreditam que a Alemanha deve aumentar as despesas com a seguran\u00e7a europeia.\u0022O resultado das elei\u00e7\u00f5es nos EUA e o colapso da coliga\u00e7\u00e3o do sem\u00e1foro s\u00e3o um verdadeiro teste de stress para a Europa\u0022, afirmou Nora M\u00fcller, diretora de Pol\u00edtica Internacional da Funda\u00e7\u00e3o K\u00f6rber. \u0022O facto de uma maioria da popula\u00e7\u00e3o alem\u00e3 ser da opini\u00e3o de que a Alemanha deve investir mais dinheiro na seguran\u00e7a europeia deve ser entendido como um voto para implementar consistentemente o 'ponto de viragem', independentemente de quem formar o governo federal no futuro.\u0022As estat\u00edsticas da NATO mostram que, em 2023, apenas nove pa\u00edses europeus - Dinamarca, Hungria, Eslov\u00e1quia, Finl\u00e2ndia, Let\u00f3nia, Litu\u00e2nia, Est\u00f3nia, Gr\u00e9cia e Pol\u00f3nia - cumpriram o objetivo de 2% do PIB em despesas de defesa.Em contrapartida, as tr\u00eas maiores economias europeias - Alemanha, Fran\u00e7a e It\u00e1lia - ficaram aqu\u00e9m deste valor de refer\u00eancia, enquanto os Estados Unidos afetaram 3,2% do seu PIB \u00e0 defesa, apenas ultraados pela Pol\u00f3nia.Analistas preveem aumento dos or\u00e7amentos da defesa na EuropaOs analistas do Goldman Sachs sugerem que a reelei\u00e7\u00e3o de Trump poder\u00e1 traduzir-se num aumento das despesas com a defesa na Europa.De acordo com a an\u00e1lise do banco de investimento, o cumprimento do objetivo da NATO de 2% do PIB e a compensa\u00e7\u00e3o de uma eventual diminui\u00e7\u00e3o da ajuda militar dos EUA \u00e0 Ucr\u00e2nia poderiam custar \u00e0 Uni\u00e3o Europeia mais 0,5% do seu PIB por ano.De facto, os EUA fornecem atualmente cerca de 40 mil milh\u00f5es de euros por ano (cerca de 0,25% do PIB da UE) em apoio militar \u00e0 Ucr\u00e2nia - um compromisso que Trump indicou que iria reverter. Qualquer redu\u00e7\u00e3o do apoio dos EUA exigiria, provavelmente, que os pa\u00edses europeus aumentassem as suas despesas para preencher o vazio, acrescentando mais uma responsabilidade fiscal aos ombros europeus.As empresas de defesa na Europa j\u00e1 se est\u00e3o a posicionar para potenciais aumentos nas encomendas, com gigantes como a Rheinmetall e a Leonardo a prepararem-se para um aumento da procura.Armin Papperger, CEO da Rheinmetall, observou que a posi\u00e7\u00e3o de Trump \u0022vai preparar os europeus para serem mais independentes\u0022, com a press\u00e3o crescente dos EUA para que os aliados europeus da NATO aumentem os seus or\u00e7amentos de defesa muito para al\u00e9m do limite estabelecido de 2%. Os diretores executivos europeus do setor da defesa veem uma oportunidade no meio de novas press\u00f5es financeiras. Os l\u00edderes europeus do setor da defesa parecem estar prontos para enfrentar o desafio - e colher os potenciais frutos.Roberto Cingolani, diretor executivo da Leonardo, disse recentemente ao Financial Times que a Europa deve estar preparada para agir de forma independente. \u0022Como europeus, estamos plenamente conscientes, sem que Trump tenha de nos dizer, que temos de aumentar as contribui\u00e7\u00f5es [para a NATO]\u0022, afirmou. \u0022Afinal de contas, n\u00e3o \u00e9 do nosso interesse sermos parceiros minorit\u00e1rios\u0022.No entanto, a realidade \u00e9 clara: os europeus est\u00e3o a ser chamados a ar mais encargos com a seguran\u00e7a do continente, uma mudan\u00e7a que pode alterar as prioridades de financiamento da defesa e moldar as alian\u00e7as militares europeias num futuro previs\u00edvel.Com o regresso de Trump ao poder a abalar as rela\u00e7\u00f5es transatl\u00e2nticas, as na\u00e7\u00f5es europeias e as empresas de defesa est\u00e3o a preparar-se para uma nova era nas despesas com a defesa - uma era em que a Europa paga, mas tamb\u00e9m se mant\u00e9m de p\u00e9.", "dateCreated": "2024-11-13T10:24:50+01:00", "dateModified": "2024-11-13T12:35:22+01:00", "datePublished": "2024-11-13T12:35:22+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F84%2F85%2F32%2F1440x810_cmsv2_cba3e7c8-4b16-54f2-9221-46cea5549a08-8848532.jpg", "width": 1440, "height": 810, "caption": "Militares seguram a bandeira da Uni\u00e3o Europeia enquanto participam numa cerim\u00f3nia de hastear da bandeira", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F08%2F84%2F85%2F32%2F432x243_cmsv2_cba3e7c8-4b16-54f2-9221-46cea5549a08-8848532.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": 403, "height": 60 }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Negocios", "Mercados" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Por que razão as ações europeias do setor da defesa dispararam após a vitória de Trump?

Militares seguram a bandeira da União Europeia enquanto participam numa cerimónia de hastear da bandeira
Militares seguram a bandeira da União Europeia enquanto participam numa cerimónia de hastear da bandeira Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
De Piero Cingari
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Preocupações com o financiamento da NATO e os potenciais cortes na ajuda militar dos EUA geraram expectativas de que a Europa aumente as suas despesas com a defesa.

PUBLICIDADE

As ações europeias do setor da defesa estão a disparar na sequência da vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 nos EUA e do controlo quase total do Congresso pelo Partido Republicano.

Os investidores parecem ter lido nas entrelinhas da retórica ada de Trump: mais partilha de encargos da NATO, menos ajuda militar dos EUA e um potencial para as empresas de defesa europeias capitalizarem os orçamentos de segurança reforçados na Europa.

As ações da empresa de defesa italiana, Leonardo SpA, subiram 17% desde a eleição de Trump, com o fabricante alemão de armas Rheinmetall AG a subir uns impressionantes 22% e a Hensoldt AG, especialista alemã em sensores de defesa, a subir 18%.

Para estas empresas, um potencial aumento do financiamento europeu da defesa representa uma oportunidade. Em nítido contraste, os fabricantes de automóveis europeus viram os preços das suas ações cair à medida que a posição protecionista de Trump sobre o comércio ressurgiu, aumentando os receios de novas tarifas.

A "América primeiro" e a carteira da NATO primeiro: chegou a altura de a Europa pagar?

Durante o seu anterior mandato, Trump não escondeu a sua convicção de que os Estados Unidos avam um fardo injusto pelos custos de defesa da NATO e chegou mesmo a flertar com a possibilidade de retirar os Estados Unidos da aliança.

Há quem acredite que não se tratou apenas de um discurso eleitoral. Os analistas esperam agora que a Europa tenha de ir mais fundo nos seus cofres.

"A União Europeia não fala coletivamente a uma só voz e os Estados-membros estão muito longe de ter os mesmos objetivos em matéria de defesa", escreveu num relatório o grupo de reflexão económica Bruegel, com sede em Bruxelas.

Na segunda-feira, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, declarou: "Temos de pensar em grandes investimentos na segurança europeia e fazê-los", defendendo uma mudança do objetivo da NATO de 2% do PIB para um compromisso mais substancial.

Em setembro, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, propôs um aumento das despesas com a defesa para 3% a 3,5% do produto interno bruto (PIB) da Alemanha. Este sentimento parece ter apoio, com uma nova sondagem do Instituto Koerber-Stiftung a revelar que 73% dos alemães acreditam que a Alemanha deve aumentar as despesas com a segurança europeia.

"O resultado das eleições nos EUA e o colapso da coligação do semáforo são um verdadeiro teste de stress para a Europa", afirmou Nora Müller, diretora de Política Internacional da Fundação Körber. "O facto de uma maioria da população alemã ser da opinião de que a Alemanha deve investir mais dinheiro na segurança europeia deve ser entendido como um voto para implementar consistentemente o 'ponto de viragem', independentemente de quem formar o governo federal no futuro."

As estatísticas da NATO mostram que, em 2023, apenas nove países europeus - Dinamarca, Hungria, Eslováquia, Finlândia, Letónia, Lituânia, Estónia, Grécia e Polónia - cumpriram o objetivo de 2% do PIB em despesas de defesa.

Em contrapartida, as três maiores economias europeias - Alemanha, França e Itália - ficaram aquém deste valor de referência, enquanto os Estados Unidos afetaram 3,2% do seu PIB à defesa, apenas ultraados pela Polónia.

Analistas preveem aumento dos orçamentos da defesa na Europa

Os analistas do Goldman Sachs sugerem que a reeleição de Trump poderá traduzir-se num aumento das despesas com a defesa na Europa.

De acordo com a análise do banco de investimento, o cumprimento do objetivo da NATO de 2% do PIB e a compensação de uma eventual diminuição da ajuda militar dos EUA à Ucrânia poderiam custar à União Europeia mais 0,5% do seu PIB por ano.

De facto, os EUA fornecem atualmente cerca de 40 mil milhões de euros por ano (cerca de 0,25% do PIB da UE) em apoio militar à Ucrânia - um compromisso que Trump indicou que iria reverter. Qualquer redução do apoio dos EUA exigiria, provavelmente, que os países europeus aumentassem as suas despesas para preencher o vazio, acrescentando mais uma responsabilidade fiscal aos ombros europeus.

As empresas de defesa na Europa já se estão a posicionar para potenciais aumentos nas encomendas, com gigantes como a Rheinmetall e a Leonardo a prepararem-se para um aumento da procura.

Armin Papperger, CEO da Rheinmetall, observou que a posição de Trump "vai preparar os europeus para serem mais independentes", com a pressão crescente dos EUA para que os aliados europeus da NATO aumentem os seus orçamentos de defesa muito para além do limite estabelecido de 2%. Os diretores executivos europeus do setor da defesa veem uma oportunidade no meio de novas pressões financeiras. Os líderes europeus do setor da defesa parecem estar prontos para enfrentar o desafio - e colher os potenciais frutos.

Roberto Cingolani, diretor executivo da Leonardo, disse recentemente ao Financial Times que a Europa deve estar preparada para agir de forma independente. "Como europeus, estamos plenamente conscientes, sem que Trump tenha de nos dizer, que temos de aumentar as contribuições [para a NATO]", afirmou. "Afinal de contas, não é do nosso interesse sermos parceiros minoritários".

No entanto, a realidade é clara: os europeus estão a ser chamados a ar mais encargos com a segurança do continente, uma mudança que pode alterar as prioridades de financiamento da defesa e moldar as alianças militares europeias num futuro previsível.

Com o regresso de Trump ao poder a abalar as relações transatlânticas, as nações europeias e as empresas de defesa estão a preparar-se para uma nova era nas despesas com a defesa - uma era em que a Europa paga, mas também se mantém de pé.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Blinken em Bruxelas para falar sobre a Ucrânia após vitória de Trump

Bolsas europeias recuperam com Trump a adiar para 9 de julho aplicação de direitos aduaneiros de 50% à UE

Bitcoin atinge novo máximo histórico de quase 112 mil dólares