As forças especiais russas entraram num gasoduto para atacar unidades ucranianas pela retaguarda na região de Kursk, itiram os militares ucranianos.
Os relatos de forças especiais a rastejar através de um gasoduto não utilizado com 1,4 metros de largura para atacar as forças ucranianas em Sudzha, na região de Kursk, pareciam inicialmente improváveis. Mas, agora, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou o episódio.
O plano audacioso surgiu num momento em que Moscovo tenta recuperar partes da sua província fronteiriça que Kiev tomou numa ofensiva de choque.
De acordo com as mensagens publicadas no Telegram por um blogger ucraniano, pró-Kremlin, os soldados russos percorreram cerca de 15 quilómetros dentro do gasoduto, que Moscovo utilizava até há pouco tempo para enviar gás para a Europa. Algumas tropas russas aram vários dias dentro do gasoduto antes de atacarem unidades ucranianas pela retaguarda, perto da cidade de Sudzha, afirmou o blogger Yuri Podolyaka.
A cidade tinha cerca de 5 mil habitantes antes da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, e alberga importantes estações de transferência e medição de gás ao longo do gasoduto, outrora uma importante saída para as exportações russas de gás natural através do território ucraniano.
Outro blogger de guerra, que usa o pseudónimo Two Majors, disse que estavam a decorrer combates ferozes em Sudzha e que as forças russas conseguiram entrar na cidade através de um gasoduto. Os canais russos do Telegram mostraram fotografias do que diziam ser agentes das forças especiais, usando máscaras de gás e movendo-se ao longo do que parecia ser o interior de um grande tubo.
O Estado-Maior da Ucrânia confirmou no sábado à noite que os "grupos de sabotagem e assalto" russos utilizaram o gasoduto numa tentativa de ganhar uma posição fora de Sudzha. Num post do Telegram, o Estado-Maior afirmou que as tropas russas foram "detetadas atempadamente" e que a Ucrânia respondeu com rockets e artilharia.
"Neste momento, as forças especiais russas estão a ser detetadas, bloqueadas e destruídas. As perdas do inimigo em Sudzha são muito elevadas", informou o Estado-Maior.
A Ucrânia lançou em agosto uma ousada incursão transfronteiriça em Kursk, no que constituiu o maior ataque em território russo desde a Segunda Guerra Mundial. Em poucos dias, as unidades ucranianas capturaram mil quilómetros quadrados de território, incluindo a cidade fronteiriça estratégica de Sudzha, e fizeram centenas de prisioneiros de guerra russos.
Segundo Kiev, o objetivo da operação era ganhar uma moeda de troca em futuras conversações de paz e forçar a Rússia a desviar as tropas da sua ofensiva no leste da Ucrânia.
Mas agora os soldados ucranianos em Kursk estão desgastados por ataques implacáveis de mais de 50 mil efetivos, incluindo tropas da Coreia do Norte, aliada da Rússia. Dezenas de milhares de soldados ucranianos correm o risco de serem cercados, segundo mapas de fonte aberta do campo de batalha.
O ministério da Defesa da Rússia informou, no domingo, que as suas tropas tomaram a aldeia de Lebedevka, cerca de 12 quilómetros a noroeste de Sudzha, e infligiram derrotas a várias unidades ucranianas dentro e perto da cidade, não especificando quando exatamente ocorreram estes confrontos. A Ucrânia não comentou de imediato as afirmações do ministério russo.
França anuncia novo pacote de ajuda à Ucrânia
Entretanto, o ministro francês da Defesa, Sébastien Lecornu, disse no domingo que a França vai utilizar os lucros dos ativos russos congelados para financiar um pacote adicional de 195 milhões de euros em armas para a Ucrânia, o último de uma série de entregas de ajuda militar financiadas através deste mecanismo.
Numa entrevista ao jornal La Tribune Dimanche, Lecornu disse que Paris vai enviar novos projéteis de artilharia de 155 milímetros e bombas planadoras para os caças Mirage 2000 que já tinha dado à Ucrânia.
A medida provocou uma reação furiosa do presidente do parlamento russo, Vyacheslav Volodin, que afirmou que Paris "responderá pelas suas ações" e que, eventualmente, terá de devolver o que Volodin chamou de fundos "roubados".
Drones ucranianos atacam infraestruturas petrolíferas russas
Na última madrugada, um drone atingiu um depósito de petróleo em Cheboksary, uma cidade russa no rio Volga a cerca de mil quilómetros da fronteira, informou o governador local. De acordo com Oleg Nikolaev, ninguém ficou ferido, mas o depósito precisou de obras de reconstrução.
Nos canais de Telegram russos, circularam imagens do que parecia ser um incêndio numa das maiores refinarias de petróleo da Rússia, na cidade de Ryazan, no sul do país. Shot, um canal de notícias no Telegram, citou residentes locais que disseram ter ouvido várias explosões noturnas perto da refinaria. O governador local, Pavel Malkov, disse que drones ucranianos foram abatidos nas proximidades, acrescentando que não houve vítimas nem danos.
A Ucrânia não se pronunciou de imediato sobre os dois incidentes.