A maioria parlamentar do primeiro-ministro eslovaco ficou ameaçada quando vários deputados abandonaram os seus cargos.
Os três partidos da coligação governamental da Eslováquia concordaram, esta quarta-feira, em transferir ministérios, num acordo que reforçará o poder do partido Smer, do primeiro-ministro Robert Fico, num contexto de repetidas ameaças.
Nos termos do acordo, os parceiros mais jovens da coligação - o partido populista de esquerda Hlas e o nacionalista Partido Nacional Eslovaco (SNS) - cederão, cada um, um ministério ao Smer, partido de esquerda amigo de Moscovo.
O Smer acabará por ter o controlo de nove ministérios, o Hlas de seis e o SNS de dois.
"O Smer utilizará esta influência política para estabilizar a coligação no poder e recuperar a sua maioria parlamentar", declarou Fico numa publicação na sua página do Facebook.
O acordo surge depois de o poder de Fico ter sido ameaçado tanto por uma crise na sua própria coligação como por repetidas tentativas da oposição de apresentar um voto de desconfiança.
A coligação governamental do líder perdeu a sua maioria de 79 lugares depois de três deputados do SNS terem desertado das suas fações parlamentares, exigindo cargos no governo, no parlamento e nas instituições estatais em troca do regresso aos seus lugares.
Quatro outros deputados do Hlas começaram então a insurgir-se abertamente contra o governo, o que culminou com a expulsão de dois deles do partido.
Fico disse que o acordo feito para dar ao seu partido o controlo de ministérios adicionais o ajudaria a negociar com as vozes dissidentes, embora não tenha dado pormenores sobre como.
Em janeiro, o poder de Fico foi também posto à prova quando os partidos da oposição tentaram apresentar uma moção de censura no parlamento eslovaco.
A votação acabou por não se realizar, depois de os membros da oposição terem abandonado o hemiciclo a meio da sessão devido ao facto de Fico ter exigido que metade da sessão parlamentar fosse privada.
Robert Fico tem também enfrentado uma onda de protestos antigovernamentais, na sequência da sua controversa decisão de visitar o presidente russo Vladimir Putin em Moscovo, em dezembro do ano ado. No final de janeiro, manifestantes em mais de 30 cidades eslovacas pediram a demissão do chefe do governo, algo que Fico recusou fazer.
O primeiro-ministro eslovaco há muito que critica a NATO e a União Europeia e é amigo de Moscovo, posições que têm suscitado críticas dos manifestantes e da oposição do país.
Recentemente, intensificou a sua retórica antiucraniana na sequência de um conflito sobre o gás, depois de o país devastado pela guerra se ter recusado a renovar um contrato com Moscovo que permitia o transporte de gás através da Ucrânia para os países europeus vizinhos.
O primeiro-ministro ameaçou limitar o fornecimento de eletricidade e a ajuda aos refugiados ucranianos e deu a entender que estaria disposto a bloquear as ações de ajuda à Ucrânia ao nível da União Europeia (UE).