O presidente colombiano Gustavo Petro terminou recentemente as conversações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), um dos grupos armados envolvidos nos combates, afirmando que não tinha "vontade de paz".
Pelo menos 80 pessoas morreram, 20 ficaram feridas e milhares ficaram desalojadas no nordeste da Colômbia, enquanto prosseguem os confrontos causados pela quebra de uma trégua entre grupos armados que disputam a posse de plantações de folha de coca perto da fronteira com a Venezuela.
Na semana ada, na região de Catatumbo, os confrontos intensificaram-se entre o Exército de Libertação Nacional (ELN) e os antigos membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), grupo guerrilheiro que se desmantelou em 2016 depois de um acordo de paz com o governo colombiano.
Os combates iniciaram-se depois do anúncio do governo, na sexta-feira, de que tinha terminado as negociações de paz com o ELN, que afirmou ter cometido "crimes de guerra" e não ter demonstrado "desejo de paz". É a segunda vez em menos de um ano que as negociações são suspensas.
Entre as vítimas mortais da semana ada contam-se Carmelo Guerrero, líder de uma associação de agricultores, e outras sete pessoas que tentavam negociar um acordo de paz.
O exército colombiano esforçou-se para retirar os cidadãos no domingo, disse William Villamizar, o governador de Norte de Santander, onde muitas pessoas foram mortas.
"Catatumbo precisa de ajuda", disse ele no sábado. "Rapazes, raparigas, jovens, adolescentes, famílias inteiras estão a aparecer sem nada, através de camiões, motos, tudo o que podem, a pé, para evitarem ser vítimas deste confronto".
Juan Gutiérrez fugiu dos combates com a família, acabando por ficar num alojamento temporário em Tibú. Os seus animais e bens permanecem na casa que abandonaram.
"Fomos apanhados no fogo cruzado. Não tivemos tempo para pegar nas nossas coisas", disse Gutiérrez. "Espero que o governo se lembre de nós... Estamos desamparados aqui", acrescentou.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, que visitou a cidade de Cúcuta, no nordeste do país, no domingo, pediu aos grupos armados que parassem de lutar.
"A prioridade é salvar vidas e garantir a segurança das comunidades", disse ele. "Nós enviamos as nossas tropas para toda a região".
As autoridades colombianas enviaram dez toneladas de alimentos e kits de higiene para cinco mil pessoas para o nordeste do país.
O governo acusou o ELN de crimes, mas o grupo atribuiu a culpa aos ex-guerrilheiros da FARC, afirmando que se "continuassem a atacar a população (...) não havia outra saída senão o confronto armado".
No âmbito de uma política conhecida como "paz total", o governo do presidente colombiano Gustavo Petro conversou com o ELN e outros grupos armados, mas anunciou, na sexta-feira, que as conversações entre o governo e o ELN tinham terminado. "O processo de diálogo com este grupo está suspenso, o ELN não tem vontade de paz", escreveu no X.
O ELN, fundado na década de 1960 e com cerca de seis mil combatentes na Colômbia e na Venezuela, financia-se através do tráfico de droga e de minas de ouro ilegais.