Edmundo González fugiu para Espanha depois de o governo de Nicolas Maduro ter reprimido os protestos desencadeados pela sua controversa vitória eleitoral em julho.
O governo do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ofereceu 100 mil dólares (97. 240 euros) em troca de informações sobre o paradeiro do candidato da oposição no exílio, Edmundo González, considerado o verdadeiro vencedor das disputadas eleições do ano ado.
González fugiu para Madrid em setembro, depois de ter sido emitido um mandado de captura por alegada conspiração, quando Maduro reprimiu a dissidência na sequência da sua controversa vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Na quinta-feira, a polícia venezuelana publicou nas redes sociais um boletim de procura, com uma fotografia de González e instruções sobre como alertar as autoridades com qualquer informação.
A polícia acusa González de conspiração, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos, entre outras acusações, que a oposição diz serem todas de motivação política.
"É oferecida uma recompensa de 100 mil dólares a quem der informações sobre a sua localização", dizia a legenda da polícia no Instagram.
Inicialmente, as autoridades prometeram pagar 500 mil dólares (485.965 euros) a potenciais informadores, mas a publicação foi rapidamente corrigida, segundo o jornal espanhol El País.
González, um ex-diplomata de 75 anos, saiu da relativa clandestinidade no ano ado, depois de a líder da oposição María Corina Machadoter sido impedida de competir nas eleições.
Maduro, antigo discípulo do falecido Hugo Chávez, ganhou as eleições que se seguiram em julho. No entanto, ao contrário do que aconteceu em eleições anteriores, o Conselho Nacional Eleitoral, que conta com a participação de aliados de Maduro, não publicou os resultados pormenorizados da votação.
A oposição, que classificou a vitória de Maduro como fraudulenta, publicou os boletins de 80% dos centros de votação, que, segundo a oposição, mostram que o seu candidato foi o grande vencedor.
Milhares de venezuelanos saíram às ruas para se manifestarem contra o governo de Maduro, que respondeu com repressão. Entre 29 de julho e 6 de agosto, as autoridades venezuelanas prenderam mais de 2.200 pessoas.
Durante a repressão, Machado ou à clandestinidade e González refugiou-se na embaixada de Espanha, antes de voar para Madrid.
Os Estados Unidos e muitos outros países veem González como o verdadeiro presidente eleito da Venezuela.
"É claro para os Estados Unidos, para as nações democráticas de todo o mundo e para as organizações internacionais independentes que observaram as eleições de 28 de julho que o candidato da oposição Edmundo González Urrutia obteve o maior número de votos. Isso faz dele o presidente eleito", afirmou o Departamento de Estado dos EUA em novembro.
"O povo venezuelano expressou de forma esmagadora e inequívoca o seu desejo de mudança democrática - os boletins de voto disponíveis ao público assim o dizem", acrescentou.
González prometeu regressar à Venezuela antes da próxima sexta-feira, altura em que Maduro deverá iniciar o seu terceiro mandato consecutivo como presidente.
Horas depois de a polícia venezuelana ter anunciado a recompensa de 100 mil dólares (97.240 euros), a equipa de González disse que ele iria iniciar uma digressão internacional na Argentina, onde está previsto um encontro com o líder do país, Javier Milei, no sábado.
A Argentina demonstrou o seu apoio à oposição venezuelana ao oferecer refúgio diplomático na sua embaixada em Caracas a cinco dos seus membros. Eles estão lá desde março, quando foram emitidos mandados de prisão.
O anúncio de quinta-feira sobre González não foi uma surpresa, uma vez que os aliados de Maduro advertiram, durante meses, o ex-diplomata sobre a receção que receberia, caso regressasse à Venezuela.
No seu programa de televisão, o ministro venezuelano do Interior e da Justiça, Diosdado Cabello, mostrou uma caixa transparente de "presente" para González - decorada com balões e contendo algemas.
Sob o comando de Nicolás Maduro, a Venezuela tem sofrido uma grave crise económica, que levou milhões de venezuelanos a abandonar o país na última década.