A decisão do Secretário-Geral português da ONU, António Guterres, de participar numa cimeira organizada por Vladimir Putin foi alvo de críticas por parte da Ucrânia e dos seus aliados.
O secretário-geral da ONU chegou a Kazan, na Rússia, para participar numa controversa cimeira de países em desenvolvimento, incluindo a China e o Irão.
A decisão de Guterres de participar na reunião organizada pelo presidente russo Vladimir Putin foi alvo de críticas por parte da Ucrânia e dos seus aliados, tendo em conta o conflito em curso após a invasão total de 2022.
"Esta é uma escolha errada que não faz avançar a causa da paz. Só prejudica a reputação da ONU", publicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Kiev na segunda-feira, com base em informações sobre a presença de Guterres, referindo que Putin se recusou a participar numa cimeira de paz na Suíça, para a qual a Ucrânia o convidou no início deste ano.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, um notável crítico da Rússia, também classificou o envolvimento de Guterres como "inaceitável".
A Cimeira dos BRICS, que recebeu o nome dos seus membros originais, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi este ano alargada ao Irão, Egito, Etiópia, Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, e reúne-se esta semana em Kazan, na Rússia, durante vários dias.
De acordo com Stewart Patrick, membro sénior do Carnegie Endowment for International Peace, Guterres pode estar a tentar forjar um acordo de paz e partilha algumas das preocupações dos BRICS sobre a representatividade das instituições internacionais.
Mas "provavelmente não seria bem recebido nas capitais ocidentais, porque poderia ser visto como uma legitimação das políticas de Vladimir Putin", disse Patrick em entrevista à Euronews, na terça-feira.
Os porta-vozes de Guterres não responderam a um pedido de comentário.