Criada em 1978, os mais de 10 mil soldados da paz de 50 países têm patrulhado regularmente a Linha Azul, a fronteira traçada pela ONU entre o Líbano e Israel, ao mesmo tempo que se empenham em esforços para diminuir as tensões entre as duas partes.
Desde a guerra de 2006, a missão FINUL (UNFIL, em inglês) - Força Interina das Nações Unidas no Líbano - nunca assistiu a uma situação tão tensa, afirmou um porta-voz da missão de manutenção da paz.
Criada em 1978, a missão FINUL tem mais de 10 mil soldados de 50 países a patrulhar regularmente a Linha Azul, a fronteira traçada pela ONU entre o Líbano e Israel, ao mesmo tempo que se empenha para diminuir as tensões entre as duas partes.
Depois de Israel ter lançado uma nova vaga de ataques em todo o Líbano, atingindo alvos do Hezbollah, o país enfrenta agora uma nova crise humanitária.
Mais de 600 pessoas foram mortas e mais de 90 mil foram deslocadas no país, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.
Em declarações à Euronews, Andrea Tenenti, um porta-voz da UNFIL descreveu os desafios que a missão está a enfrentar como "o período mais difícil" pelo qual estão a ar desde 2006 "e talvez mesmo antes", acrescentou.
"A intensidade dos bombardeamentos não tem precedentes em comparação com os últimos 13 meses. Desde outubro ado, os disparos transfronteiriços nunca pararam. Nos últimos quatro ou cinco dias, o número de mortos quase atingiu os níveis de 2006", explicou.
A situação atual, segundo Tenenti, está a perturbar as atividades da missão de manutenção da paz. "As nossas tropas permanecem principalmente nas 50 bases que temos perto da Linha Azul. É difícil monitorizar a situação", explicou.
"Fazemo-lo utilizando os nossos radares, mas o principal são as atividades de mediação que estão a ser levadas a cabo pelo chefe da missão e que necessitam do apoio da comunidade internacional", esclarece Andrea Tenenti.
Preparação de uma ofensiva terrestre
Israel diz que está a preparar uma invasão terrestre e Tenenti confessou ser " difícil prever como é que as coisas se vão desenrolar."
"Israel disse que está preparado para uma invasão terrestre, mas a outra coisa importante é que estamos presentes no local e não estamos a ver quaisquer movimentos. Mesmo em 2006, a missão permaneceu no local durante a invasão de Israel, por isso não achamos que isto signifique necessariamente que a missão da FINUL deva ser retirada", diz.
A missão da FINUL pode ser retirada em determinadas circunstâncias, mas a decisão deve ser tomada pelo Conselho de Segurança.
"Há uma solução e já o dizemos há algum tempo: a aplicação da resolução 1701, que também contribuiu para pôr fim à guerra de 2006, o que significa que pode trazer mais efetivos do exército libanês para o Sul e, sobretudo, impor uma zona livre de armas desde o rio Litani até à Linha Azul. Apenas o exército libanês estará nessa zona", defendeu o porta-voz.
Na quarta-feira, o Hezbollah afirmou ter visado a sede da Mossad com um míssil disparado contra Telavive, que foi posteriormente intercetado.
Entretanto, os EUA e a França apelaram a um cessar-fogo de 21 dias. "Esta proposta é muito importante", salientou Tenenti, "mostra que outros países, como a França, EUA ou a Itália, estão dispostos a encontrar uma solução, pois um conflito regional pode ter repercussões em toda a região".
Contudo, Israel rejeitou a proposta, afirmando que continuará a lutar contra o Hezbollah.
A FINUL está a envidar esforços de mediação para diminuir as tensões e Tenenti afirmou que o diálogo é mantido tanto com o exército e as autoridades libanesas como com outras partes, como o Hezbollah e o exército israelita.
"Continuamos a tentar encontrar uma solução através dos esforços de mediação e graças ao trabalho do Chefe de Missão que tem mantido este canal de comunicação com ambas as partes para tentar mitigar os riscos, embora a situação seja muito grave".
"Tentamos facilitar estas negociações, mas a nossa missão não é política", sublinhou Tenenti.
A missão também oferece ajuda humanitária à população local, incluindo assistência médica e apoio a hospitais, disse Tenenti.
O porta-voz explicou que a maior parte das aldeias do sul foram abandonadas e que as pessoas deslocadas mudaram-se para Beirute, ou para as zonas do norte.
O ataque aéreo sustentado de Israel prosseguiu até quinta-feira, tendo a área de operação sido alargada para além do leste e do sul do país.