A vaga de calor que se abateu sobre a Hungria ainda não tem fim à vista e tem afetado a saúde de todos. Contudo, aqueles que vivem o seu dia-a-dia nas ruas e no cimento quente estão numa situação particularmente perigosa.
A vaga de calor que se abateu sobre a Hungria, com os termómetros a chegar aos 40, parece não ter fim à vista e está a preocupar as autoridades.
A 7 de julho, o secretário de Estado húngaro dos Assuntos Sociais anunciou o código vermelho, um procedimento especial em que as instituições sociais, independentemente das suas funções, são obrigadas a acolher as pessoas em dificuldades devido às condições meteorológicas. Este alerta também tem como objetivo sensibilizar as pessoas para a situação de emergência que se vive.
Inicialmente, a medida estava em vigor até à meia-noite de 12 de julho, mas será prorrogada até à meia-noite de 18 de julho.
Numa entrevista, no seguimento deste anúncio, Pál Győrfi, porta-voz do Serviço Nacional de Ambulâncias da Hungria, afirmou que, "durante a vaga de calor, são atendidos cerca de 4.000 pedidos de ajuda" e muitos dos casos de emergência envolvem insolação e exaustão causada pelo calor.
A Proteção Civil lançou vários conselhos que são dificeis de cumprir para as pessoas em situação de sem abrigo, como manterem-se hidratados ou afastados do sol quente durante as horas de maior calor.
Os serviços sociais devem receber as pessoas em situação de sem-abrigo, pelo menos durante o tempo suficiente para que possam beber água, tomar um banho e arrefecer o corpo.
As ONG que trabalham com pessoas que vivem na rua também estão a adaptar-se à emergência. É o caso da Fundação Shelter, cujo abrigo diurno serve agora mais para as pessoas se refrescarem. "As organizações estão a tentar encorajar o menor número possível de pessoas a permanecerem ao sol quente durante períodos mais longos, porque esse é o maior perigo", esclarece Zoltán Aknai, diretor do organismo.
Aknai disse ainda à Euronews que vão mobilizar esforços para ter serviços em que, durante o dia, "haja um membro da equipa que possa estar atento, ou que possa andar pelas ruas e ajudar aqueles que se encontram numa situação em que não se podem proteger dos efeitos nocivos do sol escaldante".
Voluntários levam água a quem precisa
Os voluntários da Budapest Bike Maffia fazem centenas de sanduíches, duas vezes por semana, para as pessoas que vivem na rua. Por estes dias, também lhes levam água por causa do calor. Um dos voluntários da organização sublinha que a meteorologia é um desafio para as pessoas em situação de sem-abrigo durante todo o ano.
"Têm muito menos sítios para se refrescarem, é muito mais difícil para eles tomar banho e lavar roupa, mas é em qualquer estação", diz András Molnár.
Percorremos os trilhos bem organizados da equipa de voluntários, que os fazem de bicicleta para assistir as várias pessoas e entregar-lhes água, e encontrámos um homem que agradece a água. "Se estivermos desidratados, precisamos de muito líquido, três a quatro litros de líquido, como já li e ouvi. E um sítio com sombra. De qualquer forma, está muito calor, mas pelo menos podemos ultraar a situação".
Outro, a viver na rua há pouco tempo por ter ficado sem emprego, diz que é difícil sobreviver em qualquer situação extrema, seja calor ou frio, mas que agora a melhor estratégia é "abrigar-se à sombra."
As ONG dizem que as pessoas que vivem nas ruas correm mais riscos no inverno frio do que no verão, mas que mesmo agora é possível encontrar pessoas na rua que precisam de ajuda. Em muitos casos, a atitude das pessoas que am pode fazer a diferença para colocar alguém em segurança a tempo.