Há mais de um mês que estão a decorrer manifestações contra esta lei na Geórgia. Em entrevista à Euronews, Salome Zourabichvili garantiu que “não há tentação russa" no seu país.
A presidente da Geórgia, Salome Zourabichvili, anunciou em entrevista à Euronews que vai vetar a lei sobre a influência estrangeira. O Parlamento da Geórgia pode, no entanto, anular o veto.
“O veto vai ser anulado ou [a lei] vai ser alterada marginalmente e sem interesse. Por isso, o importante agora é avançar com as eleições”, disse Zourabichvili.
Há mais de um mês que estão a decorrer manifestações na Geórgia contra esta lei, que prevê que órgãos de comunicação social, organizações não governamentais e outras entidades sem fins lucrativos, que atuem no país, se registem como defensores dos “interesses de uma potência estrangeira” se receberem mais de 20% de financiamento do exterior.
Presidente da Geórgia denuncia violência das forças especiais
Salomé Zourabichvili denuciou a violência das forças especiais exercida nas manifestações, diferenciando-as da polícia: “As forças especiais têm registo policial, mas não têm identificação. Por isso, não é possível efetuar investigações e inquéritos sobre os autores destas brutalidades”.
As eleições legislativas previstas para outubro serão um teste para a Geórgia, tendo Zourabichvili descrevido-as como um “referendo sobre a Europa”.
“A União Europeia tem de dizer muito claramente que vai ter em conta a escolha da Geórgia, ou seja, que não vai sancionar o país. Faço uma distinção entre sanções individuais e sanções contra o país, mas o país não será sancionado até que a sua resposta seja conhecida através das urnas”, explicou a presidente georgiana.
Para além disto, Zourabichvili afirmou que não há tentação russa na Geórgia, “existem sim manobras russas de alguns dirigentes”.
“O que posso garantir é que neste país, que atravessou pelo menos três guerras e décadas de ocupação por vários russos, para não dizer séculos, que tem 20% do seu território ocupado, onde não a um dia sem que sejam feitos reféns ou sem que a língua georgiana seja praticamente proibida, os direitos humanos, incluindo os das populações não georgianas, são violados diariamente. Não pode haver tempo para ações de regresso à Rússia, especialmente quando olhamos para o que a Rússia é hoje", explica.
Enquanto os líderes europeus que visitam a Geórgia são regularmente insultados, Salomé Zourabichvili apela a uma mudança na retórica de certos partidos georgianos.