Calcula-se que Prigozhin tenha 5 mil soldados no continente africano
Até sábado era, oficiosamente, uma espécie de braço armado de Moscovo, uma alavanca para alargar a influência russa no estrangeiro. Mas o futuro do grupo Wagner, sobretudo em África, parecia ter-se tornado numa enorme incógnita, até porque o Kremlin deu a entender a sua dissolução.
Mas é para continuar, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, esta segunda-feira. Sergei Lavrov declarou que os paramilitares vão prosseguir as operações de "formação militar" e de "segurança dos líderes" no Mali e na República Centro-Africana. O responsável diplomático assegurou ainda que o que sucedeu no fim de semana não vai mudar em nada as relações da Rússia com os seus aliados africanos.
As tropas de Yevgeny Prigozhin - cerca de 5 mil efetivos no continente africano, calcula-se - conduzem várias operações em diferentes países, incluindo Líbia, Moçambique e Sudão.
Há muito que as forças do grupo mercenário desempenham um papel central nos conflitos internos do Mali, a braços com a insurreição islâmica há vários anos, tendo sido acusadas de cometer o massacre de Moura, ao lado de tropas malianas.
Segundo a ONU, mais de 500 pessoas foram mortas nesta aldeia no centro do país- a maioria executada sumariamente. Moscovo assumiu um compromisso com Bamako, no ano ado: enviar carregamentos de combustível, fertilizantes e alimentos no valor de cerca de 100 milhões de dólares.
Os combatentes Wagner têm também uma forte presença na República Centro-Africana, onde ajudaram a defender o governo do presidente Faustin-Archange Touadéra contra os ataques dos rebeldes à capital, Bangui, em 2018.
Quer o Mali, quer a República Centro-Africana têm estabelecido laços mais estreitos com a Rússia e declaram que os acordos de cooperação militar são com Moscovo e não com Prigozhin.