{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2022/12/28/mulheres-perolas-e-abelhas-nos-destaques-do-ano-de-qatar365" }, "headline": "Mulheres, p\u00e9rolas e abelhas nos destaques do ano de Qatar365", "description": "Ao longo de 2022, levamos at\u00e9 si alguns dos tesouros culturais que podem ser descobertos no Qatar e agora \u00e9 o momento de destacarmos algumas dessas hist\u00f3rias", "articleBody": "O ano de 2022 est\u00e1 a chegar ao fim e com ele uma temporada de programas da s\u00e9rie Qatar365. Selecion\u00e1mos para uma edi\u00e7\u00e3o especial algumas das melhores hist\u00f3rias que lhe fomos dando a conhecer nos \u00faltimos 12 meses. Desde mulheres em plena afirma\u00e7\u00e3o no pa\u00eds que este ano recebeu o Mundial de futebol da FIFA, \u00e0 preserva\u00e7\u00e3o de tradi\u00e7\u00f5es ancestrais, ando pela descoberta da ind\u00fastria agr\u00edcola qatari, neste epis\u00f3dio especial come\u00e7amos em Katara, uma aldeia s\u00edmbolo da riqueza cultural do Qatar. \u0022O Qatar tem ambiciosos objetivos de autossufic\u00eancia alimentar para 2023, mantendo-se em linha com o respetivo plano para 2030. Nos \u00faltimos 12 meses, descobrimos algumas das explora\u00e7\u00f5es agr\u00edcolas que t\u00eam ajudado o pa\u00eds a manter-se na rota desse objetivo. Desde as abelhas \u00e0 hidroponia\u0022, lembra-nos Miranda Atty, introduzindo os primeiros destaques. O mel e a aquaponia do Qatar Existem milhares de abelhas, na quinta Umm Qarn.O engenheiro e apicultor Arafat Hussain tem trabalhado com abelhas desde crian\u00e7a. Tem muita experi\u00eancia. Tanta, que nem sequer usa luvas. \u0022Posso ser uma das primeiras pessoas a produzir no Qatar p\u00f3len, geleia real, pr\u00f3polis e diversos produtos a partir de pr\u00f3polis\u0022, come\u00e7a por nos contar Arafat Hussain. O apicultor da Umm Qarn destaca os ensinamentos que o trabalho lhe permite: \u0022As abelhas ensinam-nos a trabalhar. Ensinam-nos o que \u00e9 sacrif\u00edcio e a ser sinceros no trabalho. As abelhas s\u00e3o insetos magn\u00edficos e o meu amor por elas \u00e9 enorme.\u0022 Arafat Hussein pega num favo das colmeias que tem a seu cuidado e explica-nos que cada um cont\u00e9m centenas de abelhas oper\u00e1rias e uma rainha. H\u00e1 v\u00e1rias quintas agr\u00edcolas por todo o Qatar e recentemente t\u00eam vindo a aumentar no pa\u00eds a produ\u00e7\u00e3o de mel, mas sem um inverno, propriamente dito, oito meses de ver\u00e3o e quatro de primavera tornam dif\u00edcil o cultivo de plantas e flores no Qatar. \u00c9 por isso que algumas quintas est\u00e3o a apostar em m\u00e9todos cada vez mais inovadores para gerar um ambiente de cultivo sustent\u00e1vel. Visit\u00e1mos a estufa sazonal Agrico. \u0022Quando a aquacultura se encontra com a hidroponia, ficamos com o que conhecemos como aquaponia. As bact\u00e9rias ajudam a converter as excre\u00e7\u00f5es dos peixes dos aqu\u00e1rios em fertilizantes que s\u00e3o utilizados, depois, ao lado, nas plantas, que assim recebem mais azoto e libertam \u00e1gua purificada de volta aos aqu\u00e1rios\u0022, explica-nos a jornalista da Euronews Scheherazade Gaffoor, no meio de uma estufa onde fileiras de plantas s\u00e3o circundadas por aqu\u00e1rios. Pela primeira vez, este conceito de produ\u00e7\u00e3o vegetal circular est\u00e1 dispon\u00edvel numa mercearia no Qatar para promover uma agricultura vertical com recursos a l\u00e2mpadas LED. Esta tecnologia permite cultivar plantas de folha, incluindo ervas arom\u00e1ticas e frutos como os mel\u00f5es ou os tomates. N\u00e3o \u00e9 a \u00fanica aposta \u2018fora da caixa\u2019 na agricultura do Qatar. H\u00e1 quem esteja a atrair turistas e visitantes locais com uma abordagem mais hol\u00edstica. Seguimos para Heenat Salma, um local desenhado para nos desligarmos do stresse di\u00e1rio atrav\u00e9s de uma experi\u00eancia de vida mais simplista. No jardim pedag\u00f3gico promove-se a permacultura. Ao cultivarmos de forma autossuficiente e sustent\u00e1vel, aprendemos como as sess\u00f5es de forma\u00e7\u00e3o s\u00e3o ali preparadas para melhorar o nosso foco mental. \u0022As pessoas colhem a pr\u00f3pria comida. Desta forma, promovemos uma maior consciencializa\u00e7\u00e3o na produ\u00e7\u00e3o da nossa alimenta\u00e7\u00e3o, ligamo-nos com os elementos e tamb\u00e9m com a beleza circundante. Por isso, quando estamos no exterior, estamos totalmente envolvidos no ambiente. O aroma quando tocamos nos produtos naturais devolve-nos \u00e0 nossa natureza\u0022, explica-nos a especialista em permacultura Soumia Masmoudi. Seja por atrair visitantes para a aprendizagem de uma vida sustent\u00e1vel, por distribuir mel produzido no Qatar ou por utilizar m\u00e9todos agr\u00edcolas inovadores, o que fica claro \u00e9 que este pa\u00eds do M\u00e9dio Oriente est\u00e1 a dar muitos os para se tornar autossuficiente. Mulheres qataris em destaque Ao longo do ano, tamb\u00e9m fomos dando a conhecer mulheres qataris que chegaram ao topo das respetivas \u00e1reas de atividade. Desde Chefs de cozinha a pilotos de aeron\u00e1utica, recordamos de seguida algumas das mais inspiradoras No cora\u00e7\u00e3o do souq Waqif, um dos mercados mais emblem\u00e1ticos do Qatar, encontr\u00e1mos um pequeno restaurante, gerido por uma mulher baixa, mas de grandes sonhos. \u0022Em 2004, contatei o souq Waqif e disse: 'chamo-me Shoomoos e vendo especiarias. Eles responderam: \u2018Anda, temos estado \u00e0 tua procura por todo o lado\u2019\u201d, contou-nos a gerente do Shay al Shoomoos . Shams al-Qassabi tem cinco filhos e \u00e9 a primeira mulher a gerir um neg\u00f3cio no souq . \u0022Durante dois meses, ningu\u00e9m sabia nada sobre o Shai Al Shoomoos. Trabalhei no duro, dia e noite, inventei e aprimorei algumas receitas tradicionais do Qatar. Uso apenas receitas ancestrais e apenas cozinho alimentos ligados com \u00e0 nossa heran\u00e7a\u0022, revela-nos Al-Qassabi. Do tiro \u00e0 velocidade pelos c\u00e9us e na \u00e1gua Ao longo deste ano demos a conhecer tamb\u00e9m mulheres qataris de fibra. Destacamos tr\u00eas. Uma no tiro aos pratos, outra aos comandos de um avi\u00e3o e uma remadora. Reem al-Sharshani iniciou-se nos tiros aos pratos aos 15 anos. Agora, na casa dos \u2018vintes\u2019, j\u00e1 ganhou uma medalha de bronze nos Mundiais. Reem \u00e9 parte da equipa nacional do Qatar e tem grandes objetivos para o futuro. \u0022Quero ir aos jogos Ol\u00edmpicos. Quero qualificar-me e ganhar a medalha de ouro. Quero sentir-me orgulhosa de mim mesma por ter optado por este desporto e quero deixar tamb\u00e9m a minha fam\u00edlia orgulhosa. E o meu pa\u00eds\u0022, diz-nos Reem al-Sharshani. Impelida pelo sonho de um dia voar pelos c\u00e9us como se fosse um p\u00e1ssaro, Reem Al Kuthairi \u00e9 a primeira mulher qatari a pilotar um avi\u00e3o ultraleve. \u0022Este foi o d\u00e9cimo ano desde que comecei a voar. H\u00e1 10 anos fiz o meu primeiro voo a solo neste tipo de avi\u00e3o e, de facto, foi aqui, no Qatar. Depois decidi tirar a licen\u00e7a de voo internacional e viajei para o Reino Unido. Fui para uma das melhores escolas para conseguir a licen\u00e7a em quatro semanas. Foi um curso intensivo, muito dif\u00edcil. N\u00e3o tinha ningu\u00e9m a quem pedir ajuda porque ningu\u00e9m no Qatar o tinha feito antes. Foi dif\u00edcil, mas desfrutei de tudo\u0022, garantiu-nos Al Kuthairi. Reem tamb\u00e9m tentou voar num ultraleve com esquis, nas montanhas, descolando a cerca de 2.500 metros de altitude. Para ela, este tipo de experi\u00eancias s\u00e3o perfeitas para quem quer sentir a calma dos c\u00e9us, mas tamb\u00e9m para quem gosta de uma boa explos\u00e3o de adrenalina. \u0022Sempre que ando por terra, estou sempre a olhar para cima e a desejar estar l\u00e1 a olhar para baixo. O que eu adoro, em particular, nestes desportos a\u00e9reos \u00e9 a liga\u00e7\u00e3o que estabelecemos com o mundo. Muita gente, por todo o mundo, come\u00e7a a saber quem somos e a conhecer a nossa cultura. \u00c9 assim que ficamos a conhecer-nos uns aos outros\u0022, Reem Al Kuthairi. Os desportos aqu\u00e1ticos s\u00e3o habituais no Qatar e isso foi bom para Tala Abujbara, que gosta de estar na \u00e1gua. Foi a primeira mulher qatari a competir no remo ol\u00edmpico. Aconteceu nos Jogos do Jap\u00e3o de 2020, realizados em 2021 devido \u00e0 pandemia. \u0022Encontrem as pessoas que vos apoiam, tenham-nas sempre por perto e nunca as larguem porque esta \u00e9 uma viagem muito dif\u00edcil. H\u00e1 muitos altos e baixos, e essas s\u00e3o as pessoas que v\u00e3o estar ali, quando ca\u00edmos, para nos ajudar a levantar\u0022, aconselha Tala Abujara, mostrando-se dispon\u00edvel para ser o apoio de outros atletas que se possam sentir desamparados. Arte de pesca tradicional Ao longo deste ano, fic\u00e1mos tamb\u00e9m a conhecer em Qatar365 o papel do pa\u00eds enquanto centro cultural do golfo ar\u00e1bico. Existem diversos museus modernos e obras de arte p\u00fablicas, mas h\u00e1 tamb\u00e9m um forte desejo de manter viva heran\u00e7a cultural qatari. Desde o momento em que entramos em Doha, h\u00e1 arte para ser irada. Podemos encontrar obras de arte p\u00fablicas em locais cl\u00e1ssicos como o Museu Nacional. S\u00e3o pe\u00e7as que d\u00e3o vida \u00e0 hist\u00f3ria do Qatar. \u0022Para o Qatar e para a arte, esta \u00e9 uma excelente forma de encorajar o di\u00e1logo. De dar vida a diferentes partes de Doha e dinamizar \u00e1reas da cidade que podem n\u00e3o ter necessariamente arte, mas onde integramos certas pe\u00e7as e com isso facilitamos a agem de visitantes\u0022, explicou-nos Sarah Foryame Lawler, curadora -chefe de planeamento do departamento de arte p\u00fablica dos Museus do Qatar. Seja no metro, numa rotunda em pleno tr\u00e2nsito ou no meio do deserto, as obras de arte p\u00fablicas s\u00e3o, cada vez mais, parte da vida quotidiana do Qatar. Algo que tem estado sempre ligado \u00e0 vida qatari s\u00e3o os antigos barcos da apanha de p\u00e9rolas. Os apelidados Dhows . Durante o s\u00e9culo XIX, o com\u00e9rcio de p\u00e9rolas era o maior neg\u00f3cio do Qatar. De facto, at\u00e9 \u00e0 d\u00e9cada de 40 do s\u00e9culo XX, o com\u00e9rcio de p\u00e9rolas era o principal dinamizador da economia local. Empregava quase metade da popula\u00e7\u00e3o. Hoje, muitos pescadores ainda empregam h\u00e1bitos ancestrais. O antigo vendedor de p\u00e9rolas Ibrahem Abdullah concordou receber a Euronews a bordo de um Dhow para nos explicar o processo desde a rece\u00e7\u00e3o at\u00e9 \u00e0 avalia\u00e7\u00e3o das p\u00e9rolas. \u0022O vendedor tem de espalhar as p\u00e9rolas e separa-las entre grandes e pequenas. Depois, tem de verificar se as p\u00e9rolas est\u00e3o em boas condi\u00e7\u00f5es. Pega nelas, procura falhas com a ajuda de uma lupa. Porque s\u00f3 os nossos olhos n\u00e3o conseguem ver as falhas\u0022, diz-nos Ibrahem Abdullah, enquanto demonstra o processo. O antigo vendedor pega num g\u00e9nero de peneira espec\u00edfica para o ajudar a filtrar as p\u00e9rolas. \u0022Colocamos as p\u00e9rolas ali dentro e peneiramo-las. As pequenas caem e as grandes ficam\u0022, mostra-nos. O mergulho para apanhar p\u00e9rolas j\u00e1 n\u00e3o \u00e9 uma fonte de rendimento prim\u00e1ria, mas, \u00e9 \u00f3bvio, que o oceano, a pesca e, claro, os pr\u00f3prios barcos Dhow ainda mant\u00eam um lugar especial na cultura do Qatar. Al Zubarah \u00e9 o maior s\u00edtio arqueol\u00f3gico do pa\u00eds e foi o primeiro a ser inscrito na Lista de Patrim\u00f3nio Mundial da UNESCO. Uma das mais bem preservadas cidades de pesca tradicional, Al Zubarah atrai muitos visitantes \u00e1vidos de conhecer a hist\u00f3ria desta zona costeira. Ferhan Serkal e os seus colaboradores est\u00e3o a mapear a zona para elaborar novos percursos de visita. \u0022A arqueologia \u00e9 a ferramenta para entender os antigos habitantes do Qatar e perceber a forma como viviam, o que comiam, quais eram os objetivos na altura, como se relacionavam com o Golfo e tamb\u00e9m para al\u00e9m do Golfo\u0022, sublinha o respons\u00e1vel pelas escava\u00e7\u00f5es e a gest\u00e3o de s\u00edtios arqueol\u00f3gicos dos Museus do Qatar. Al Zubarah foi o centro regional do com\u00e9rcio de p\u00e9rolas, mas acabou por ser abandonada no s\u00e9culo XX at\u00e9 se tornar no que \u00e9 hoje: um registo arqueol\u00f3gico de uma era perdida. De obras de arte contempor\u00e2neas em espa\u00e7os p\u00fablicos aos hist\u00f3ricos Dhows e a antigos fortes, h\u00e1 ainda muitas possibilidades para continuar descobrir a cultura do Qatar atrav\u00e9s da Euronews. ", "dateCreated": "2022-12-07T09:33:05+01:00", "dateModified": "2022-12-28T16:01:41+01:00", "datePublished": "2022-12-28T16:00:58+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F23%2F59%2F18%2F1440x810_cmsv2_86445bf9-7b94-54b1-8ca8-db1c8e70188f-7235918.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "Ao longo de 2022, levamos at\u00e9 si alguns dos tesouros culturais que podem ser descobertos no Qatar e agora \u00e9 o momento de destacarmos algumas dessas hist\u00f3rias", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F07%2F23%2F59%2F18%2F432x243_cmsv2_86445bf9-7b94-54b1-8ca8-db1c8e70188f-7235918.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ] }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Mulheres, pérolas e abelhas nos destaques do ano de Qatar365

Em parceria com
Mulheres, pérolas e abelhas nos destaques do ano de Qatar365
Direitos de autor euronews
Direitos de autor euronews
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notícia
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Ao longo de 2022, levamos até si alguns dos tesouros culturais que podem ser descobertos no Qatar e agora é o momento de destacarmos algumas dessas histórias

PUBLICIDADE

O ano de 2022 está a chegar ao fim e com ele uma temporada de programas da série Qatar365. Selecionámos para uma edição especial algumas das melhores histórias que lhe fomos dando a conhecer nos últimos 12 meses.

Desde mulheres em plena afirmação no país que este ano recebeu o Mundial de futebol da FIFA, à preservação de tradições ancestrais, ando pela descoberta da indústria agrícola qatari, neste episódio especial começamos em Katara, uma aldeia símbolo da riqueza cultural do Qatar.

"O Qatar tem ambiciosos objetivos de autossuficência alimentar para 2023, mantendo-se em linha com o respetivo plano para 2030. Nos últimos 12 meses, descobrimos algumas das explorações agrícolas que têm ajudado o país a manter-se na rota desse objetivo. Desde as abelhas à hidroponia", lembra-nos Miranda Atty, introduzindo os primeiros destaques.

O mel e a aquaponia do Qatar

Existem milhares de abelhas, na quinta Umm Qarn.O engenheiro e apicultor Arafat Hussain tem trabalhado com abelhas desde criança. Tem muita experiência. Tanta, que nem sequer usa luvas.

"Posso ser uma das primeiras pessoas a produzir no Qatar pólen, geleia real, própolis e diversos produtos a partir de própolis", começa por nos contar Arafat Hussain.

O apicultor da Umm Qarn destaca os ensinamentos que o trabalho lhe permite: "As abelhas ensinam-nos a trabalhar. Ensinam-nos o que é sacrifício e a ser sinceros no trabalho. As abelhas são insetos magníficos e o meu amor por elas é enorme."

Arafat Hussein pega num favo das colmeias que tem a seu cuidado e explica-nos que cada um contém centenas de abelhas operárias e uma rainha.

Há várias quintas agrícolas por todo o Qatar e recentemente têm vindo a aumentar no país a produção de mel, mas sem um inverno, propriamente dito, oito meses de verão e quatro de primavera tornam difícil o cultivo de plantas e flores no Qatar.

É por isso que algumas quintas estão a apostar em métodos cada vez mais inovadores para gerar um ambiente de cultivo sustentável. Visitámos a estufa sazonal Agrico.

"Quando a aquacultura se encontra com a hidroponia, ficamos com o que conhecemos como aquaponia. As bactérias ajudam a converter as excreções dos peixes dos aquários em fertilizantes que são utilizados, depois, ao lado, nas plantas, que assim recebem mais azoto e libertam água purificada de volta aos aquários", explica-nos a jornalista da Euronews Scheherazade Gaffoor, no meio de uma estufa onde fileiras de plantas são circundadas por aquários.

Pela primeira vez, este conceito de produção vegetal circular está disponível numa mercearia no Qatar para promover uma agricultura vertical com recursos a lâmpadas LED.

Esta tecnologia permite cultivar plantas de folha, incluindo ervas aromáticas e frutos como os melões ou os tomates. Não é a única aposta ‘fora da caixa’ na agricultura do Qatar. Há quem esteja a atrair turistas e visitantes locais com uma abordagem mais holística.

Seguimos para Heenat Salma, um local desenhado para nos desligarmos do stresse diário através de uma experiência de vida mais simplista.

No jardim pedagógico promove-se a permacultura. Ao cultivarmos de forma autossuficiente e sustentável, aprendemos como as sessões de formação são ali preparadas para melhorar o nosso foco mental.

"As pessoas colhem a própria comida. Desta forma, promovemos uma maior consciencialização na produção da nossa alimentação, ligamo-nos com os elementos e também com a beleza circundante. Por isso, quando estamos no exterior, estamos totalmente envolvidos no ambiente. O aroma quando tocamos nos produtos naturais devolve-nos à nossa natureza", explica-nos a especialista em permacultura Soumia Masmoudi.

Seja por atrair visitantes para a aprendizagem de uma vida sustentável, por distribuir mel produzido no Qatar ou por utilizar métodos agrícolas inovadores, o que fica claro é que este país do Médio Oriente está a dar muitos os para se tornar autossuficiente.

Mulheres qataris em destaque

Ao longo do ano, também fomos dando a conhecer mulheres qataris que chegaram ao topo das respetivas áreas de atividade. Desde Chefs de cozinha a pilotos de aeronáutica, recordamos de seguida algumas das mais inspiradoras

No coração do souq Waqif, um dos mercados mais emblemáticos do Qatar, encontrámos um pequeno restaurante, gerido por uma mulher baixa, mas de grandes sonhos.

"Em 2004, contatei o souq Waqif e disse: 'chamo-me Shoomoos e vendo especiarias. Eles responderam: ‘Anda, temos estado à tua procura por todo o lado’”, contou-nos a gerente do Shay al Shoomoos.

Shams al-Qassabi tem cinco filhos e é a primeira mulher a gerir um negócio no souq.

"Durante dois meses, ninguém sabia nada sobre o Shai Al Shoomoos. Trabalhei no duro, dia e noite, inventei e aprimorei algumas receitas tradicionais do Qatar. Uso apenas receitas ancestrais e apenas cozinho alimentos ligados com à nossa herança", revela-nos Al-Qassabi.

Do tiro à velocidade pelos céus e na água

Ao longo deste ano demos a conhecer também mulheres qataris de fibra. Destacamos três. Uma no tiro aos pratos, outra aos comandos de um avião e uma remadora.

Reem al-Sharshani iniciou-se nos tiros aos pratos aos 15 anos. Agora, na casa dos ‘vintes’, já ganhou uma medalha de bronze nos Mundiais. Reem é parte da equipa nacional do Qatar e tem grandes objetivos para o futuro.

"Quero ir aos jogos Olímpicos. Quero qualificar-me e ganhar a medalha de ouro. Quero sentir-me orgulhosa de mim mesma por ter optado por este desporto e quero deixar também a minha família orgulhosa. E o meu país", diz-nos Reem al-Sharshani.

Impelida pelo sonho de um dia voar pelos céus como se fosse um pássaro, Reem Al Kuthairi é a primeira mulher qatari a pilotar um avião ultraleve.

"Este foi o décimo ano desde que comecei a voar. Há 10 anos fiz o meu primeiro voo a solo neste tipo de avião e, de facto, foi aqui, no Qatar. Depois decidi tirar a licença de voo internacional e viajei para o Reino Unido. Fui para uma das melhores escolas para conseguir a licença em quatro semanas. Foi um curso intensivo, muito difícil. Não tinha ninguém a quem pedir ajuda porque ninguém no Qatar o tinha feito antes. Foi difícil, mas desfrutei de tudo", garantiu-nos Al Kuthairi.

Reem também tentou voar num ultraleve com esquis, nas montanhas, descolando a cerca de 2.500 metros de altitude. Para ela, este tipo de experiências são perfeitas para quem quer sentir a calma dos céus, mas também para quem gosta de uma boa explosão de adrenalina.

"Sempre que ando por terra, estou sempre a olhar para cima e a desejar estar lá a olhar para baixo. O que eu adoro, em particular, nestes desportos aéreos é a ligação que estabelecemos com o mundo. Muita gente, por todo o mundo, começa a saber quem somos e a conhecer a nossa cultura. É assim que ficamos a conhecer-nos uns aos outros", Reem Al Kuthairi.

Os desportos aquáticos são habituais no Qatar e isso foi bom para Tala Abujbara, que gosta de estar na água.

Foi a primeira mulher qatari a competir no remo olímpico. Aconteceu nos Jogos do Japão de 2020, realizados em 2021 devido à pandemia.

"Encontrem as pessoas que vos apoiam, tenham-nas sempre por perto e nunca as larguem porque esta é uma viagem muito difícil. Há muitos altos e baixos, e essas são as pessoas que vão estar ali, quando caímos, para nos ajudar a levantar", aconselha Tala Abujara, mostrando-se disponível para ser o apoio de outros atletas que se possam sentir desamparados.

Se há por aí alguém a ouvir-me que sinta não ter ainda essas pessoas na sua vida, lembrem-se de mim. Estou aqui. Sou a Tala, num pequeno canto do mundo, no Qatar. Estou aqui e a torcer por vocês, a desejar que consigam aquilo que mais desejarem.
Tala Abujara
Atleta olímpica de remo do Qatar

Arte de pesca tradicional

Ao longo deste ano, ficámos também a conhecer em Qatar365 o papel do país enquanto centro cultural do golfo arábico.

Existem diversos museus modernos e obras de arte públicas, mas há também um forte desejo de manter viva herança cultural qatari.

Desde o momento em que entramos em Doha, há arte para ser irada. Podemos encontrar obras de arte públicas em locais clássicos como o Museu Nacional. São peças que dão vida à história do Qatar.

"Para o Qatar e para a arte, esta é uma excelente forma de encorajar o diálogo. De dar vida a diferentes partes de Doha e dinamizar áreas da cidade que podem não ter necessariamente arte, mas onde integramos certas peças e com isso facilitamos a agem de visitantes", explicou-nos Sarah Foryame Lawler, curadora -chefe de planeamento do departamento de arte pública dos Museus do Qatar.

Seja no metro, numa rotunda em pleno trânsito ou no meio do deserto, as obras de arte públicas são, cada vez mais, parte da vida quotidiana do Qatar.

Algo que tem estado sempre ligado à vida qatari são os antigos barcos da apanha de pérolas. Os apelidados Dhows.

Durante o século XIX, o comércio de pérolas era o maior negócio do Qatar. De facto, até à década de 40 do século XX, o comércio de pérolas era o principal dinamizador da economia local. Empregava quase metade da população.

Hoje, muitos pescadores ainda empregam hábitos ancestrais. O antigo vendedor de pérolas Ibrahem Abdullah concordou receber a Euronews a bordo de um Dhow para nos explicar o processo desde a receção até à avaliação das pérolas.

"O vendedor tem de espalhar as pérolas e separa-las entre grandes e pequenas. Depois, tem de verificar se as pérolas estão em boas condições. Pega nelas, procura falhas com a ajuda de uma lupa. Porque só os nossos olhos não conseguem ver as falhas", diz-nos Ibrahem Abdullah, enquanto demonstra o processo.

O antigo vendedor pega num género de peneira específica para o ajudar a filtrar as pérolas. "Colocamos as pérolas ali dentro e peneiramo-las. As pequenas caem e as grandes ficam", mostra-nos.

O mergulho para apanhar pérolas já não é uma fonte de rendimento primária, mas, é óbvio, que o oceano, a pesca e, claro, os próprios barcos Dhow ainda mantêm um lugar especial na cultura do Qatar.

Al Zubarah é o maior sítio arqueológico do país e foi o primeiro a ser inscrito na Lista de Património Mundial da UNESCO.

Uma das mais bem preservadas cidades de pesca tradicional, Al Zubarah atrai muitos visitantes ávidos de conhecer a história desta zona costeira.

Ferhan Serkal e os seus colaboradores estão a mapear a zona para elaborar novos percursos de visita.

"A arqueologia é a ferramenta para entender os antigos habitantes do Qatar e perceber a forma como viviam, o que comiam, quais eram os objetivos na altura, como se relacionavam com o Golfo e também para além do Golfo", sublinha o responsável pelas escavações e a gestão de sítios arqueológicos dos Museus do Qatar.

Al Zubarah foi o centro regional do comércio de pérolas, mas acabou por ser abandonada no século XX até se tornar no que é hoje: um registo arqueológico de uma era perdida.

De obras de arte contemporâneas em espaços públicos aos históricos Dhows e a antigos fortes, há ainda muitas possibilidades para continuar descobrir a cultura do Qatar através da Euronews.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notícia

Notícias relacionadas

EUA perdem quase metade das colónias de abelhas num ano