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"Trump poderia retirar EUA da NATO", alerta Nuno S. Teixeira

Professor Nuno Severiano Teixeira
Professor Nuno Severiano Teixeira Direitos de autor Universidade Nova de Lisboa
Direitos de autor Universidade Nova de Lisboa
De Isabel Marques da Silva
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Entrevista a Nuno Severiano Teixeira, diretor do Instituto Português de Relações Internacionais, na Universidade Nova de Lisboa, sobre o futuro das relações entre EUA e União Europeia após as eleições norte-americanas.

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Desde que Donald Trump chegou à presidência dos EUA, há quatro anos, que os históricos aliados do outro lado do oceano Atlântico aram a ser tratados com muito desdém a nível político e comercial. 

Os líderes da União Europeia ficaram "chocados", mas adaptaram-se e a União tem navegado como pode para manter viva a relação transatlântica, ao mesmo tempo que procura ser mais forte internamente e criar novas parcerias. 

Terá de continuar esse caminho por mais alguns anos ou poderá haver uma reaproximação se o democrata Joe Biden derrotar o republicano Donald Trump nas eleições nos EUA?

Para analisar esta questão, a euronews convidou Nuno Severiano Teixeira, diretor do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) na Universidade Nova de Lisboa. 

**Isabel Marques da Silva/euronews: **Os EUA deixaram de ser um aliado de confiança na NATO. Trump mostrou muita reverência pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. O que se pode esperar para os próximos quatro anos, consoante ganhe Donald Trump ou Joe Biden ?

Se for Joe Biden a ganhar, a expectativa é que haja um regresso dos EUA àquilo que têm sido os princípios tradicionais da sua política externa desde a Segunda Guerra Mundial

Nuno Severiano Teixeira/diretor IPRI:  Depois de, no primeiro mandato, Donald Trump ter posto em causa a credibilidade do artigo quinto da Aliança Atlântica, ficou aberto esse caminho. Um segundo mandato poderia, eventualmente, levar à retirada dos EUA da NATO com todas as consequências que daí adviriam. Se for Joe Biden a ganhar, a expectativa é que haja um regresso dos EUA àquilo que têm sido os princípios tradicionais da sua política externa desde a Segunda Guerra Mundial: a ideia de um país virado para fora, o reforço das alianças permanentes com os aliados tradicionais, em particular da NATO, o reforço da aliança entre democracias. Joe Biden já anunciou que, caso ganhe e se torne presidente, vai fazer uma cimeira entre democracias.

Isabel Marques da Silva/euronews: Em plena pandemia, o presidente Donald Trump resolveu abandonar a Organização Mundial de Saúde e tem sido muito protecionista, ou até nacionalista, sobre a gestão das vacinas e dos tratamentos contra a Covid-19. A União Europeia ainda pode contar com os EUA num setor tão importante como é a medicina, bem como a investigação científica, ou deve ser mais auto-suficiente para não estar tão refém dos EUA?

Houve uma tomada de consciência na Europa de que precisa de ter autonomia estratégica em certos setores

Nuno Severiano Teixeira/diretor IPRI: Os EUA, como a União Europeia, tomaram consciência durante esta pandemia da sua dependência de cadeias de valor muito longas, como é o caso da China, incluindo nas coisas mais básicas, no início da pandemia, como era obter ventiladores e máscaras. Houve uma tomada de consciência na Europa de que precisa de ter autonomia estratégica em certos setores da economia, do ponto de vista tecnológico e também, diria eu, do ponto de vista político e da sua segurança.

Isabel Marques da Silva/euronews: O presidente Trump também abandonou a negociação de vários acordos de livre comércio, incluindo com a União Europeia, e aplicou novas tarifas aduaneiras. Essa negociação poderá ser retomada ou a União Europeia terá e encontrar novos parceiros, como fez com o Canadá e com o Japão, sobretudo se não houver um acordo comercial com o Reino Unido após o Brexit?

Joe Biden disse que ou há um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia para o pós-Brexit ou não haverá acordo de comércio entre EUA e Reino Unido

Nuno Severiano Teixeira/diretor IPRI: Ao contrário de Donald Trump, que sempre procurou desestabilizar e enfraquecer a União Europeia, Joe Biden tem tido uma posição muito clara a favor da União Europeia e de uma relação transatlântica séria e construtiva. Aliás, Joe Biden disse que ou há um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia para o pós-Brexit ou não haverá acordo de comércio entre EUA e Reino Unido.

Isabel Marques da Silva/euronews: A União Europeia quer ser líder mundial na transição para um modelo económico que seja ambientalmente mais sustentável, mas o presidente Trump virou costas ao Acordo de Paris sobre Alterações Climáticas. Esse acordo ainda poderá ser salvo e o que é que isso significaria para esta transição que a União Europeia quer fazer?

Será possível com uma istração Biden ter esse tipo de relação e compromisso, com o reativar desse acordo do clima

**Nuno Severiano Teixeira/diretor IPRI: **A União Europeia tem tido a liderança nessa área das alterações climáticas e o Pacto Ecológico Europeu é, de certa maneira, o símbolo politico dessa liderança da União. Não será possível com uma istração Trump, mas será possível com uma istração Biden ter esse tipo de relação e compromisso, com o reativar desse acordo do clima.

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