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Intervenção militar é prioridade em Moçambique, diz Instituto Tony Blair

Entrevista a Bulama Bukarti
Entrevista a Bulama Bukarti Direitos de autor Euronews
Direitos de autor Euronews
De Ricardo FigueiraNeusa e Silva
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Com a escalada de violência jihadista no norte do país sem fim à vista, a euronews falou com um dos autores do estudo que recomenda uma intervenção militar.

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Moçambique está viver um dos momentos mais graves desde a independência. A atividade dos grupos terroristas islamitas no norte do país aumentou e atingiu novos recordes nos últimos tempos. Particularmente atingida é a província de Cabo Delgado, com novos episódios de violência no último fim de semana.

Os atentados começaram em 2017 na cidade de Mocímboa da Praia, palco também dos ataques mais recentes e alargaram-se depois a várias localidades desta região. Nas últimas semanas, a situação tornou-se alarmante. A vila de Macomia, a 200 quilómetros da capital da província, Pemba, foi ocupada durante três dias por grupos armados.

Os ataques são agora cerca de 20, todos os meses. A violência fez já mais de 600 mortos.

Por detrás dos ataques está um grupo até há pouco tempo desconhecido, o Ansar al-Sunna, com ligações ao Daesh.

A solução para este escalar do terrorismo pode ter de ar por uma intervenção militar regional. Isso mesmo conclui um estudo realizado pelo instituto fundado pelo antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair. A euronews falou com um dos autores do estudo e um dos maiores especialistas mundiais dos grupos armados islamitas em África, Bulama Bukarti, que estuda os jihadistas africanos há 11 anos e prepara uma tese de doutoramento sobre o assunto.

LUSA/ 2020 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
Violência em Cabo Delgado, MoçambiqueLUSA/ 2020 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Entrevista

Ricardo Figueira, euronews: Em primeiro lugar, por que razão pensa que é necessária uma operação militar?

Bulama Bukarti: Tememos que, se não for tomada uma ação decisiva, aumente a escalada de violência e de sofisticação deste grupo ao longo dos próximos 18 meses. Este grupo está a usar armas sofisticadas para atacar civis e formações militares. Quando um grupo consegue, desta forma, matar os civis que quiser, como está a fazer o Ansar al-Sunna, não há outra opção a não ser a militar. Só assim podemos parar a matança de civis e os deslocados. E só então se pode ar às fases seguintes do processo. A ação militar é uma prioridade absoluta para conter a violência deste grupo e impedir a morte de mais civis.

Tony Blair Foundation
Bulama BukartiTony Blair Foundation

O que é que sabemos, até agora, sobre o Ansar al-Sunna e os possíveis laços, ou semelhanças, com outros grupos jiadistas em África, como o Boko Haram ou o Al-Shabab ?

No que toca às semelhanças, há muitas entre a ideologia do Ansar al-Sunna e dos outros grupos que referiu, Boko Haram e Al-Shabab. Tal como esses grupos, também o Ansar Al-Sunna está a explorar o Islão e a histeria. Usa o desemprego e outros problemas sociais no norte de Moçambique para recrutar jovens. Tenta convencer os jovens de que luta contra um governo de infiéis, que os quer expulsar para formar um governo islâmico, um califado.

Uma coisa que é importante sabermos é que o Ansar al-Sunna está a desenvolver-se mais depressa que outros grupos em África. Por exemplo, o Boko Haram demorou 6 anos, de 2003 a 2009, desde a formação até se ter tornado num grupo violento. O Ansar Al-Sunna demorou menos de dois anos. Foi formado em 2015 e começou a matar pessoas em 2017.

O Boko Haram demorou seis anos, de 2003 a 2009, desde a formação até se ter tornado num grupo violento. O Ansar al-Sunna demorou menos de dois anos.
Bulama Bukarti
Perito do Instituto Tony Blair

No que toca aos ataques, sabemos que o Ansar al-Sunna está no mesmo ponto em que o Boko Haram estava há seis ou sete anos, que é o estádio em que mantêm uma presença semiterritorial em certas zonas de Moçambique, que usam como reduto para lançar ataques contra militares e civis.

No vosso relatório, dizem que a situação pode sofrer uma escalada grave, nos próximos 18 meses, se nada for feito. Estamos a falar de que nível de gravidade?

Da nossa experiência noutras partes de África, as coisas podem ficar muito piores, se não for tomada uma ação decisiva. Quando falamos de escalada em Moçambique, falamos de os ataques poderem alastrar-se a outras zonas do país. Outras zonas de Cabo Delgado, mas também outras províncias de Moçambique. Podemos também ver os ataques espalhar-se aos países vizinhos, em especial a Tanzânia, que faz fronteira com Moçambique a norte, que é a zona onde o Ansar al-Sunna correntemente opera.

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