{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2020/06/01/covid-19-e-a-luta-contra-a-fome-nao-ha-nada-agora-o-negocio-parou" }, "headline": "Covid-19 e a luta contra a fome: \u0022N\u00e3o h\u00e1 nada agora, o neg\u00f3cio parou\u0022", "description": "Mo\u00e7ambicanos tentam sobreviver em pleno estado de emerg\u00eancia", "articleBody": "Leonor Mathe vende biscoitos no terminal de transportes da Pra\u00e7a dos Combatentes em Maputo e hoje, no primeiro dia \u00fatil da segunda prorroga\u00e7\u00e3o do estado de emerg\u00eancia devido \u00e0 covid-19 em Mo\u00e7ambique, arriscou sair \u00e0 rua para \u0022fugir da fome\u0022. Apesar de n\u00e3o haver confinamento obrigat\u00f3rio, o Presidente da Rep\u00fablica pediu na quinta-feira, numa comunica\u00e7\u00e3o \u00e0 Na\u00e7\u00e3o, que todos fiquem em casa para evitar o aumento de infe\u00e7\u00f5es pelo novo coronav\u00edrus, que dispararam em maio. Leonor, 48 anos, segue os cuidados que pode - usar m\u00e1scara e desinfetar as m\u00e3os, por exemplo -, mas diz \u00e0 Lusa que \u0022n\u00e3o d\u00e1 para ficar em casa por causa da fome\u0022. A comerciante informal percorre diariamente os movimentados eios da Pra\u00e7a dos Combatentes com um pequeno balde de biscoitos caseiros na cabe\u00e7a. Cada biscoito custa 25 meticais (pouco mais de 30 c\u00eantimos de euro) e, em tempos normais, at\u00e9 dava para arcar com algumas despesas. Mas desde que o novo coronav\u00edrus chegou, quase tudo mudou. Hoje, apesar do receio de ser infetada e com medo das incurs\u00f5es da pol\u00edcia municipal, \u00e9 na az\u00e1fama do terminal que consegue o pouco dinheiro que ainda tem para sustentar sete filhos. \u0022N\u00e3o h\u00e1 nada agora. O neg\u00f3cio parou\u0022, lamenta a comerciante, pelo que tudo o que consegue \u00e9 bem-vindo. No primeiro dia \u00fatil da segunda prorroga\u00e7\u00e3o do estado de emerg\u00eancia em Mo\u00e7ambique muitas pessoas como Leonor circulavam pelas ruas em Maputo, logo pela manh\u00e3. O argumento \u00e9 quase sempre o mesmo: o sustento. L\u00edria Jaime, 31 anos, perdeu o emprego numa empresa privada que suspendeu atividades devido \u00e0s restri\u00e7\u00f5es impostas pelo novo coronav\u00edrus e hoje est\u00e1 na rua a vender m\u00e1scaras de capulana (tecido tradicional). \u0022Preferi lutar para ganhar o meu p\u00e3o. Fa\u00e7o as minhas m\u00e1scaras em casa e venho vender como forma de ajudar as pessoas a protegerem-se\u0022, acrescenta, enquanto promove as suas pe\u00e7as no meio de uma multid\u00e3o aparentemente desinteressada na baixa da Cidade de Maputo. O impacto das restri\u00e7\u00f5es n\u00e3o escolhe setores. Pascoal Lucas, motorista de transportes p\u00fablicos, conta o drama de quem \u0022continua a investir sem ver lucros\u0022. O estado de emerg\u00eancia em Mo\u00e7ambique imp\u00f4s lota\u00e7\u00f5es mais pequenas para os operadores de furg\u00f5es e autocarros e os preju\u00edzos s\u00e3o avultados desde abril. \u0022O neg\u00f3cio caiu. Temos custos para manter os carros aqui, mas n\u00e3o estamos a ver retorno\u0022, acrescenta Pascoal Lucas. Como consequ\u00eancia, nas paragens h\u00e1 filas longas que tornam imposs\u00edvel o distanciamento social pedido pelas autoridades. \u0022Para conseguir apanhar o transporte \u00e9 necess\u00e1rio acordar de madrugada e com estas limita\u00e7\u00f5es no n\u00famero de ageiros a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 muito pior\u0022, lamenta Isabel Zita, que espera por um autocarro h\u00e1 pelo menos uma hora no terminal rodovi\u00e1rio da Pra\u00e7a dos Combatentes. Para Regimildo Alberto, fiscal da Associa\u00e7\u00e3o dos Transportes de Marracuene, a vulnerabilidade das pessoas nas paragens compromete os esfor\u00e7os para conter a pandemia, itindo n\u00e3o haver espa\u00e7o para o distanciamento sugerido pelas autoridades. \u0022N\u00e3o faz sentido fechar institui\u00e7\u00f5es p\u00fablicas e privadas enquanto as paragens est\u00e3o cheias. As pessoas querem cumprir com as orienta\u00e7\u00f5es, mas os parques s\u00e3o pequenos e os transportes s\u00e3o poucos. Estamos a falhar na preven\u00e7\u00e3o\u0022, frisa. Com um total de 254 casos positivos e dois \u00f3bitos registados, Mo\u00e7ambique entrou no domingo numa nova fase do estado de emerg\u00eancia iniciado em 01 de abril e prorrogado por duas vezes, agora at\u00e9 29 de junho. Todas as escolas pararam, espa\u00e7os de divers\u00e3o e lazer est\u00e3o fechados, est\u00e3o proibidos todo o tipo de eventos e de aglomera\u00e7\u00f5es, recomendando-se \u00e0 popula\u00e7\u00e3o que fique em casa, se n\u00e3o tiver motivos laborais ou outros essenciais para tratar. H\u00e1 limita\u00e7\u00e3o de lota\u00e7\u00e3o nos transportes coletivos, \u00e9 obrigat\u00f3rio o uso de m\u00e1scaras na via p\u00fablica, a emiss\u00e3o de vistos para entrar no pa\u00eds est\u00e1 suspensa, o espa\u00e7o a\u00e9reo fechou e o controlo fronteiri\u00e7o foi refor\u00e7ado. A n\u00edvel global, segundo um balan\u00e7o da ag\u00eancia de not\u00edcias AFP, a pandemia de covid-19 j\u00e1 provocou mais de 372 mil mortos e infetou mais de 6,1 milh\u00f5es de pessoas em 196 pa\u00edses e territ\u00f3rios. Mais de 2,5 milh\u00f5es de doentes foram considerados curados. ", "dateCreated": "2020-06-01T14:42:14+02:00", "dateModified": "2020-06-01T14:51:05+02:00", "datePublished": "2020-06-01T14:50:58+02:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F64%2F59%2F78%2F1440x810_cmsv2_4efd38d6-7705-5ad5-a21b-858b9d57c87e-4645978.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "AP photo", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2Fstories%2F04%2F64%2F59%2F78%2F432x243_cmsv2_4efd38d6-7705-5ad5-a21b-858b9d57c87e-4645978.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

Covid-19 e a luta contra a fome: "Não há nada agora, o negócio parou"

AP photo
AP photo Direitos de autor Schalk van Zuydam/Copyright 2016 The Associated Press. All rights reserved. This material may not be published, broadcast, rewritten or redistribu
Direitos de autor Schalk van Zuydam/Copyright 2016 The Associated Press. All rights reserved. This material may not be published, broadcast, rewritten or redistribu
De euronews com Lusa
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Moçambicanos tentam sobreviver em pleno estado de emergência

PUBLICIDADE

Leonor Mathe vende biscoitos no terminal de transportes da Praça dos Combatentes em Maputo e hoje, no primeiro dia útil da segunda prorrogação do estado de emergência devido à covid-19 em Moçambique, arriscou sair à rua para "fugir da fome".

Apesar de não haver confinamento obrigatório, o Presidente da República pediu na quinta-feira, numa comunicação à Nação, que todos fiquem em casa para evitar o aumento de infeções pelo novo coronavírus, que dispararam em maio.

Leonor, 48 anos, segue os cuidados que pode - usar máscara e desinfetar as mãos, por exemplo -, mas diz à Lusa que "não dá para ficar em casa por causa da fome".

A comerciante informal percorre diariamente os movimentados eios da Praça dos Combatentes com um pequeno balde de biscoitos caseiros na cabeça.

Cada biscoito custa 25 meticais (pouco mais de 30 cêntimos de euro) e, em tempos normais, até dava para arcar com algumas despesas.

Mas desde que o novo coronavírus chegou, quase tudo mudou.

Hoje, apesar do receio de ser infetada e com medo das incursões da polícia municipal, é na azáfama do terminal que consegue o pouco dinheiro que ainda tem para sustentar sete filhos.

"Não há nada agora. O negócio parou", lamenta a comerciante, pelo que tudo o que consegue é bem-vindo.

No primeiro dia útil da segunda prorrogação do estado de emergência em Moçambique muitas pessoas como Leonor circulavam pelas ruas em Maputo, logo pela manhã.

O argumento é quase sempre o mesmo: o sustento.

Líria Jaime, 31 anos, perdeu o emprego numa empresa privada que suspendeu atividades devido às restrições impostas pelo novo coronavírus e hoje está na rua a vender máscaras de capulana (tecido tradicional).

"Preferi lutar para ganhar o meu pão. Faço as minhas máscaras em casa e venho vender como forma de ajudar as pessoas a protegerem-se", acrescenta, enquanto promove as suas peças no meio de uma multidão aparentemente desinteressada na baixa da Cidade de Maputo.

O impacto das restrições não escolhe setores.

Pascoal Lucas, motorista de transportes públicos, conta o drama de quem "continua a investir sem ver lucros".

O estado de emergência em Moçambique impôs lotações mais pequenas para os operadores de furgões e autocarros e os prejuízos são avultados desde abril.

"O negócio caiu. Temos custos para manter os carros aqui, mas não estamos a ver retorno", acrescenta Pascoal Lucas.

Como consequência, nas paragens há filas longas que tornam impossível o distanciamento social pedido pelas autoridades.

"Para conseguir apanhar o transporte é necessário acordar de madrugada e com estas limitações no número de ageiros a situação é muito pior", lamenta Isabel Zita, que espera por um autocarro há pelo menos uma hora no terminal rodoviário da Praça dos Combatentes.

Para Regimildo Alberto, fiscal da Associação dos Transportes de Marracuene, a vulnerabilidade das pessoas nas paragens compromete os esforços para conter a pandemia, itindo não haver espaço para o distanciamento sugerido pelas autoridades.

"Não faz sentido fechar instituições públicas e privadas enquanto as paragens estão cheias. As pessoas querem cumprir com as orientações, mas os parques são pequenos e os transportes são poucos. Estamos a falhar na prevenção", frisa.

Com um total de 254 casos positivos e dois óbitos registados, Moçambique entrou no domingo numa nova fase do estado de emergência iniciado em 01 de abril e prorrogado por duas vezes, agora até 29 de junho.

Todas as escolas pararam, espaços de diversão e lazer estão fechados, estão proibidos todo o tipo de eventos e de aglomerações, recomendando-se à população que fique em casa, se não tiver motivos laborais ou outros essenciais para tratar.

Há limitação de lotação nos transportes coletivos, é obrigatório o uso de máscaras na via pública, a emissão de vistos para entrar no país está suspensa, o espaço aéreo fechou e o controlo fronteiriço foi reforçado.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 372 mil mortos e infetou mais de 6,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados.

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Covid-19 cria novas bolsas de fome extrema

Financiadores do processo de paz moçambicano saúdam desarmamento da Renamo

Quatro mortos depois de centenas de palestinianos esfomeados invadirem armazém da ONU