{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2019/07/09/extremismo-islamico-em-mocambique-teremos-que-tomar-medidas" }, "headline": "Extremismo isl\u00e2mico em Mo\u00e7ambique: \u0022Teremos que tomar medidas\u0022", "description": "\u0022Teremos que tomar medidas, nem que seja extraordin\u00e1rias, para ver se esse processo n\u00e3o ofusca o crescimento de Mo\u00e7ambique naquela regi\u00e3o\u0022, disse o presidente de Mo\u00e7ambique, em entrevista \u00e0 euronews, a prop\u00f3sito dos ataques atribu\u00eddos aos extremistas isl\u00e2micos no norte do pa\u00eds.", "articleBody": "Mo\u00e7ambique est\u00e1 num processo de \u0022renascimento\u0022 econ\u00f3mico e humanit\u00e1rio depois da agem dos ciclones Idai e Kenneth. Mas o pa\u00eds enfrenta outros desafios como o extremismo isl\u00e2mico em Cabo Delgado, onde se est\u00e1 a explorar g\u00e1s natural. A euronews falou com o Presidente mo\u00e7ambicano, Filipe Nyusi, \u00e0 margem do F\u00f3rum Eur\u00c1frica, em Lisboa. Nara Madeira, euronews: \u00222019 tem sido um ano de importantes desafios para Mo\u00e7ambique. A agem do ciclone Idai deixou um rasto de destrui\u00e7\u00e3o inimagin\u00e1vel. Como \u00e9 que se lida como uma situa\u00e7\u00e3o como esta?\u0022 Filipe Nyiusi, Presidente de Mo\u00e7ambique : \u0022Os ciclones que surgiram em Mo\u00e7ambique, a 14 e 15 de mar\u00e7o e depois a 25 de abril, s\u00e3o ciclones que retardaram o processo. N\u00f3s j\u00e1 est\u00e1vamos a animar o pa\u00eds, depois da crise financeira que assolou o mundo, e Mo\u00e7ambique idem, os nossos produtos tinham baixado o pre\u00e7o. Est\u00e1vamos animados para ver se elev\u00e1vamos o crescimento de 3,7% para 4,7% e tudo indicava que est\u00e1vamos a caminhar nesse sentido. Depois da destrui\u00e7\u00e3o que sofreu a cidade da Beira, com \u00e1reas cultivadas que desapareceram, as habita\u00e7\u00f5es, etc, Mo\u00e7ambique retrocedeu e n\u00f3s tivemos que fazer a revis\u00e3o do crescimento para 2% e estamos a trabalhar nesse sentido\u0022. Nara Madeira, euronews : \u0022O esfor\u00e7o de reconstru\u00e7\u00e3o tem sido gigantesco. Em que ponto estamos? E n\u00e3o falo apenas de infraestruturas mas das vidas dos mo\u00e7ambicanos?\u0022 Filipe Nyiusi, Presidente de Mo\u00e7ambique: \u0022O processo de reconstru\u00e7\u00e3o come\u00e7ou primeiro com a avalia\u00e7\u00e3o, o que foi destru\u00eddo, o que tem de ser recuperado, como tem de ser recuperado. Esse processo est\u00e1 a decorrer. N\u00f3s fizemos uma confer\u00eacia de doadores, onde tivemos muita participa\u00e7\u00e3o de todo o mundo para compreender o que \u00e9 que h\u00e1 a fazer, e h\u00e1 muita solidariedade. 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O nosso Instituto Nacional de Gest\u00e3o de Calamidades completa este anos 20 anos, o que significa que acumulou uma experi\u00eancia ao longo dos anos. Estarmos preparados? Eu n\u00e3o diria que estamos na totalidade porque isso envolve meios, quando acontecem as cat\u00e1strofes, e esses meios t\u00eam uma certa forma de serem tratados. Por exemplo, n\u00f3s t\u00ednhamos colocado agora, na zona da Beira, prev\u00edamos ciclones, t\u00ednhamos colocado algumas embarca\u00e7\u00f5es, alguns meios a\u00e9reos que existem, embora sejam poucos os que existem, mas alguns, nesse processo, acabaram por ficar danificados\u0022. Nara Madeira, euronews : \u0022Como \u00e9 que est\u00e1 a ser feita a gest\u00e3o destes fundos internacionais? Porque se falou de desvios de fundos.\u0022 Filipe Nyiusi, Presidente de Mo\u00e7ambique : \u0022Tem de ter-se em considera\u00e7\u00e3o as tradi\u00e7\u00f5es quando, \u00e0s vezes, anunciamos as perdas e os desvios. Porque, para quem ficou uma semana sem comida, sem \u00e1gua, quando aparece um cami\u00e3o, um helic\u00f3ptero, a trazer \u00e1gua, bolachas, a tend\u00eancia \u00e9 querer ser o primeiro a chegar l\u00e1 e ir buscar. E essa tend\u00eancia - a corrida, carregar e fugir - n\u00e3o pode ser vista como roubo. As pessoas precisam da comida. \u00c9 verdade que houve alguns desvios de pessoas que eram respons\u00e1veis pela distribui\u00e7\u00e3o. Uns colocaram nas suas casas porque n\u00e3o tinham onde colocar, em armaz\u00e9ns, e depois pensou-se que se tratava de um desvio. Outros n\u00e3o fizeram chegar os bens. Mas esses casos foram responsabilizados. Respondendo diretamente \u00e0 pergunta, que \u00e9 justa, o que fizemos foi aumentar os processos de fiscaliza\u00e7\u00e3o, envolver a sociedade civil tamb\u00e9m na avalia\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m uma fiscaliza\u00e7\u00e3o independente\u0022. Paz como condi\u00e7\u00e3o para o investimento Nara Madeira, euronews: \u0022Este f\u00f3rum tem como objetivo aproximar os dois continentes. O que \u00e9 que a Uni\u00e3o Europeia pode fazer para ajudar a impulsionar a economia mo\u00e7ambicana?\u0022 Filipe Nyiusi, Presidente de Mo\u00e7ambique : \u0022A Uni\u00e3o Europeia tem estado a fazer muito. Por exemplo, no processo de paz, estamos a trabalhar muito com a Uni\u00e3o Europeia. Temos reunido muito quando eu venho \u00e0 Europa. Estou \u00e0 espera de uma visita de uma delega\u00e7\u00e3o da UE se tudo correr bem ainda este ano, ou no in\u00edcio do pr\u00f3ximo. Temos trabalhado no dossi\u00ea de paz. Essa a condi\u00e7\u00e3o principal para que possa haver todo o tipo de investimentos. O pa\u00eds tem de ser respeitado. As pessoas t\u00eam de acreditar que os seus investimentos t\u00eam continuidade. E temos trabalhado nisso. Mas tamb\u00e9m h\u00e1 muitos projetos de investimentos da Uni\u00e3o Europeia na \u00e1rea da \u00e1gua, estradas, hospitais, sa\u00fade, por exemplo. A Uni\u00e3o Europeia \u00e9 um dos grandes parceiros que Mo\u00e7ambique tem\u0022. A amea\u00e7a do extremismo isl\u00e2mico na regi\u00e3o do g\u00e1s Nara Madeira, euronews : \u0022A aposta no g\u00e1s natural \u00e9 \u00f3bvia e \u00e9 muito importante para a economia mo\u00e7ambicana. O senhor presidente falou que h\u00e1, de facto, alguma instabilidade e que isso n\u00e3o \u00e9 positivo. Como \u00e9 que se resolve esta situa\u00e7\u00e3o? E isso pode p\u00f4r em causa a explora\u00e7\u00e3o de g\u00e1s natural?\u0022 Filipe Nyiusi, Presidente de Mo\u00e7ambique : \u0022N\u00f3s n\u00e3o gostar\u00edamos que pusesse em causa, n\u00f3s como governo, n\u00f3s como mo\u00e7ambicanos. Mas tamb\u00e9m n\u00e3o gostar\u00edamos que os nossos parceiros ficassem em p\u00e2nico. 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Mas n\u00e3o s\u00f3 em termos de guerra, entre partidos, por exemplo, mesmo entre religi\u00f5es, apesar de n\u00e3o haver, nesse dom\u00ednio, nenhum conflito, nunca houve em Mo\u00e7ambique. O papa Francisco toda a gente sabe que est\u00e1 aberto ao di\u00e1logo com outras religi\u00f5es, respeita outras religi\u00f5es. Portanto, \u00e9 um momento em que vamos explorar esse conhecimento, esse sentimento, esses ensinamentos, mas tamb\u00e9m um momento de esperan\u00e7a. As tr\u00eas palavras, paz, reconcilia\u00e7\u00e3o e esperan\u00e7a, s\u00e3o as que nos v\u00e3o guiar. O papa vai reunir-se com jovens de todo o pa\u00eds, sem distin\u00e7\u00e3o de dialeto, vai reunir-se com membros do governo, outros \u00f3rg\u00e3os de soberania, corpo diplom\u00e1tico, e vai rezar por Mo\u00e7ambique. A expectativa \u00e9 grande\u0022. 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Extremismo islâmico em Moçambique: "Teremos que tomar medidas"

Extremismo islâmico em Moçambique: "Teremos que tomar medidas"
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De Nara Madeira
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"Teremos que tomar medidas, nem que seja extraordinárias, para ver se esse processo não ofusca o crescimento de Moçambique naquela região", disse o presidente de Moçambique, em entrevista à euronews, a propósito dos ataques atribuídos aos extremistas islâmicos no norte do país.

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Moçambique está num processo de "renascimento" económico e humanitário depois da agem dos ciclones Idai e Kenneth. Mas o país enfrenta outros desafios como o extremismo islâmico em Cabo Delgado, onde se está a explorar gás natural. A euronews falou com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, à margem do Fórum EurÁfrica, em Lisboa.

Nara Madeira, euronews: "2019 tem sido um ano de importantes desafios para Moçambique. A agem do ciclone Idai deixou um rasto de destruição inimaginável. Como é que se lida como uma situação como esta?"

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "Os ciclones que surgiram em Moçambique, a 14 e 15 de março e depois a 25 de abril, são ciclones que retardaram o processo. Nós já estávamos a animar o país, depois da crise financeira que assolou o mundo, e Moçambique idem, os nossos produtos tinham baixado o preço. Estávamos animados para ver se elevávamos o crescimento de 3,7% para 4,7% e tudo indicava que estávamos a caminhar nesse sentido. Depois da destruição que sofreu a cidade da Beira, com áreas cultivadas que desapareceram, as habitações, etc, Moçambique retrocedeu e nós tivemos que fazer a revisão do crescimento para 2% e estamos a trabalhar nesse sentido".

Nara Madeira, euronews: "O esforço de reconstrução tem sido gigantesco. Em que ponto estamos? E não falo apenas de infraestruturas mas das vidas dos moçambicanos?"

O presidente de Moçambique em entrevista à euronews

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "O processo de reconstrução começou primeiro com a avaliação, o que foi destruído, o que tem de ser recuperado, como tem de ser recuperado. Esse processo está a decorrer. Nós fizemos uma conferêcia de doadores, onde tivemos muita participação de todo o mundo para compreender o que é que há a fazer, e há muita solidariedade. Conseguimos um terço do valor previsto, o nosso valor previsto avaliado, ainda com a assistência internacional, é de 3,2 mil milhões de dólares americanos. Conseguimos 1,2 mil milhões o que significa que, gradualmente, o processo está andando. Já estamos no processo de desembolso dos valores que foram prometidos e nós também estamos a aumentar as iniciativas nacionais para repormos o tecido empresarial".

Nara Madeira, euronews: "O país está, hoje, melhor preparado para responder a uma catástrofe natural, em termo de organização e governança?"

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "Nós estamos numa situação propensa a este tipo de problemas, por isso nem sequer a dimensão se consegue avaliar na totalidade. Por exemplo, o Idai foi destruidor. O próprio Kenneth foi muito violento, foi silencioso, mas de uma forma violenta. O nosso Instituto Nacional de Gestão de Calamidades completa este anos 20 anos, o que significa que acumulou uma experiência ao longo dos anos. Estarmos preparados? Eu não diria que estamos na totalidade porque isso envolve meios, quando acontecem as catástrofes, e esses meios têm uma certa forma de serem tratados. Por exemplo, nós tínhamos colocado agora, na zona da Beira, prevíamos ciclones, tínhamos colocado algumas embarcações, alguns meios aéreos que existem, embora sejam poucos os que existem, mas alguns, nesse processo, acabaram por ficar danificados".

Para quem ficou uma semana sem comida, sem água, quando aparece um camião, um helicóptero, a trazer água, bolachas, a tendência é querer ser o primeiro a chegar lá e ir buscar. E essa tendência - a corrida, carregar e fugir - não pode ser vista como roubo.
Filipe Nyiusi
Presidente de Moçambique
Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique

Nara Madeira, euronews: "Como é que está a ser feita a gestão destes fundos internacionais? Porque se falou de desvios de fundos."

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "Tem de ter-se em consideração as tradições quando, às vezes, anunciamos as perdas e os desvios. Porque, para quem ficou uma semana sem comida, sem água, quando aparece um camião, um helicóptero, a trazer água, bolachas, a tendência é querer ser o primeiro a chegar lá e ir buscar. E essa tendência - a corrida, carregar e fugir - não pode ser vista como roubo. As pessoas precisam da comida. É verdade que houve alguns desvios de pessoas que eram responsáveis pela distribuição. Uns colocaram nas suas casas porque não tinham onde colocar, em armazéns, e depois pensou-se que se tratava de um desvio. Outros não fizeram chegar os bens. Mas esses casos foram responsabilizados. Respondendo diretamente à pergunta, que é justa, o que fizemos foi aumentar os processos de fiscalização, envolver a sociedade civil também na avaliação, mas também uma fiscalização independente".

Paz como condição para o investimento

Nara Madeira, euronews: "Este fórum tem como objetivo aproximar os dois continentes. O que é que a União Europeia pode fazer para ajudar a impulsionar a economia moçambicana?"

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "A União Europeia tem estado a fazer muito. Por exemplo, no processo de paz, estamos a trabalhar muito com a União Europeia. Temos reunido muito quando eu venho à Europa. Estou à espera de uma visita de uma delegação da UE se tudo correr bem ainda este ano, ou no início do próximo. Temos trabalhado no dossiê de paz. Essa a condição principal para que possa haver todo o tipo de investimentos. O país tem de ser respeitado. As pessoas têm de acreditar que os seus investimentos têm continuidade. E temos trabalhado nisso. Mas também há muitos projetos de investimentos da União Europeia na área da água, estradas, hospitais, saúde, por exemplo. A União Europeia é um dos grandes parceiros que Moçambique tem".

A União Europeia tem estado a fazer muito. Por exemplo, no processo de paz, estamos a trabalhar muito com a União Europeia.
Filipe Nyiusi
Presidente de Moçambique

A ameaça do extremismo islâmico na região do gás

Nara Madeira, euronews: "A aposta no gás natural é óbvia e é muito importante para a economia moçambicana. O senhor presidente falou que há, de facto, alguma instabilidade e que isso não é positivo. Como é que se resolve esta situação? E isso pode pôr em causa a exploração de gás natural?"

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "Nós não gostaríamos que pusesse em causa, nós como governo, nós como moçambicanos. Mas também não gostaríamos que os nossos parceiros ficassem em pânico. Há uma coisa que é boa, há muita colaboração entre nós e as multinacionais que estão a explorar gás nessa zona. Teremos que tomar medidas, nem que seja extraordinárias, para ver se esse processo não ofusca o crescimento de Moçambique naquela região".

A visita do Papa Francisco a Moçambique

Nara Madeira, euronews: "O Papa visita em setembro Moçambique. O que é que espera desta deslocação?

Filipe Nyiusi, Presidente de Moçambique: "É uma visita importante, sobretudo neste momento em que nos estamos a reconciliar, estamos a caminhar para a paz. É uma visita importante num país onde a justiça social tem de ser restabelecida de forma plena e efetiva. É uma visita com uma mensagem conjunta que é a de que se vai promover e incentivar a paz e também a reconciliação, entre os moçambicanos. Mas não só em termos de guerra, entre partidos, por exemplo, mesmo entre religiões, apesar de não haver, nesse domínio, nenhum conflito, nunca houve em Moçambique. O papa Francisco toda a gente sabe que está aberto ao diálogo com outras religiões, respeita outras religiões. Portanto, é um momento em que vamos explorar esse conhecimento, esse sentimento, esses ensinamentos, mas também um momento de esperança. As três palavras, paz, reconciliação e esperança, são as que nos vão guiar. O papa vai reunir-se com jovens de todo o país, sem distinção de dialeto, vai reunir-se com membros do governo, outros órgãos de soberania, corpo diplomático, e vai rezar por Moçambique. A expectativa é grande".

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