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Genocídio do Ruanda foi há 25 anos

Presidente da Comissão Europeia ajuda a acender a chama da memória
Presidente da Comissão Europeia ajuda a acender a chama da memória Direitos de autor REUTERS/Baz Ratner
Direitos de autor REUTERS/Baz Ratner
De Francisco Marques com Reuters
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Presidente Paul Kagame lidera tributo às vítimas em Kigali. Presidentes da Comissão Europeia e da União Africana associam-se ao acender da chama da memória

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Assinalam-se este domingo os 25 anos sobre o início do massacre de 800 mil pessoas no Ruanda.

O presidente Paul Kagame lidera as cerimónias de homenagem às vítimas no memorial do genocídio, em Kigali, onde depositou uma coroa de flores onde estão sepultadas 250 mil vítimas do massacre e acendeu a chama da memória.

Ao lado do líder do Ruanda, além da primeira-dama Jeannette Kagame, estiveram os presidentes da Comissão Europeia, Jean-claude Juncker, e da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

Durante a tarde, a comitiva oficial acompanha uma "marcha de memória" com cerca de duas mil pessoas entre o parlamento e o estádio nacional de futebol, onde serão acesas velas para uma vigília noturna.

A cerimónia no memorial marca uma semana de eventos no Ruanda para homenagear os membros da etnia tutsi e os hutus moderados chacinados durante os três meses do massacre, iniciado a 07 de abril de 1994, o dia seguinte ao assassinato do então presidente, Juvénal Habyarimana, cujo avião onde viajava foi abatido.

Até hoje não foram identificados os responsáveis do ataque ao avião do presidente, onde também seguia o líder do Burundi à altura, Cyprien Ntaryamira, eleito apenas dois meses antes.

O assassinato de Juvénal Habyarimana mobilizou os militares hutus e milícias extremistas aliadas para um genocídio orquestrado contra a minoria tutsi.

Muitos hutus moderados também acabaram assassinados durante os cerca de 100 dias que demorou a perseguição sangrenta que dizimou cerca de 70 por cento dos tutsi no Ruanda e cerca de 10 por cento da população do país.

O massacre, já condenado como crime contra a humanidade, só parou quando a Frente Patriótica do Ruanda, um movimento rebelde tutsi liderado por Paul Kagame, entrou no país pelo Uganda e assumiu o controlo do governo.

Oitocentas mil pessoas foram assassinadas, entre elas, estima a UNICEF, estariam pelo menos 300 mil crianças, a maioria espancadas até à morte.

Conviver com o massacre todos os dias

Aline Uwase celebrou 25 anos na ada sexta-feira. Tinha apenas dois dias quando tudo começou. Perdeu cerca de 60 familiares no genocídio.

Hoje em dia, Aline é guia no museu do memorial do genocídio em Kigali e tem de conviver diariamente com as memórias de horror daquele capítulo negro da história da humanidade.

"De uma maneira ou de outra, tivemos de nos reconciliar. Não porque tivéssemos de o fazer, mas porque queríamos paz. Não porque os que mataram a minha família e os que mataram outros mereçam perdão, mas porque eu mereço paz", afirma Aline Uwease, à Reuters.

Esta guia que viveu de perto o genocídio sem no entanto guardar memórias suas do sucedido pretende que os visitantes vejam o memorial como um local de respeito e aprendizagem, não de rancor e recriminação.

Aline Uwase alega que o Ruanda, hoje em dia, está focado no futuro e, ao contrário de alguns países vizinhos estagnados pela corrupção, destaca-se pela facilidade de fazer negócios e pelo investimento em crescimento.

Oposição denuncia ditadura

A orientação política atual no país desencoraja debates sobre etnicidade, mas a oposição alega que o controlo apertado do governo sobre os meios de comunicação e a esfera política é também usado para reprimir dissidentes.

"O governo decidiu adotar uma ditadura desde os primeiros dias após o genocídio dizendo estar com isso a proteger a soberania nacional, mas agora penso que isso deve terminar, afirmou Victoire Ingabire, numa entrevista telefónica da Reuters.

A presidente do partido Forças Democráticas Unidas do Ruanda (FDU-INKIGI), uma coligação de grupos da oposição, considera que "o governo deve permitir aos políticos da oposição trabalhar livremente porque negar-lhes esses direitos vai criar problemas.

"25 anos é suficiente. O governo tem de deixar as pessoas expressarem-se livremente", reclama Victorie Ingabire.

Paul Kagame venceu as eleições de 2017 com quase 99 por cento dos votos, num sufrágio com cerca de 96 por cento de participação. O presidente do Ruanda rejeita as críticas da oposição e sublinha o forte crescimento económico do país e o clima de relativa paz alcançada depois do genocídio de 1994.

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