{ "@context": "https://schema.org/", "@graph": [ { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": { "@type": "Webpage", "url": "/2017/11/23/a-sobrevivencia-nos-campos-de-refugiados-rohingya-do-bangladesh" }, "headline": "A sobreviv\u00eancia nos campos de refugiados rohingya do Bangladesh", "description": "A Euronews visitou a regi\u00e3o, onde milhares de mu\u00e7ulmanos do Myanmar escaparam ao que dizem ser as atrocidades do ex\u00e9rcito birman\u00eas.", "articleBody": "A Euronews foi testemunha o que parece ser um \u00eaxodo sem fim. Os Rohingya, minoria mu\u00e7ulmana do Myanmar, antiga Birm\u00e2nia, procuram ref\u00fagio nos campos do Bangladesh. Desde o in\u00edcio da repress\u00e3o levada a cabo pelo ex\u00e9rcito birman\u00eas, no final de agosto, milhares de pessoas atravessaram a fronteira. S\u00f3 no ponto de agem de Anjuman Para, na regi\u00e3o de Cox Bazar, foram registados quatro grandes fluxos em tr\u00eas meses. Calcula-se que, s\u00f3 no m\u00eas de outubro, mais de 35 mil pessoas tenham atravessado a fronteira. Face a uma situa\u00e7\u00e3o de crise grave, as organiza\u00e7\u00f5es n\u00e3o governamentais no terreno decidiram agir. Chegaram m\u00e9dicos e foram enviados mantimentos e \u00e1gua. Criou-se uma rede de os com equipas prontas para assistir os refugiados que v\u00e3o chegando. Kutupalong, 450 mil pessoas numa cidade de lama e bamb\u00fa Ainda assim, a situa\u00e7\u00e3o \u00e9 dif\u00edcil de controlar. Alguns dos campos de refugiados s\u00e3o formados sem qualquer planifica\u00e7\u00e3o. Em Kutupalong est\u00e3o agora mais de 450 mil pessoas. Uma cidade de lama e bambu sem as estruturas para os milhares de refugiados que acolhe. Rashida tem 25 anos e encontra-se entre milhares de Rohingya que dizem ter sido v\u00edtimas das viol\u00eancia cometidas pelo ex\u00e9rcito birman\u00eas. Contou \u00e0 Euronews que os soldados birmaneses queimaram a casa da fam\u00edlia com os pais dela l\u00e1 dentro. \u201cForam queimados vivos\u201d, disse. \u201cOs militares roubaram tudo o que puderam\u201d. Perto de Rashida estava Sayed, que diz ter abandonado a localidade onde vivida, no estado birman\u00eas de Rakhine, porque os soldados imepdiam a livre circula\u00e7\u00e3o das pessoas. \u201cDepois, queriam autoriza\u00e7\u00f5es especiais para podermos trabalhar. E sempre que vinham a minha casa, os soldados roubavam coisas.\u201d Em entrevista \u00e0 Euronews, Christos Stylianides, Comiss\u00e1rio Europeu para a Ajuda Humanit\u00e1ria e Gest\u00e3o de Crises, fala numa situa\u00e7\u00e3o de extrema urg\u00eancia. \u201cTemos de convencer o Governo birman\u00eas de que esta \u00e9 uma quest\u00e3o de Direitos Humanos. N\u00e3o \u00e9 um problema de religi\u00e3o. Falamos de Direitos Humanos, os direitos fundamentais de qualquer pessoa, de qualquer Ser Humano\u201d, disse Stylianides. \u201cConcordo com o Secret\u00e1rio-Geral Ant\u00f3nio Guterres quando diz que enfrentamos um caso de limpeza \u00e9tnica\u201d. Fam\u00edlias assassinadas pelo ex\u00e9rcito birman\u00eas Casos como o de Rafika parecem ilustrar a situa\u00e7\u00e3o defendida pelas Na\u00e7\u00f5es Unidas e pela Comiss\u00e3o Europeia: A jovem chegou a Kutupalong h\u00e1 dois meses. Os pais foram mortos em Myanmar quando tentavam escapar da aldeia. S\u00f3 Rafika e a av\u00f3 sobreviveram, fugindo depois para o Bangladesh. A Euronews falou com a jovem refugiada nas instala\u00e7\u00f5es da organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o governamental A\u00e7\u00e3o Contra a Fome, onde contou que chegou ao campo \u201ccom muita fome\u201d. https://t.co/fzhrppyLLt\u2014 Monica Pinna (@_MonicaPinna) 3 novembre 2017 \u201cDepois de comer, senti-me muito melhor. N\u00e3o comi durante sete dias, o tempo de viagem at\u00e9 ao Bangladesh.\u201d A Organiza\u00e7\u00e3o N\u00e3o Governamental A\u00e7\u00e3o Contra a Fome serve cerca de 800 refei\u00e7\u00f5es por dia no campo de refugiados de Kutupalong. Quando chegaram, em agosto, tinham menos recursos, pelo que ajudavam apenas mulheres gravidas e em amamenta\u00e7\u00e3o. H\u00e1 15 cozinheiros que preparam as refei\u00e7\u00f5es todos os dias. Contam com a ajuda de volunt\u00e1rios Ronhingya. Falta de \u00e1gua pot\u00e1vel e crian\u00e7as subnutridas Os campos recebem at\u00e9 70 mil litros de \u00e1gua por dia. O refugiados Rohingya n\u00e3o t\u00eam o a \u00e1gua pot\u00e1vel. Em muitos casos, encontrar um balde para transportar \u00e1gua \u00e9 uma dificuldade. A UNICEF diz que mais de 20% das crian\u00e7as com menos de cinco anos em campos como este sofre de subnutri\u00e7\u00e3o. Uma situa\u00e7\u00e3o que se agravou, apesar de toda a ajuda humanit\u00e1ria. O o ao estado birman\u00eas de Rakhine, onde vive a maioria do povo Rohingya, \u00e9 muito dif\u00edcil, mesmo para as organiza\u00e7\u00f5es nao governamentais. O Comiss\u00e1rio Christos Stylianides esteve na regi\u00e3o. \u201cFoi uma experi\u00eancia absolutamente dolorosa. Vimos como as coisas se avam e cheg\u00e1mos \u00e0 conclus\u00e3o de que algo estava muito errado. As pessoas n\u00e3o comunicam. E \u00e9 esse o grande obst\u00e1culo ao fim do conflito no terreno\u201d, explicou o Comiss\u00e1rio Europeu para a Ajuda Humanit\u00e1ria e Gest\u00e3o de Crises \u00e0 Euronews. Deten\u00e7\u00f5es, tortura e desaparecimentos As Na\u00e7\u00f5es Unidas dizem que h\u00e1 ind\u00edcios de execu\u00e7\u00f5es sum\u00e1rias, desaparecimentos, deten\u00e7\u00f5es arbitr\u00e1rias e de tortura. Ind\u00edcios confirmados pelas milhares hist\u00f3rias dos refugiados Rohingya. All the groups consulted spoke of fear for their physical safety and security on of being stateless #IBelong https://t.co/qXCEWEUOCS pic.twitter.com/jLwO2tqJRD\u2014 UN Refugee Agency (@Refugees) 20 novembre 2017 O fim do \u00eaxodo dos Rohingya s\u00f3 pode ser al\u00e7ancado quando o Bangladesh e Myanmar chegarem a um acordo para a repatria\u00e7\u00e3o dos refugiados. Um acordo que a Uni\u00e3o Europeia defende, embora consciente das dificuldades. Uma posi\u00e7\u00e3o defendida tamb\u00e9m pelas Na\u00e7\u00f5es Unidas, ainda que a organiza\u00e7\u00e3o receie que refugiados como Rafika possam ser enviados para campos de deten\u00e7\u00e3o em Myanmar. Com Ant\u00f3nio Oliveira e Silva, Nara Madeira e Michel Santos", "dateCreated": "2017-11-23T17:49:43+01:00", "dateModified": "2017-11-23T17:49:43+01:00", "datePublished": "2017-11-23T17:49:43+01:00", "image": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F405527%2F1440x810_405527.jpg", "width": "1440px", "height": "810px", "caption": "A Euronews visitou a regi\u00e3o, onde milhares de mu\u00e7ulmanos do Myanmar escaparam ao que dizem ser as atrocidades do ex\u00e9rcito birman\u00eas.", "thumbnail": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Farticles%2F405527%2F432x243_405527.jpg", "publisher": { "@type": "Organization", "name": "euronews", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png" } }, "author": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ], "url": "/" }, "publisher": { "@type": "Organization", "name": "Euronews", "legalName": "Euronews", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fstatic.euronews.com%2Fwebsite%2Fimages%2Feuronews-logo-main-blue-403x60.png", "width": "403px", "height": "60px" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] }, "articleSection": [ "Mundo" ], "isAccessibleForFree": "False", "hasPart": { "@type": "WebPageElement", "isAccessibleForFree": "False", "cssSelector": ".poool-content" } }, { "@type": "WebSite", "name": "Euronews.com", "url": "/", "potentialAction": { "@type": "SearchAction", "target": "/search?query={search_term_string}", "query-input": "required name=search_term_string" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/pt.euronews", "https://twitter.com/euronewspt", "https://flipboard.com/@euronewspt", "https://www.linkedin.com/company/euronews" ] } ] }
PUBLICIDADE

A sobrevivência nos campos de refugiados rohingya do Bangladesh

A sobrevivência nos campos de refugiados rohingya do Bangladesh
Direitos de autor 
De Euronews
Publicado a
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A Euronews visitou a região, onde milhares de muçulmanos do Myanmar escaparam ao que dizem ser as atrocidades do exército birmanês.

PUBLICIDADE

A Euronews foi testemunha o que parece ser um êxodo sem fim. Os Rohingya, minoria muçulmana do Myanmar, antiga Birmânia, procuram refúgio nos campos do Bangladesh.

Desde o início da repressão levada a cabo pelo exército birmanês, no final de agosto, milhares de pessoas atravessaram a fronteira. Só no ponto de agem de Anjuman Para, na região de Cox Bazar, foram registados quatro grandes fluxos em três meses. Calcula-se que, só no mês de outubro, mais de 35 mil pessoas tenham atravessado a fronteira.

Aid Zone Bangladesh
Face a uma situação de crise grave, as organizações não governamentais no terreno decidiram agir. Chegaram médicos e foram enviados mantimentos e água. Criou-se uma rede de os com equipas prontas para assistir os refugiados que vão chegando.

Kutupalong, 450 mil pessoas numa cidade de lama e bambú
Ainda assim, a situação é difícil de controlar. Alguns dos campos de refugiados são formados sem qualquer planificação. Em Kutupalong estão agora mais de 450 mil pessoas. Uma cidade de lama e bambu sem as estruturas para os milhares de refugiados que acolhe.

Rashida tem 25 anos e encontra-se entre milhares de Rohingya que dizem ter sido vítimas das violência cometidas pelo exército birmanês. Contou à Euronews que os soldados birmaneses queimaram a casa da família com os pais dela lá dentro. “Foram queimados vivos”, disse. “Os militares roubaram tudo o que puderam”.

Perto de Rashida estava Sayed, que diz ter abandonado a localidade onde vivida, no estado birmanês de Rakhine, porque os soldados imepdiam a livre circulação das pessoas. “Depois, queriam autorizações especiais para podermos trabalhar. E sempre que vinham a minha casa, os soldados roubavam coisas.”

Em entrevista à Euronews, Christos Stylianides, Comissário Europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, fala numa situação de extrema urgência.

“Temos de convencer o Governo birmanês de que esta é uma questão de Direitos Humanos. Não é um problema de religião. Falamos de Direitos Humanos, os direitos fundamentais de qualquer pessoa, de qualquer Ser Humano”, disse Stylianides.

“Concordo com o Secretário-Geral António Guterres quando diz que enfrentamos um caso de limpeza étnica”.

Famílias assassinadas pelo exército birmanês
Casos como o de Rafika parecem ilustrar a situação defendida pelas Nações Unidas e pela Comissão Europeia: A jovem chegou a Kutupalong há dois meses. Os pais foram mortos em Myanmar quando tentavam escapar da aldeia. Só Rafika e a avó sobreviveram, fugindo depois para o Bangladesh.

A Euronews falou com a jovem refugiada nas instalações da organização não governamental Ação Contra a Fome, onde contou que chegou ao campo “com muita fome”.

https://t.co/fzhrppyLLt

— Monica Pinna (@_MonicaPinna) 3 novembre 2017

“Depois de comer, senti-me muito melhor. Não comi durante sete dias, o tempo de viagem até ao Bangladesh.”

A Organização Não Governamental Ação Contra a Fome serve cerca de 800 refeições por dia no campo de refugiados de Kutupalong. Quando chegaram, em agosto, tinham menos recursos, pelo que ajudavam apenas mulheres gravidas e em amamentação. Há 15 cozinheiros que preparam as refeições todos os dias. Contam com a ajuda de voluntários Ronhingya.

Falta de água potável e crianças subnutridas
Os campos recebem até 70 mil litros de água por dia. O refugiados Rohingya não têm o a água potável. Em muitos casos, encontrar um balde para transportar água é uma dificuldade.

A UNICEF diz que mais de 20% das crianças com menos de cinco anos em campos como este sofre de subnutrição. Uma situação que se agravou, apesar de toda a ajuda humanitária.

O o ao estado birmanês de Rakhine, onde vive a maioria do povo Rohingya, é muito difícil, mesmo para as organizações nao governamentais. O Comissário Christos Stylianides esteve na região.

“Foi uma experiência absolutamente dolorosa. Vimos como as coisas se avam e chegámos à conclusão de que algo estava muito errado. As pessoas não comunicam. E é esse o grande obstáculo ao fim do conflito no terreno”, explicou o Comissário Europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises à Euronews.

Detenções, tortura e desaparecimentos
As Nações Unidas dizem que há indícios de execuções sumárias, desaparecimentos, detenções arbitrárias e de tortura. Indícios confirmados pelas milhares histórias dos refugiados Rohingya.

All the groups consulted spoke of fear for their physical safety and security on of being stateless #IBelonghttps://t.co/qXCEWEUOCSpic.twitter.com/jLwO2tqJRD

— UN Refugee Agency (@Refugees) 20 novembre 2017

O fim do êxodo dos Rohingya só pode ser alçancado quando o Bangladesh e Myanmar chegarem a um acordo para a repatriação dos refugiados. Um acordo que a União Europeia defende, embora consciente das dificuldades. Uma posição defendida também pelas Nações Unidas, ainda que a organização receie que refugiados como Rafika possam ser enviados para campos de detenção em Myanmar.

Com António Oliveira e Silva, Nara Madeira e Michel Santos

Ir para os atalhos de ibilidade
Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Bangladesh celebra o Eid com procissões e orações

Muçulmanos reúnem-se no Bangladesh para o Bishwa Ijtema

Novo líder interino do Bangladesh apela à calma. Muhammad Yunus toma posse esta quinta-feira